quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

LIÇÃO 09 – CONHECENDO A ARMADURA DE DEUS (SUBSÍDIO)






Ef 6.13-20





INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos os três grandes inimigos do homem na batalha espiritual; pontuaremos a realidade desta guerra; e por fim; analisaremos os principais aspectos dos elementos da armadura de Deus em Efésios 6.


I. OS TRÊS INIMIGOS DO HOMEM NA BATALHA ESPIRITUAL
Paulo usou uma linguagem metafórica quando orientou a Igreja na defesa da fé cristã (Ef 6.12a). O fato do apóstolo usar o verbo “lutar” indica que estamos envolvidos em um confronto direto e que, portanto, não somos apenas expectadores. Nossa batalha não é contra seres humanos, mas sim contra poderes espirituais (Ef 6.12); e como cristãos, enfrentamos três inimigos: a carne; o mundo; e o diabo (Ef 2.1-3). Notemos cada um deles particularmente:

1. A carne.
O primeiro inimigo é a “carne” (Rm 6.19a; 7.18) do grego “sarx”. A natureza carnal, a velha natureza que herdamos de Adão depois da Queda (Gn 6.12), uma natureza que se opõe a Deus e que não é capaz de fazer qualquer coisa espiritual para agradar ao Senhor (Gl 5.19-21). A carne refere-se à nossa natureza caída às vezes chamada de “velho homem” (Rm 6.6, Ef 4.22; Cl 3.9) que surgiu desde a desobediência no Éden (Rm 3.10-12).

2. O mundo.
A Bíblia ensina que não devemos amar ao mundo, pois ser amigo do mundo é ser “inimigo de Deus” (Tg 4.4). O mundo aqui do grego “kosmos” não é o planeta Terra onde vivemos, mas, é o presente século mau, o grande sistema do mal ao redor de nós (Gl 1.4; 6.14), que é governado por um príncipe (Jo 14.30; 2 Co 4.4). É o governo mundial de rebelião contra Deus, e que se opõe ao Senhor Jesus e satisfaz: “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (1 Jo 2.15-17). É sobre este mundo que a Bíblia fala que jaz no maligno (1 Jo 5.19). O Senhor Jesus já venceu este adversário: “[…] mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33).

3. O diabo.
O terceiro grande adversário do homem é o próprio diabo que é o: “príncipe das potestades do ar” (Ef 2.2). Ele rege os negócios deste mundo mau, e seu grande objetivo é contrariar a vontade e o programa divino no mundo, na Igreja, e no crente. Mas, por meio de sua morte e ressurreição, Cristo venceu a carne (Rm 6.1-6; Gl 2.20); o mundo (Jo 16.33; Gl 6.14); e o diabo (Ef 1.19-23) (WIERSBE, 2007, vol. 2, p. 74).


II. ATITUDES QUE DEVEMOS TER EM RELAÇÃO A ARMADURA DE DEUS
Podemos dizer que a “batalha espiritual” diz respeito ao enfrentamento espiritual que se dá entre a Igreja de Cristo e as forças do mal, a saber: Satanás e os demônios que estão sobre o seu comando (Ef 6.12). Paulo indica claramente que este conflito com Satanás e seus demônios é espiritual e, portanto, nenhuma arma física pode ser usada efetivamente contra eles no mundo imaterial. Para vencermos a batalha espiritual precisamos conhecer: revestir e usar da armadura de Deus. Notemos:

1. Conhecer a armadura.
Houaiss (2001, p. 802) diz que conhecer é: “perceber e incorporar algo; ficar sabendo; adquirir informações sobre; tomar ou ter consciência de; estar familiarizado com; ter ideia bastante exata sobre; experimentar; dar-se conta de”. Contra os inimigos espirituais não podemos lutar de “qualquer jeito”, nem com “qualquer arma”, nem tampouco usarmos “armadura humana” como foi sugerido a Davi (1 Sm 17.38-40). Uma vez que lutamos contra inimigos na esfera espiritual e imaterial, precisamos conhecer nossas armas espirituais (2 Co 10.3-5), pois Deus nos supriu com elas, e não devemos deixar parte alguma de fora (Ef 6.10). Alguns estão sendo derrotados porque não tem dado a devida importância a estas armas espirituais, e por isso, estão sendo “[…] vencidos por Satanás” (2 Co 2.10-c; ver ainda Ef 4.27; 1Pe 5.8).

