sábado, 25 de março de 2017

LIÇÃO 13 – UMA VIDA DE FRUTIFICAÇÃO







Jo 15.1-6 




INTRODUÇÃO
Nesta última lição deste trimestre, destacaremos à luz de João 15 que Jesus se identificou com uma videira, o Pai como o agricultor e os crentes como os ramos que estão nele ligados. Tal metáfora tem o propósito de nos mostrar que a partir do momento que aceitamos a Cristo fomos enxertados nele e que estando nessa posição podemos gerar os frutos que glorificam o Pai que está nos céus.


I. A METÁFORA DA VIDEIRA
O Evangelho de João registra sete vezes a declaração de “Eu Sou” proferidas por Jesus. Ele usa essa construção para fazer asserções sobre si mesmo como o “pão da vida” (Jo 6.35), a “luz do mundo” (Jo 8.12), “a porta” (Jo 10.7), “o bom Pastor” (Jo 10.11), “a ressurreição e a vida” (Jo 11.25), o “caminho, e a verdade, e a vida” (Jo 14.6), “a videira” (Jo 15.1). Zuck (2008, p. 202) diz que “cada uma dessas metáforas ilustra algum aspecto da pessoa e da obra de Jesus”. Analisemos João 15.1, quando Jesus disse: “Eu sou a videira verdadeira [...]”. Vejamos nesta metáfora quais a figuras que a compõe e seus significados:

1.1 Cristo é a videira. 
Jesus identifica-se nesta metáfora como a videira (Jo 15.1a). Esta é uma planta cultivada no mundo inteiro por seus deliciosos frutos, as uvas. Talvez Ele tenha proferido este sermão logo após a comemoração da Páscoa e instituição da Ceia, onde junto com os seus discípulos haviam tomado “o fruto da vide” – o vinho (Mt 26.27-29; Mc 14.25; Lc 22.18). Sobre essa ilustração Champlin (2004, p. 652) diz: “a videira é um organismo vivo, que supre vida a outros organismos vivos. Assim também sucede no caso de Cristo que vive, mas também outorga vida a outros. Wycliffe (2007, p. 722), por sua vez acrescenta dizendo: “como a videira verdadeira”, Ele provê a vitalidade necessária para a frutificação”. Quando Jesus usa a expressão “videira verdadeira” para descrever a si mesmo, implicitamente faz também alusão a “videira falsa”. Em Habacuque 3.17 é dito que as árvores frutíferas que não dão fruto “mentem”.

1.2 O Pai é o lavrador. 
O lavrador ou agricultor dessa ilustração é uma figura do Pai: “[...] meu Pai é o lavrador”. A expressão “lavrador” segundo Aurélio (2004, p. 1189) significa: “aquele que trabalha na lavoura”. Champlin (2004, p. 539) diz que “Deus Pai é comparado aqui ao proprietário da vinha, que pessoalmente pode ocupar-se em podar as videiras”. Para se cultivar uma vinha era necessário bastante esforço. Isaías fez uma descrição vívida do trabalho envolvido no preparo, plantio e cultivo de uma vinha (Is 5.1-7). Deus é o proprietário e tratador da videira. Henry (2008, p. 988) diz que: “Deus tem não somente a propriedade da videira e de todos os ramos, mas também o cuidado deles. Ele cuidou de Cristo, a raiz, e o sustentou, e o fez florescer em uma terra seca (Is 53.2). Ele cuida de todos os ramos, e os poda, e os vigia, para que nada os danifique”.

1.3 Os crentes são os ramos. 
Aqueles que nasceram de novo são comparados aos ramos ou galhos desta videira: “Eu sou a videira, vós as varas” (Jo 15.5a). A princípio não estávamos enxertados em Cristo, mas quando recebemos a Cristo como nosso Salvador fomos enxertados pelo Espírito Santo em Cristo. Paulo usando outra metáfora tratou desta verdade dizendo: “e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado […], e feito participante da raiz e da seiva da oliveira” (Rm 11.17). Este ato é chamado de Batismo (1 Co 12.13; Gl 3.27). Gilberto (2008, p. 187) diz: “o Espirito Santo realiza esse batismo espiritual no momento da nossa conversão, inserindo o crente na Igreja”. 

