sábado, 7 de setembro de 2019

LIÇÃO 10 – A MORDOMIA DAS FINANÇAS (SUBSÍDIO)


  


Ec 5.10,11; 1 Tm 6.6-10




INTRODUÇÃO
Ao contrário do que muita gente pensa, a Bíblia não trata apenas de questões espirituais, ela também tem muito a nos dizer sobre como devemos ser bons mordomos das nossas finanças. Nesta lição, introduziremos o assunto destacando à luz das Escrituras como devemos usar o nosso dinheiro; destacaremos algumas práticas nocivas quanto as finanças; trataremos do cuidado que devemos ter com gastos e empréstimos; e, concluiremos falando sobre a importância da economia para que tenhamos uma vida financeiramente equilibrada.


I. DEFINIÇÃO DE FINANÇAS
O Houaiss define a palavra “finanças” como: “ciência e atividade do manejo do dinheiro ou de títulos que o representem; recursos financeiros; erário” (2001, p. 1346). Ao contrário do que muita gente pensa, a Bíblia não trata apenas das questões espirituais, mas de todas as áreas da vida humana, inclusive a financeira, exortando-nos a procurar uma vida equilibrada e com isto estarmos contentes (Pv 30.7-9; 1Tm 6.7-8; Fp 4.11-13).


II. O QUE DEVEMOS FAZER COM O DINHEIRO
A Bíblia não nos fala sobre o surgimento do dinheiro, isto porque o Espírito Santo teve como objetivo primeiro nos ensinar sobre para que o dinheiro deve nos servir. Notemos:

1. Sustento pessoal.
A Bíblia ensina que o homem deve trabalhar para ter o seu salário e sustento: “Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem” (Sl 128.2 ver também 2 Ts 3.10). Não devemos ser pesados aos outros (1 Tm 5.16). Ao povo de Israel Deus só alimentou com maná enquanto eles estavam no deserto, porque não podiam plantar nem colher. Mas quando, adentraram a terra prometida o maná cessou e Deus lhes orientou a trabalhar para sustento próprio (Dt 8.7-18; Js 5.12).

2. Contribuir na obra de Deus.
Além do salário ser para sustento próprio, ele serve também para contribuir na obra de Deus. Os dízimos e as ofertas foram exigidos para que haja mantimento na Casa do Senhor (Ml 3.10). Antes mesmo de usufruirmos do nosso dinheiro, devemos separar as primícias, ou seja, a décima parte para entregar ao Senhor (Pv 3.9,10). Negligenciar o dízimo é desobedecer a Palavra de Deus e ser ingrato por tudo o que Ele tem concedido (Ml 3.8,9).

3. Aliviar o sofrimento alheio.
Atender ao pobre e ao necessitado é um preceito bíblico (Lv 23.22; Dt 15.11; Sl 41.1; 82.3). No AT, Deus ensinou o povo de Israel a se preocupar com o bem estar alheio. Nas colheitas, por exemplo, eles foram exortados a não recolherem tudo, mas deixarem os rabiscos para os necessitados (Lv 19.9,10). No NT, vemos que o Senhor Jesus disse: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20.35). Nos dias da igreja primitiva, a igreja não só pregava o evangelho, mas também, atendia aqueles que necessitavam de socorro material (Gl 2.9,10). Paulo ensinou claramente que além do sustento pessoal devemos nos preocupar em aliviar o sofrimento do próximo “[...] trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade” (Ef 4.28). Ser generoso e solidário também é um dever do cristão (Hb 13.2; Tg 2.14-17; 1 Jo 3.17,18).

4. Cumprir com as obrigações.
A Bíblia nos orienta a usarmos as nossas finanças para cumprirmos os nossos compromissos, por exemplo: pagando o que devemos (Rm 13.8); pagando os impostos (Mt 22.21; Rm 13.7). Portanto, não devemos ser infiéis nos contratos que fazemos; nem tampouco devemos sonegar impostos. Tais comportamentos são típicos dos ímpios (Hc 2.6,7; Rm 1.31; 13.6,7; Mt 17.25-27). Fomos chamados para fazer a diferença como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14). Nossas atitudes honestas levam os homens a glorificar a Deus (Mt 5.16).


