sábado, 23 de fevereiro de 2019

LIÇÃO 08 – NOSSA LUTA NÃO É CONTRA CARNE E SANGUE (SUBSÍDIO)







Ef 6.10-12




INTRODUÇÃO
Nesta lição destacaremos algumas informações essenciais sobre a epístola de Paulo aos Efésios; pontuaremos também, algumas considerações importantes sobre a batalha espiritual, visto que a nossa luta não é contra carne e sangue; e por fim, veremos quais as recomendações apostólicas para vencermos esta guerra.


I. INFORMAÇÕES SOBRE A EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS
1. Autoria e destinatários.
A autoria é classicamente atribuída ao apóstolo Paulo quando de sua primeira prisão em Roma (Ef 1.1; 3.1; 4.1; 6.20); Paulo implantou a igreja em Éfeso durante a sua segunda viagem missionária. Depois de ter passado 18 meses em Corinto (At 18.11), ele visitou Éfeso com Áquila e Priscila (At 18.18), e voltou a Éfeso durante sua terceira viagem missionária e permaneceu ali por três anos (At 19.8-10; 20.31). Durante o tempo que ali passou, Deus operou poderosamente através do apóstolo (At 19.11), em Éfeso houve várias conversões (At 19.18,19), batismo no Espírito Santo (At 19.6,7), curas divinas e expulsão de demônios (At 19.12), e a propagação do evangelho (At 19.10,20,26), resultando no temor a Deus e a glorificação do nome do Senhor Jesus (At 19.17).

2. Propósito.
Essa epístola não foi escrita para combater alguma heresia específica ou mesmo problemas na igreja local, antes foi enviada com a finalidade de fortalecer e encorajar os crentes de um modo geral (Ef 1.15-17). Paulo em oração anseia que seus leitores cresçam na fé e que sejam cheios do poder do alto (Ef 3.14,16), para que assim vivam uma vida digna da vocação com que foram chamados (Ef 4.1-3; 5.1,2).

3. Curiosidades.
A carta aos Efésios é considerada a coroa dos escritos de Paulo, a rainha das epístolas paulinas (LOPES, 2009, p. 09), também é considerada uma carta gêmea de Colossenses, visto que são escritas do mesmo local, no mesmo período e levadas às igrejas pelo mesmo portador e ambas tratam basicamente das mesmas coisas (Ef 6.21; Cl 4.7,8). A igreja em Éfeso é a única do Novo Testamento que recebeu cartas de mais de um escritor bíblico, João também tinha uma mensagem para eles (Ap 2.1-7). Essa igreja teve mais pregadores famosos do que qualquer outra, isso incluiu homens como Paulo, Apolo, João e Timóteo.


II. CONSIDERAÇÕES QUANTO A NOSSA LUTA ESPIRITUAL
Além das informações já mencionadas a respeito da epístola aos Efésios, algo que é digno de nota é que o fato de Paulo tratar de forma tão veemente a respeito da batalha espiritual, se dá exatamente pela experiência vivida pelo apóstolo na implantação da igreja naquela cidade. Em Éfeso, além da resistência ao evangelho por parte de alguns judeus (At 19.8,9), a influência demoníaca era visível, pois nela estava o templo da deusa pagã chamada de Diana dos efésios (At 19.24,27,35), boa parte dos cidadãos daquela cidade tinham envolvimento com artes mágicas (At 19.19), muitas pessoas eram oprimidas por espíritos malignos (At 19.12), a tal ponto que existia entre eles um grupo de judeus que tinham como prática o “exorcismo” (At 19.13). Por essa razão Paulo considera necessária a conscientização da luta espiritual. Vejamos algumas considerações:

1. Definição do termo lutar.
Paulo ao referir-se ao combate espiritual na sua epístola aos Efésios assim afirma: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue […]” (Ef 6.12), ele usa a palavra “lutar” do grego “pale”, que diz respeito a ação de duas forças que agem em sentido contrário, esse termo em seu sentido original aponta para a luta romana (1Co 9.25), ou seja, uma competição entre duas pessoas na qual cada uma se esforça para derrubar a outra, e que é decidida quando um é capaz de manter seu oponente no chão com seu braço sobre seu pescoço; Paulo usou essa palavra baseado no tipo de luta que havia nos jogos gregos e, posteriormente, nas arenas romanas, onde os lutadores lutavam corpo a corpo até a morte de um deles, desse modo o termo é usado figuradamente acerca do combate cristão contra as forças do mal. Sobre esta luta o apóstolo faz algumas advertências, e para poder vencê-la, devem ser levadas em consideração as orientações expostas nesta carta.

