quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

LIÇÃO 04 - NÃO FARÁS IMAGENS DE ESCULTURAS



Êx 20.4-6; Dt 4.15-19




INTRODUÇÃO
O Segundo Mandamento do Decálogo é muito parecido com o primeiro. Nele Deus proíbe fazer imagem de escultura de alguma figura no céu, na terra e debaixo da terra (Êx 20.4). Nesta lição, veremos que neste mandamento Deus proíbe também que se faça imagem dele mesmo, pois fazer uma escultura sua, seria limitá-lo. Nada na terra pode ser comparado com Deus, pois Ele é transcendente, ou seja, está acima da criação. A razão para esta ordenança baseia-se no zelo de Deus que exige exclusividade de seus adoradores (Êx 20.5). Ele é Espírito e, portanto, deve ser adorado em espírito e em verdade (Jo 4.24).


I – O SEGUNDO MANDAMENTO
“Não farás para ti imagem de escultura [...]” (Êx 20.4-6). Este segundo mandamento do Decálogo é tão parecido com o primeiro que parece constituir uma extensão dele, levando algumas pessoas a considerarem-no parte do primeiro. “Na tradição protestante, esse versículo é considerado um prólogo ao Decálogo. Ainda no judaísmo, as orientações acerca de “Não terás outros deuses” (v. 3) e “Não farás para ti imagem de escultura” (vv. 4-6) são consideradas um único mandamento e, juntas, constituem o segundo mandamento” (HAMILTON, 2007, p. 218 – acréscimo nosso). Não obstante a forma de divisão, temos aqui uma descrição da natureza de Deus e do modo como ele deve ser adorado. Mais uma vez, há um rompimento claro com os deuses e o estilo de culto no Egito. O presente mandamento além de proibir veementemente a criação e o uso de imagens esculpidas como objeto de adoração, de maneira mais essencial, é um lembrete de que Deus é Espírito, que não deve ser concebido à imagem do homem ou de qualquer outra criatura. Este importante mandamento, trás consigo três importantes verdades que merecem ser destacadas:

1.1 Deus não admite ser representado por nenhuma imagem (Êx 20.4-a). “Todas as vezes em que os patriarcas ou Moisés falaram “face a face” com Deus, nem por uma vez deram qualquer pista daquilo que viram ou de sua aparência. Ter acesso a uma imagem de Deus sugere, de certa forma, que ele pode ser controlado e manipulado. Talvez a melhor definição de idolatria pertença a Agostinho: “Idolatria é adorar algo que deve ser usado, ou usar algo que deve ser adorado” (HAMILTON, 2007, pp. 220,221 – acréscimo nosso). O fato de Deus se apresentar ao povo na coluna de nuvem e de fogo demonstra claramente a intenção de não aparecer em nenhuma forma que pudesse ser reproduzida (Êx 13.21). Moisés deixa bem claro isso quando disse: “Então o SENHOR vos falou do meio do fogo; a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes figura alguma” (Dt 4.12). A adoração segundo a Bíblia requer que seja espiritual, adequado à natureza de Deus, sem qualquer imaginação carnal, ou representações externas da glória Dele (Jo 4.23,24; Fp 3.3). As partes do culto divino são: oração, louvor, pregação da Palavra e administração das ordenanças. Isso deve ser observado tal como foram entregues, ou seja, sem qualquer adição, corrupção e alteração deles (Dt 4.2; 1 Co 11.2).

1.2 Deus não é a criação, Ele é o Criador (Êx 20.4-b). O registro do livro do Êxodo capítulo 32 nos mostra que com menos de quarenta dias depois de haver prometido solenemente que guardariam a Lei, os israelitas quebraram a aliança com o Senhor. Enquanto Moisés estava no monte, o povo israelita cansou-se de esperar seu líder e pediu a Aarão que lhe fizesse uma representação visível da divindade. Nesta ocasião “manifestou-se a tendência idólatra do coração humano, que não se contenta com um Deus invisível; quer ter sempre um deus a quem se possa ver e apalpar. Israel queria servir a Deus por meio de uma imagem e a fez provavelmente na forma do deus egípcio, o boi Apis. Não se sabe se Israel queria prestar culto ao deus egípcio ou meramente representar o Senhor em forma de um bezerro. Todavia, em Êxodo 32.4,5, vemos uma clara indicação que a segunda afirmativa é a mais coerente (HOFF, 1995, p. 63 – acréscimo nosso). A Bíblia nos mostra que: (1) Deus é incriado (Gn 1.1; Is 43.13); (2) com nada pode ser comparado (Is 40.18-23); e (3) Ele é transcendente, ou seja, está acima da criação (At 17.24-29).

1.3 Deus exige exclusividade (Êx 20.5). O motivo que deve nos levar a obedecer a esta ordem são tomadas a partir de Deus que, sendo zeloso, não dá sua glória a nenhum outro, nem o seu louvor às imagens de escultura (Dt 4.23,24; 32.21; Is 42.8). A expressão zeloso na relação do homem com Deus, é visto mais positivamente como o ato da promoção de Deus e Sua glória contra substitutos. Logo, “o Senhor é um “Deus zeloso”, não no sentido de que tenha inveja de outros deuses, pois sabe que todos os outros “deuses” são fruto da imaginação e não existem de fato. A palavra “zeloso” expressa seu amor por seu povo, pois deseja o que é melhor para eles. Assim como os pais são zelosos com os filhos e os cônjuges com seus companheiros, Deus também é zeloso com aqueles a quem ama e não tolera qualquer concorrência (Zc 1.14; 8.2). Nas Escrituras, a idolatria equivale a prostituição e ao adultério (Os 1-3; Jr 2-3; Ez 16; 23; Tg 4.4,5). Deus deseja e merece o amor exclusivo de seu povo (Êx 34.14; Dt 4.24; 5.9; 6.15)” (WIERSBE, 2008, p. 324). Sua punição é severa contra os que fazem tais coisas, castigando até mesmo a posteridade deles que trilhará os seus passos; mas o amor e a misericórdia será para com aqueles que observam seus preceitos (Is 42.8; Dt 32.21, 1 Re 19.18).


