sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

LIÇÃO 05 - NÃO TOMARÁS O NOME DO SENHOR DEUS EM VÃO




Êx 20.7; Mt 5.33-37; 23.16-19





INTRODUÇÃO
Veremos nesta quinta lição, que a finalidade do terceiro mandamento é afirmar a santidade de Deus. Não podemos profaná-lo e nem tratá-lo irreverentemente. Não se deve pensar em Deus ou em seus mistérios sem a devida sobriedade e reverência. Estudaremos que na Bíblia, o nome está intimamente ligado à pessoa, indicando o seu próprio caráter, ou ainda denotando a posição e função de quem traz o nome (Êx 23.21). O terceiro mandamento nos diz que quando lembramos do nome de Deus, devemos preparar-nos para render-lhe culto porque as verdades que sabemos sobre alguém são despertadas quando pronunciamos o seu nome.


I - NÃO TOMARÁS O NOME DO TEU DEUS EM VÃO
Este mandamento nos diz que é errado usar o nome de Deus em coisas vã. A palavra vão, significa: “algo insignificante, vazio, oco, inútil, sem valor; ilusório, sem fundamento real, fútil, frívolo, falso, ignorante, ineficaz” (FERREIRA, 2004, p. 2035). O nome de Deus só era pronunciado uma vez por ano, pelo sumo-sacerdote, ao abençoar o povo no grande Dia da Expiação (Lv 23.27), e isso com extrema reverência e adoração. Os escribas por exemplo; quando tinha que escrever o Nome de Deus em uma obra, eles paravam, lavavam-se, mudavam de veste e caneta, e somente assim escrevia. Logo em seguida, eles depositavam a caneta usada em um lugar onde nunca mais poderia ser usado por ninguém para escrever outra palavra. Ainda hoje muitos judeus ortodoxos para não usar o nome de Deus em vão, nem sequer dizem o nome Jeová ou Javé. Ao invés disso, eles usam a palavra Deus, ou Adonai.

1.1 “Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão [...]” (Êx 20.7). No judaísmo mais recente, esta proibição envolvia qualquer uso impensado e irreverente do nome YHWH (pronuncia-se YHAVÉ). Em sua forma original, o terceiro mandamento refe-se a jurar falsamente pelo nome do SENHOR (Lv 19.12). Este parece ser o verdadeiro sentido do texto hebraico. A lei permitia abençoar e amaldiçoar em nome de YHWH (Dt 11.26), isso equivalia a proclamar Sua vontade e Seu propósito para com várias classes de indivíduos. Jurar pelo Seu nome era, então, permitido, embora fosse proibido por Cristo, séculos mais tarde (Mt 5.34). Na verdade, jurar pelo Seu nome (e não pelo de qualquer outro deus) era um sinal de que tal pessoa era um adorador de Jeová (Jr 4.2), e por isso era algo digno de louvor (COLE, 1981, p.151).

1.2 Toda lei carrega uma penalidade para aquele que a desobedece. Este mandamento traz consigo um aviso específico. Sem dúvida isto é mencionado devido a tendência insolente do homem pensar a respeito deste pecado. Observemos que o mandamento traz dentro de si uma severa advertência de Deus a respeito da desonra ao Seu nome: “… o SENHOR não terá por inocente...” (Êx 20.7). Essa fala demonstra que Deus não aceita a falta de reverência diante de Seu nome.