2. É uma realidade.
O apóstolo Paulo deixa claro que o verdadeiro cristão (Ef 1-3), cuja vida é controlada pelo Espírito Santo (Ef 4.1 – 6.9), pode ter certeza de que está numa batalha espiritual (Ef 6.10-18). É apropriado Paulo usar uma imagem militar para ilustrar o conflito do cristão com Satanás e os demônios, pois ele próprio encontrava-se acorrentado a um soldado romano (Ef 6.20), e, por certo, seus leitores estavam acostumados com os soldados e seus equipamentos de guerra. Na verdade, o apóstolo demonstra uma predileção por ilustrações militares para descrever a vida cristã (2 Co 10.4; 1Tm 6.12; 2Tm 2.3; 4.7). Diversas vezes nesta carta Paulo mencionou que a trajetória de vida dos cristãos não está ilesa de dificuldades, mas está fundamentalmente marcada pela luta, ainda que Cristo tenha derrotado os poderes, sendo entronizado como Soberano (Ef 1.21; 3.10), as potestades do mal exercem sua ação sombria contra os salvos em Jesus (Ef 6.12).

3. Exige do crente preparação.
Toda e qualquer batalha requer preparação e estratégia. Ninguém deve se lançar numa luta despreparado. Essa preparação requer cuidados que se tornam indispensáveis para o sucesso da batalha, Paulo assim recomenda: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6.10). A palavra vem de “endunamousthe” e significa: “tornar-se forte, receber força”, outro termo usado com o mesmo sentido é: “krataioomai”, que quer dizer: “ser fortalecido, ser corroborado”, e o imperativo está na voz passiva: “sede fortalecidos”, “fortalecei-vos”, dessa maneira fica claro que força necessária aqui não pode ser produzida por pessoas (2 Co 10.3), pelo contrário ela tem sua fonte e essência no Senhor (CABRAL, 1999, p. 87). Quando se vive em união com Ele, dentro dos limites de Sua vontade e, consequentemente, de Sua graça, não pode haver falha devida à falta de poder (1 Jo 2.14). Fora dEle o cristão nada pode fazer (Jo 15.1-5), mas toda a força do Seu poder está à nossa disposição. Pelo fato de forças espirituais más estarem dispostas em ordem de batalha contra o crente, só os recursos divinos e espirituais podem resistir a elas (2 Co 10.4). Esse fortalecimento se faz necessário para que o conflito que é violento possa ser suportado (Ef 6.11,13).

4. Deve se identificar a natureza do combate.
Paulo deixa claro que a guerra cristã não é empreendida contra forças terrenas, porque ele diz: “não temos que lutar contra carne e sangue […]” (Ef 6.12), caso se tratasse disso a força humana seria suficiente. Antes de falar contra quem devemos lutar, o apóstolo declara contra quem não é a nossa luta. O apóstolo declara enfaticamente que essa batalha não é física nem terrena, mas espiritual. A expressão “carne e o sangue” denota a espécie da batalha, uma expressão usada frequentemente no NT para referir-se a ser humano, ou a natureza do homem (Mt 16.17; 1Co 15.50; Gl 1.16; Hb 2.14), portanto, ao usá-la Paulo quer dar a entender aqui, simplesmente, a natureza humana em contraste com os seres espirituais, que não possuem a matéria e, portanto, não são de carne e sangue. Sendo assim, não se trata de uma luta humana de homens contra homens, mas contra inimigos espirituais, nossa luta, portanto, não é física, mas espiritual e esta realidade era por certo, algo bem familiar aos cristãos em Éfeso (At 19.13-20). Seria uma tragédia um soldado sair para a guerra sem saber contra quem deve guerrear. Há muitos cristãos que estão entrando na batalha e ferindo aos próprios irmãos, estão atingindo com seus torpedos os próprios aliados, em vez de bombardear o arraial do inimigo (LOPES, 2009, p. 178,179). O inimigo a ser derrotado é o diabo e todo o seu exército (1Pe 5.8; Ef 6.12).