2. Revestir-se da armadura.
Segundo o dicionário da língua portuguesa, a palavra revestir é: “vestir mais uma vez; vestir de novo; cobrir-se com adornos; recobrir; tornar firme, estável e resistente algo aplicando-lhe um revestimento para enfrentar situação adversa; armar-se” (2001, p. 2453). No grego a palavra “revestir” é “enduo” que quer dizer: “entrar em uma roupa, vestir duas vezes”. A ideia deixada pelo apóstolo Paulo é que este revestimento serve para “estar firmes” (Ef 6.11), de onde vem a palavra “histemi” que significa: “ficar de pé, tornar firme, fixar, manter-se no lugar, permanecer imóvel, continuar seguro, ileso, permanecer preparado, ter uma mente firme, alguém que não hesita, que não desiste”. Só assim podemos vencer “as astutas ciladas do diabo”.

3. Usar a armadura.
O dicionarista Antônio Houaiss define o verbo “usar” como: “servir-se de algo; lançar mão de; utilizar algo; pôr algo em uso ou serviço para atingir um fim; exercitar; praticar” (2001, p. 2815). No grego é a expressão “analambano” que significa: “pegar, levantar, erguer algo para usar”. Paulo dá uma ênfase muito grande a ação de “tomar toda armadura” (Ef 6.13;16; 17).


III. OS ELEMENTOS DA ARMADURA DE DEUS
Paulo ordena a seus leitores que vistam: “toda a armadura de Deus” (Ef 6.13). É usando o contexto militar romano que o apóstolo fala sobre o combate espiritual, e por isso está presente a figura da armadura, em uma linguagem metafórica para que os crentes compreendessem com clareza a realidade da peleja […] Quando o apóstolo Paulo fala sobre a armadura de Deus, “panoplían ton theou”, em grego, está se referindo a uma armadura completa: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus […]” (Ef 6.11) (SOARES; SOARES, 2018, pp. 114, 119). Vejamos aspectos da armadura de Deus:

1. O cinto da verdade.
Satanás é um mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44), mas o cristão cuja vida é controlada pela verdade o derrotará: “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade […]” (Ef 6.14a). O termo “cingidos” do grego “perizonnumi” também usado pelo apóstolo traz a ideia de prender as vestes com um cinturão, cobrir-se. Já as palavras “lombos” vem da expressão “osphus” que fala do quadril lugar onde os hebreus achavam que o poder generativo residia por causa do sêmen (partes geradoras de vida), e “verdade” “aletheia” fala algo verdadeiro, sinceridade de mente. A verdade e a mentira são opostas (1 Jo 2.21). A verdade, como as outras peças da armadura, é na realidade um aspecto da natureza do próprio Deus. Portanto, cingir-se com o cinturão da verdade é cingir-se de Cristo, pois Cristo é a “verdade” (Jo 14.6) (HANEGRAAFF, 2005, p, 53).

2. A couraça da justiça.
Couraça é uma armadura defensiva que cobre o peito e as costas onde ficam os órgãos vitais como o coração e o pulmão. Uma couraça protegia um guerreiro contra um golpe fatal contra estes órgãos importantes:“[…] e vestida a couraça da justiça” (Ef 6.14b). O peitoral, que consistia de duas partes, chamadas “asas”. A primeira cobria a região inteira do peito, a parte frontal do tórax e a outra cobria a parte das costas. A palavra “couraça” vem do grego “thorax”. Era colocada sobre peito e abdômen para proteger o coração e outros órgãos vitais do soldado. Um dos “órgãos” que o inimigo mais ataca é o nosso coração. Por isso, precisamos guardá-lo, porque dele procedem as fontes da vida (Mt 6.21; Mc 12.30). Não guardar o coração pode gerar marcas e sequelas: “Escondi a tua Palavra no meu coração, para não pecar contra ti” (Sl 119.11).

3. Os calçados do evangelho da paz.
As chamadas “grevas”, eram os calçados como botas que protegiam os soldados do joelho para baixo. Os pés são a base do corpo; dão sustento e levam o corpo ao seu destino. Os soldados romanos usavam sandálias com cravos na sola para dar mais apoio aos pés durante a batalha, a fim de “resistir” e de “permanecer inabaláveis”. Calçar os pés com a preparação do evangelho da paz representa dizer que devemos ir preparados e treinados andando em santidade de vida (Mt 28.18-20; Gl 1.6-7,11). Paulo fala da preparação dos pés para o conflito espiritual (Ef 6.15). Às vezes o inimigo na antiguidade colocava obstáculos perigosos no caminho dos soldados que estavam avançando. Por isso, Paulo usa a expressão “hupodeo” que significa: “calçar, amarrar, colocar calçado”. Os nossos pés são muito importantes para Cristo, pois é através deles que vamos pisar no território do inimigo. Se calçarmos as sandálias do evangelho, teremos os “pés formosos” (Is 52.7; Rm 10.15). Somos embaixadores da paz (2 Co 5.18-21) e, como tais, levamos o evangelho para ganharmos almas.