II - O TERCEIRO MANDAMENTO E A BANALIZAÇÃO DO NOME DE DEUS
Os nomes de Deus não são apenas uma indicação pessoal, mas são inerentes à sua natureza e revelam suas obras e seus atributos... Quando a Bíblia faz menção do "nome de Deus", está revelando o poder, a grandeza e a glória do Deus Todo-poderoso; além de mostrar seus atributos, o nome representa o próprio Deus (SOARES, 2014, p. 50). No AT o castigo para o mau uso do nome de Deus era o apedrejamento (Lv 24.16). Uma punição severa: “... porque o Senhor não terá por inocente...” (Êx 20.7-c). Está implícito, especificamente, que o próprio Deus será o vingador daqueles que tomam o seu nome em vão. Percebemos que essa proibição estava ligada ao juramento falso, que era usar o nome de Deus para atestar uma declaração mentirosa (Lv 19.12). Esse mandamento não exclui a recorrência ao nome do Senhor em juramentos verdadeiros e solenes (2Sm 2.27; Jr 4.2; Nm 30.3; Js 7.17; Jo 9.24; 2Co 1.23). Este mandamento apresenta um aviso necessário para não se mencionar o nome de Deus em vão, e ainda é tão necessário como na época em que foi instituído. Tomamos o nome de Deus em vão quando:      
  •  Por hipocrisia. É Quando se faz uma profissão do nome de Deus, mas não vive à altura de tal profissão. Aqueles que mencionam o nome de Cristo, mas não se afastam da iniqüidade, como este nome os obriga a fazer, o mencionam em vão. A sua adoração é vã (Mt 15.7-9), as suas oblações são vãs (Is 1.11,13) e a sua religião é vã, (Tg 1.26).
  • Pelo rompimento do concerto. É quando se faz promessas a Deus, e não cumprirmos os juramentos ao Senhor, estamos tomando o seu nome em vão (Mt 5.33). Isto seria uma falta de sabedoria de nossa parte, e Deus não se alegra de tolos (Ec 5.4), nem se deixa escarnecer, (Gl 6.7).
  • Por juramentos precipitados. É quando se menciona o nome de Deus, ou qualquer dos seus atributos, na forma de juramento, sem nenhuma ocasião apropriada para isto, nem a devida concentração da mente para isto, mas como simples palavras, sem nenhum objetivo nem boa intenção
  • Por falsos juramentos. Pensam alguns teólogos que este é o objetivo principal do texto deste mandamento. Uma parte do respeito religioso que os judeus eram ensinados a prestar ao seu Deus era jurar pelo seu nome (Dt 10.20). Mas eles o ofenderiam, em vez de honrá-lo, se o chamassem para ser testemunha de uma mentira. 


III – O TERCEIRO MANDAMENTO E A CULTURA
"Na cultura brasileira, as expressões ‘meu Deus’, ‘Deus me livre’, ‘se Deus quiser’, ‘Deus é testemunha’, ‘juro por Deus’ tornam-se tão frequentes, e até populares, que todos acabaram se acostumando. O problema não está no uso dessas palavras, mas na atitude do coração. Quando bem pensadas, tais expressões constituem uma oração, manifestam nossa confiança no Senhor e testificam a sinceridade da nossa fé. Por outro lado, não resta dúvida de que o uso impensado dessas frases não ajuda em nada; pelo contrário revela leviandade para com as coisas sagradas, e é isto o que está em pauta no terceiro mandamento" (REIFLER, 2010, p. 20). O terceiro Mandamento requer o uso santo e reverente do nome de Deus, de seus títulos, perfeições e atributos, quer por palavras ou obras e até mesmo em conversa comum e, especialmente, no culto religioso. Também exige que se deva andar segundo a santidade do Seu nome e invocá-lo sempre com ações de graça (Sl 111.9; Sl 89.7; Mq 4.5;. Rm 10.12;. Sl 103.1). Este mandamento proíbe também tomar o nome de Deus em vão utilizando de uma forma leviana em juramentos profanos e maldições (Rm 3.13; Tg 3.9 - 10). Da mesma forma o perjúrio, ou seja, o jurar falsamente pelo Seu nome, pois, embora um juramento possa sempre ser tomado legalmente com o nome de Deus, nunca se deve tomá-lo falsamente (Dt 6.13; Hb 6.16; Zc 8.17). Assim também blasfemar contra o nome de Deus é uma violação deste preceito, (Lv 24.14; Sl 74.10).