II – FILOSOFIAS ERRÔNEAS ACERCA DE DEUS
Após o pecado o homem destituído da glória de Deus (Rm 3.23), passou a ter uma noção errada da divindade. Há vários sistemas de crenças em Deus que divergem dos ensinos bíblicos e inúmeras tentativas de explicar o relacionamento dEle com Universo e o homem. Essas teorias equivocadas levam o homem a se distanciar do Criador. Abaixo destacaremos algumas destas perspectivas, o que creem e a refutação bíblica a elas:

FILOSOFIAS
EM QUE CRÊEM
O QUE A BÍBLIA DIZ





Panteísmo


Teoria filosófica segundo a qual Deus é tudo e tudo é Deus. Segundo o panteísmo, a natureza é o próprio Deus. Nesse sistema, não se faz distinção entre o Criador e criatura.


Não obstante Deus se revelar na ordem da natureza, não deve ser identificado com o Universo criado (Rm 1.19,20). A terra e o Universo não são Deus, nem deuses (Gn 1.14; Dt 4.19; Jr 19.13). Se o fossem, sua destruição implicaria na destruição de Deus (II Pe 3.7). Por outro lado, Deus está envolvido nos acontecimentos do Universo que Ele criou, e no qual se revela de muitas maneiras (Jó 38.39-41; Mt 6.26).





Deísmo

Doutrina que, apesar de admitir a existência do Supremo Ser, ensina não estar Ele interessado no curso que a história toma, ou venha a tomar. De acordo com o deísmo, Deus limitou-se tão somente a criar-nos, abandonando-nos a seguir à própria sorte.


A teologia natural e a teologia revelada, admite a existência de um Deus pessoal, Criador e Preservador de quanto existe, e que, em sua inquestionável sabedoria, intervém nos negócios humanos (Gn 1.1; Mt 6.26; 11.17; 21.1).




Triteísmo

Doutrina herética segundo a qual há em Deus não somente três Pessoas, mas também três essências, três substância e três deuses.

Ao contrário do Triteísmo e Unicismo, a Trindade é uma doutrina bíblica segundo a qual a divindade, embora una em sua essência, subsiste nas Pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Gn 1.26; 3.22; 11.7; Mt 28.19; II Co 13.13). As Três Pessoas são iguais na substância e nos atributos absolutos, metafísicos e morais (Sl 45.6-7; Jo 1.1; 5.18; 10.30; At 5.3-4; 1Co 6.19).


Unicismo


Doutrina que, embasada no monoteísmo radical, rejeita a realidade bíblica da Santíssima
Trindade.






Henoteísmo

Este termo (do adjetivo numeral grego hen, “um”, e de theos) foi empregado por Max
Muller, historiador das religiões alemão, a fim de indicar o sistema de adoração a um só Deus, admitindo, todavia, a existência de outros deuses. É, pois, um sistema que se situa, paradoxalmente, entre o monoteísmo e o politeísmo.

A Bíblia admite a crença na existência de um único Deus, Criador dos céus e da terra e do ser humano (Gn 1.1). O monoteísmo contrapõe-se ao politeísmo que defende a existência de muitos deuses (Dt 6.4; Is 44.8; Jo 17.3; Rm 16.27; Jd 1.4,25).



III – DEUS É ESPÍRITO
“Os samaritanos eram considerados sectários pelos judeus do primeiro século, e inimigos a serem evitados. Forçados a abandonar a idolatria, os samaritanos elaboraram uma interpretação própria do Pentateuco, consagrando o monte Gerizim como o seu local de adoração. Além disso, rejeitavam o restante do Antigo Testamento. Jesus, na sua conversa com a mulher samaritana, desfez esse grave erro: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.24). De acordo com essa declaração, a adoração não está limitada a nenhum local específico, posto que tal, fato refletiria um conceito falso da natureza divina. A adoração teria de estar em conformidade com a natureza espiritual de Deus. Deus, como espírito, é imortal, invisível e eterno, digno de nossa honra e glória para sempre (I Tm 1.17). Como espírito, Ele habita na luz, da qual os seres humanos são incapazes de aproximar-se (I Tm 6.16). Sua natureza espiritual é-nos de difícil entendimento, pois ainda não o temos visto conforme Ele é. E, à parte da fé, somos incapazes de compreender o que não experimentamos. Nossa percepção sensorial não nos oferece nenhuma ajuda para discernirmos a natureza espiritual de Deus. Ele não está preso à matéria” (HORTON, 2006, p. 68).


CONCLUSÃO
Confessar ou crer que existe um Deus não é suficiente. É preciso crer e adorar de forma correta. A proibição no segundo mandamento de não fazer imagem de escultura não só reprova a idolatria e o politeísmo, como também outras formas de crença em Deus que não se coadunam com o que a sua Palavra, nossa única regra de fé e prática ensina. 



REFERÊNCIAS
• CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
• HAMILTON, Victor P. Manual do Pentateuco. CPAD.
• HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
• HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. CPAD
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Geográfica.


Por Rede Brasil de Comunicação


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