2.5 O lugar do combate.
Mais uma vez fortifica-se o fato de que se trata de uma luta espiritual e não terrena: “[…] nos lugares celestiais(Ef 6.12) No grego, a frase “nos lugares celestiais” aparece como: “en tois epouraniois”, “que existe no céu, coisas que têm lugar no céu”. Diversas vezes encontramos esta expressão na epístola aos Efésios. Nas passagens de Efésios 1.3 e 2.6, esses lugares celestiais indicam a posição do crente em Cristo, uma posição elevada, isto é, colocada acima da vida do mundo; entretanto, no texto de Efésios 6.12, o significado da expressão lugares celestiais é outro, indica os lugares onde Satanás e suas hostes habitam e comandam toda a sua guerra contra os remidos do Senhor (CABRAL, 1999, p. 89).


III. COMO VENCER A LUTA ESPIRITUAL
1. Revestir-se de toda a armadura de Deus.
Reiterando a necessidade do cristão estar preparado para a batalha espiritual e vencê-la, Paulo exorta a que nos revistamos das armas pertencentes a Deus: Revesti-vos de toda a armadura de Deus […]” (Ef 6.11), notemos que este ato implica na responsabilidade humana: “A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz(Rm 13.12).

2. Viver em constante vigilância.
Uma recomendação não menos importante é que o cristão deve ficar firme: “[…] para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11), do grego “histemi”, que significa: “ficar de pé, manter-se no lugar, continuar seguro, continuar pronto ou preparado”, isso indica estar de olhos abertos, atento, de prontidão para o combate visto o perigo a volta e sagacidade do inimigo (1Pe 5.8,9). Devido à insistência do adversário bem como a intensificação dos seus ataques (Mt 4.1-11; Lc 4.13), é possível ao cristão sentir o desgaste e se tornar propenso a esmorecer e ceder às pressões durante o combate (Mc 6.48), por essa razão o apóstolo alertou sobre a necessidade de em Deus buscarmos a capacidade de resistir: “[…] para que possais resistir no dia mau […]” (Ef 6.13), o termo mau “poneros” traz a ideia de: um momento cheio de labores, aborrecimentos, fadigas, são momentos como esses em que o crente deve buscar ainda mais a graça de Deus para vencer (2 Co 12.9).

3. Agir com prudência e perseverando em oração.
A luta contra o diabo e seus demônios é uma realidade cotidiana, e nessa batalha não há cessar fogo, de modo que a recomendação apostólica para nós é que: “[…] depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis(Ef 6.13 – ARA), depois das vitórias alcançadas não devemos abaixar as armas, visto que não há momento mais vulnerável na vida de um cristão quando depois de uma grande conquista. Uma forma de evitar essa vulnerabilidade é o crente se fortalecer através da oração (Ef 6.18; Rm 12.12), de modo que não podemos vencer essa guerra com nossa própria capacidade (2 Co 3.5).


CONCLUSÃO
A batalha espiritual é uma realidade incontestável à luz das Escrituras, no entanto, também fica claro que esta luta não é contra as pessoas e sim contra as forças espirituais do mal, por essa razão fortalecidos em Deus, poderemos com segurança sermos vitoriosos.




REFERÊNCIAS
Ø  CABRAL, Elienai. Comentário da Carta aos Efésios. CPAD.
Ø  HAHN, Eberhard; BOOR, Werner. Comentário Carta aos Efésios. EDITORA ESPERANÇA. PDF
Ø  LOPES, Hernandes Dias. Comentário Expositivo Efésios. HAGNOS.  



Por Rede Brasil de Comunicação.



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