IV - O NOME DE DEUS E O NOME DE JESUS
Em várias ocasiões, Jesus refina os temas do AT e estende suas aplicações. Ao tratar dos juramentos no sermão do monte, ele nos aconselha a não jurar. Devemos ser pessoas de tal integridade que um “sim” ou um “não” basta para indicar nosso compromisso ou nossa recusa (Mt 5:33-37). Uma razão mais profunda para tal proibição pode ser vista no fato de que Deus era a única realidade viva para a mentalidade israelita. É por isso que Seu nome era sempre envolvido nos votos e juramentos, normalmente na fórmula “ tão certo como vive o Senhor” (2 Sm 2.27). Usar tal frase e depois deixar de cumprir o voto era questionar a realidade da própria existência de Deus. A Bíblia não nos proíbe pronunciar o nome de Deus. Ela nos encoraja a invocá-lo de coração e com temor: “Cantai a Deus, salmodiai O SEU NOME; exaltai o que cavalga sobre as nuvens. SENHOR é o seu nome, exultai diante dele” (Sl 68.4). Aqui também se pode descobrir o poder moral para a injunção feita aos cristãos, isto é, não tomar o nome de Cristo em vão.“E tudo quanto pedirdes EM MEU NOME, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho” (Jo 14.13). Com esse nome, fazemos ao Pai uma petição e assinamos com o Nome daquele que tem autoridade nos céus e Terra, sabendo que o Pai não negará nada ao Seu Filho primogênito. “E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o EM NOME DO SENHOR JESUS, dando por ele graças a Deus Pai” (Cl 3.17). Aqui somos colocados frente à responsabilidade que esse nome traz àqueles que o carregam.


V - O NOME DE DEUS - UM NOME VENERÁVEL
"Uma vez que a frase hebraica também pode ser traduzida como: “não pronunciarás o nome do Senhor”, os judeus do período pós-exílio interpretaram esse mandamento como uma proibição de até mesmo proferir o nome de Deus “Javé”. Assim, até hoje, nunca se referem a Deus pelo nome, substituindo-o sempre por um termo alternativo, geralmente “Adonai”, traduzido como Senhor em várias versões da Bíblia. No entanto, esse mandamento não visa proibir o uso do nome de Deus, mas sim proteger a integridade desse nome" (ADEYEMO, 2010, p. 112).
Esse mandamento é para os indivíduos que fazem promessas falsas e procuram lhes dar credibilidade invocando uma autoridade irrepreensível, entretecendo em discurso expressões como “diante de Deus” ou “em nome de Deus”. Ninguém deve invocar o nome de Deus com o objetivo de enganar outra pessoa. Esta proibição é apresentada de forma ainda mais explícita em Levítico 19.12: “Nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome do vosso Deus” (ver ainda Dt 5.11; SI 139.20). Nos dias de hoje não é incomum ouvir pessoas invocarem o nome de Deus ao fazerem promessas que não são capazes de cumprir ou, por vezes, nem sequer pretendem tentar. Trata-se de uma profanação do nome de Deus, um nome que deve ser reverenciado. Quem explora esse nome para seus propósitos egoístas não deve esperar ficar impune (ADEYEMO, 2010, p.113).


CONCLUSÃO
Podemos concluir dizendo que o nome é muito mais que um rótulo que mostra a identidade de uma pessoa. Vimos que o nome engloba todo o ser da pessoa, quem ela é, como ela é, seus atributos, particularidades, atitudes. Assim, aprendemos que o terceiro mandamento está claramente nos mostrando que Deus deseja ser honrado por tudo que Ele é, que Ele fez, que Ele representa, que Ele revelou e manifestou ao ser humano.




REFERÊNCIAS
Ø  HAMILTON, Victor P. Manual do Pentateuco. CPAD.
Ø  HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
Ø  REIFLER, Hans Ulrich. A Ética dos dez mandamentos: Um modelo de ética para os nossos dias. VIDA
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.


Por Rede Brasil de Comunicação

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