1.4 O Espírito Santo é a seiva.
Embora não encontremos diretamente a citação da participação do Espírito na metáfora da videira verdadeira proferida por Jesus, por inferência, vemos a sua atuação na figura da seiva que corre por dentro da árvore espalhando-se para os ramos. Paulo nos diz que fomos feitos participantes da seiva (Rm 11.17). A palavra “seiva” segundo Aurélio (2004, p. 1823) é “um líquido que círcula no organismo vegetal”. A função da seiva é transmitir a vida da árvore para os ramos a fim de que possam produzir frutos. Semelhantemente o Espírito Santo em nós comunica-nos a vida de Cristo, habitando em nós (Jo 3.6-8; Jo 14.17; I Co 6.19), nos levando a produzir frutos (Gl 5.22). 


II. AS ATITUDES DO AGRICULTOR EM RELAÇÃO A VIDEIRA
Além de plantar a videira, é responsabilidade do agricultor cuidar dela, afim de que seus ramos possam atingir o objetivo da frutificação. Vejamos quais as atitudes do agricultor que ilustram o cuidado do Pai em relação à sua igreja:

2.1 Corta a que não dá fruto. 
O propósito do ramo é dar fruto; se o ramo não faz isso, não tem valor algum para o lavrador, tornando-se inútil: “toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira” (Jo 15.2a). Diversas vezes a Bíblia exorta quanto a possibilidade de Deus cortar pessoas que não dão fruto. Vejamos: a) João Batista afirmou que o machado está posto a raiz das árvores que não produzem bons frutos (Mt 3.10); b) Jesus também exortou aos falsos profetas sobre isso (Mt 7.19,20); em forma de parábola o Mestre exortou aos judeus, comparando-os como uma figueira que há três anos não dava frutos ao seu proprietário, correndo o risco de ser cortada (Lc 13.1-9). Paulo, por sua vez, disse que embora os judeus fossem ramos naturais, por causa da incredulidade foram desligados da oliveira (Rm 11.7a; 11.20a). O apóstolo aproveitou para exortar aos gentios que não se ensoberbecessem por terem sido enxertados na oliveira, mas que considerassem a bondade e a severidade de Deus. Pois se Deus cortou os naturais por causa da rebeldia, quanto mais não o fará com os enxertados (Rm 11.20-22). Não podemos ser estéreis nem dar frutos maus (2 Pe 1.8; Ef 2.10).

2.2 Limpa a que dá fruto. 
Além de cortar os ramos que não dão frutos, é responsabilidade do agricultor limpar os ramos que dão fruto “e limpa toda aquela que dá fruto” (Jo 15.2b). Esse processo é chamado de poda. O Aurélio (2004, p. 1584) diz que “podar” significa: “cortar ramos ou folhas de plantas”. Esse processo pode ser chamado de santificação progressiva, onde Deus retira dia a dia da nossa vida, algumas coisas que não se coadunam com a conduta de um cristão verdadeiro. E isto, é claro exige a nossa participação (Lv 20.27; I Pe 1.15-16; 2 Tm 2.21; Hb 12.14; Ap 22.11). Jesus deixou claro que a poda com o ramo frutífero tem um objetivo definido: “para que dê mais fruto” (Jo 15.2c). Jesus disse que somos limpos pela palavra “vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3). A palavra é como a tesoura do agricultor que remove áreas infrutíferas da nossa vida (Hb 4.12; Ef 6.17). Champlin, (2004, p. 654) diz: “não pode haver fruição, presente ou futura, sem a poda, isto é, a disciplina (Hb 12.5-7)”.