4. O escudo da fé.
O escudo mencionado nessa passagem é um escudo grande que protegia a maior parte do corpo do soldado e tinha beiradas com um formato que permitia a uma linha inteira de soldados encaixar um escudo no outro e marchar sobre o inimigo como uma parede sólida (WIERSBE, 2007, vol. 2, p. 76). Vale lembrar que, numa batalha em campo aberto, os soldados ficam mais protegidos dos dardos lançados pelo inimigo, quando se juntam fazendo seus vários escudos parecerem um só. O apóstolo nos diz: “Tomando, sobretudo, o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno” (Ef 6.16). A expressão “dardo” vem do grego “bélos” e significa: “míssil, flecha, lança”. O dardo era atirado contra o inimigo ainda à distância. Na batalha espiritual, os dardos inflamados podem ser uma cilada, uma armadilha; uma astúcia, esperteza e engano. Já o termo “inflamados” vem do grego “puroo” que é: “repleto de fogo, incendiado, carregados com substâncias inflamáveis”. O escudo cobre todas as brechas que o maligno usa para plantar dúvidas em nós sobre a Palavra de Deus. Mas, pelo escudo da fé, podemos vencê-lo (1Jo 5.4-5).

5. O capacete da salvação.
Satanás deseja atacar nossa mente, e foi assim que derrotou Eva (Gn 3; 2 Co 11.1-3). O capacete da salvação refere-se à mente controlada por Deus: “Tomai também o capacete da salvação […]” (Ef 6.17a). Quando Deus controla a mente, Satanás não consegue fazer o cristão se desviar (WIERSBE, 2007, vol. 2, p. 76). O capacete, que protegia a cabeça, era feito de várias formas e de vários metais. O capacete da salvação protege nossa mente das mentiras do diabo e das influências do mundo (Rm 12.2). A cabeça é o membro que comanda o nosso corpo, e se esta apresentar fraqueza, tudo estará perdido. O capacete guardará nossa mente de ser atingida pelo inimigo (Ef 4.14).

6 A espada do Espírito.
Enquanto o resto da armadura é em sua natureza armas de defesa, aqui se encontra a única arma de ataque na armadura de Deus. A espada, que tinha várias formas e dimensões, eram feitas de vários tipos de metais. Esse é o símbolo usado por Paulo para indicar a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada: “[…] e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef 6.17b). O escritor aos hebreus também afirmou isso (Hb 4.12). Pedro tentou usar a espada para defender Jesus no Getsêmani (Lc 22.47-51), mas, em Pentecostes, aprendeu que a “espada do Espírito” é muito mais poderosa. Quando foi tentando por Satanás no deserto, Cristo usou a espada do Espírito e derrotou o inimigo (Lc 4.1-13). Moisés também tentou conquistar pela espada, mas descobriu que a Palavra de Deus, por si mesma, era suficiente para derrotar o Egito (Êx 2.11-15 (WIERSBE, 2007, vol. 2, p. 77).


CONCLUSÃO
Em certo sentido, a “armadura de Deus” é uma imagem de Jesus Cristo. Ele é a Verdade (Jo 14.6); Ele é nossa justiça (2 Co 5.21) e nossa paz (Ef 2.14). Ele é fiel (Gl 2.20); é nossa salvação (Lc 2.30); e, é a Palavra de Deus (Jo 1.1,14). Isso significa que, quando aceitamos a Cristo, também recebemos a armadura. No momento da salvação, vestimos a armadura de uma vez por todas. No entanto, devemos nos apropriar dela cada dia: “[…] vistamo-nos das armas da luz” (Rm 13.12).




REFERÊNCIAS
Ø  GILBERTO, Antônio (Org.); et al. Teologia Sistemática Pentecostal. RJ: CPAD, 2008.
Ø  SOARES, Ezequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual. RJ: CPAD, 2018.
Ø  SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RJ: CPAD, 2017.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
Ø  WIERSBE, W. W (Trad. Susana Klassen). Comentário Bíblico Expositivo NT. SP: GEOGRÁFICA, 2007.
Ø  HANEGRAAFF Hank (Trad. Marta Andrade). Armadura Espiritual. RJ: CPAD, 2005.
  



Por Rede Brasil de Comunicação.



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