III. TRÊS CONDIÇÕES PARA DAR FRUTO
 Já vimos que o agricultor proporciona todas as condições necessárias para que o ramo produza frutos, no entanto ele pode ainda assim não produzir. Este, portanto, é um problema do ramo (Jo 15.2). De igual forma, o Pai, nos dá todas as condições para que possamos produzir o fruto do Espírito. Ele nos ligou a Cristo, nos fazendo participantes da raiz e da seiva (Rm 11.17). Todavia, se faz necessário a nossa colaboração (Gl 5.16). Champlin (2004, p. 654) afirma que: “a produção espiritual se dá pelo labor do Espírito, mas deve contar com a cooperação da vontade humana (Gl 5.22; Fp 2.12; Tg 2.22)”. Portanto, os ramos só podem dar os devidos frutos se atenderem alguns pré-requisitos, a saber:

3.1 Estar na videira. 
Assim como os ramos não podem frutificar se não estiverem ligados a videira, Jesus explica que o homem por si só não pode produzir suas características morais sem estar nele “Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim” (Jo 15.4). Paulo chama as virtudes de Gálatas 5.22 de fruto do Espírito, corroborando com o ensinamento de Cristo de que tais qualidades são produzidas pelo Espírito no homem quando este nasce de novo (2 Co 5.17; Tg 1.18; 1 Pe 1.23). A expressão “estai em mim, e eu em vós”, fala de ligação, comunhão. Isto significa dizer que: um ramo separado da árvore, seca e morre. De igual forma se não estivermos em Cristo cultivando diariamente uma vida de comunhão nossa vida secará e não conseguiremos produzir os devidos frutos “se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem” (Jo 15.6).

3.2 Depender da videira. 
Dentre as muitas lições que Jesus quis ensinar com esta metáfora a mais destacável delas foi a humildade: “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Assim como o ramo é totalmente dependente da árvore para existir e produzir frutos, seus discípulos também são. Sem Cristo, o que produzimos é obra da carne (Gl 5.19-21). Somente com ele produzimos o fruto (Gl 5.22). É necessário entender que a parte mais importante da árvore não é o ramo para gerar o fruto, mas a árvore e principalmente a raiz, pois a árvore sobrevive sem ramo, mas o ramo não sobrevive sem a árvore. Todos os membros do corpo são importantes, mas nenhum deles supera a importância da cabeça. Pois nenhum corpo sobrevive sem cabeça. Cristo é chamado de raiz e de cabeça, devido a sua importância vital (Is 11.1; 53.2; Rm 11.18; Ef 1.22; 4.15; 5.23; Cl 1.18; 2.10). 

3.3 Permanecer na videira. 
Jesus disse que era necessário o ramo permanecer na videira para poder frutificar (Jo 15.9,10). O verbo “permanecer” segundo o Aurélio (2004, p. 1542) significa: “persistir, perseverar, insistir”. Na parábola do semeador Jesus disse que a semente que caiu em boa terra “são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança” (Lc 8.15). Se descuidarmos do nosso contato constante com Cristo, deixaremos de frutificar. A Bíblia está repleta de exortações quanto à perseverança, por exemplo: a perseverar na fé (2 Co 13.5; Hb 10.38.39); na oração (Rm 12.12; Ef 6.18); na santificação (Fp 3.13,14; 2 Jo 1.9); no amor (Jo 15.9); no verdadeiro evangelho (I Tm 4.16); e, por fim, em Cristo (1 Jo 2.28).


CONCLUSÃO
Estar, depender e permanecer são três atitudes que todos aqueles que professam a sua fé em Cristo devem tomar, a fim de que possam pelo Espírito Santo produzir os frutos que revelam que de fato estamos nele e Ele em nós. Esta aula nos ensinou: qual a nossa posição: “somos ramos”; condição: “somos dependentes”; e, responsabilidade: “dar frutos”.




REFERÊNCIAS
BRUCE, F.F. João: Introdução e comentário. MUNDO CRISTÃO
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. POSITIVO.
GILBERTO, Antônio. O fruto do Espírito: a plenitude de Cristo na vida do crente. CPAD.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.  CPAD.
ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. CPAD.


  

Por Rede Brasil de Comunicação.


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