III. O QUE NÃO DEVEMOS FAZER COM O DINHEIRO
1. Compulsividade.
A Bíblia adverte: “O que amar o dinheiro nunca se fartará de dinheiro; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade” (Ec 5.10). Alcançar todos os bens que se deseja não confere a ninguém a satisfação plena. O apóstolo Paulo encontrou na pessoa de Cristo, o equilíbrio no que tange às coisas materiais: “...aprendi a contentar-me com o que tenho” (Fp 4.11).

2. Avareza.
É o amor ao dinheiro, que causa uma verdadeira escravidão e dependência. “Por que o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns de desviaram da fé e se transpassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Tm 6.9,10). Deus não condena o dinheiro em si, mas, a ambição, cobiça, exploração, e usura. Abraão era homem muito rico; Jó era riquíssimo, antes e depois de sua provação (Jó 1.3,10); Davi, Salomão e outros reis acumularam bens e nenhum deles foi condenado por isto. O que a Bíblia condena é a ambição desenfreada pelos bens (Pv 28.20; Dt 8.11; Pv 11.28; Mc 4.19; Pv 23.4,5; Pv 28.11; Pv 5.10).

3. Dívidas desnecessárias.
Muitas pessoas estão em situação difícil, por causa do uso irracional de benefícios oferecidos como: facilidades pelo comércio, cartão de crédito, cheque, crediário, empréstimos, etc. As dívidas podem causar muitos males, tais como: desequilíbrio financeiro, inadimplência, intranquilidade; provocando até certos aparecimentos de doenças, desavenças no lar; perda de autoridade e o mau testemunho perante os ímpios (Pv 6.1-5; 11.15). “O rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado é servo do que empresta” (Pv 22.7).


IV. O CUIDADO COM AS FIANÇAS E EMPRÉSTIMOS
Para que possamos atentar ainda mais para a seriedade de se tornar um fiador de outrem, vejamos como o texto de Provérbios 6.1,2 está traduzido na Bíblia Viva: “Meu filho, se você se ofereceu como fiador do seu próximo, por meio de um aperto de mão, dando a sua palavra, você agora está preso nessa armadilha”. Percebemos que o ser fiador de alguém representa uma verdadeira armadilha. É interessante, porém, notar que o próprio fiador é quem se predispõe a sê-lo “[...] se você se ofereceu [...]”. Logo, não devemos dar o nosso nome em garantia para pagar a dívida de alguém, salvo raras exceções. Há ainda outros textos que trabalham essa questão. Vejamos o que a Bíblia nos recomenda sobre este assunto:

1. Evitando ser fiador.
Em Provérbios 11.15 está escrito: “Decerto sofrerá severamente aquele que fica por fiador do estranho, mas o que aborrece a fiança estará seguro”. O fiador é aquele que dá garantias de que o devedor irá cumprir sua palavra e pagar suas dívidas. Caso contrário, ele mesmo arcará com esse ônus. O fiador empenha sua palavra, sua honra e seus bens, garantindo ao credor que o devedor saldará seus compromissos a tempo e a hora. O problema é que são muitos os exemplos daqueles que sofreram grandes prejuízos por serem fiadores. Há pessoas que perdem tudo o que adquiriram ao longo da vida para pagar dívidas alheias. Não podemos comprometer o sustento e a estabilidade de nossa família para assegurar os negócios arriscados de outra pessoa. Ser fiador é andar num caminho escorregadio cujo final é o desgosto: “O ímpio toma emprestado, e não paga [...]” (Sl 37.21a). A Bíblia nos adverte a fugirmos dele (Pv 22.26,27).

2. Evitando empréstimos.
Quando alguém está endividado, parte da sua liberdade é perdida. Não é pecado emprestar ou tomar emprestado, mas é preciso avaliar bem a situação para que não haja prejuízos de ambas as partes: : “[...] o que toma emprestado é servo do que empresta” (Pv 22.7). Quem empresta, não pode fazê-lo com usura, ou seja, cobrando juros exorbitantes (Dt 23.19,20; Sl 15.5), pois, Deus reprova severamente essa prática. Podemos verificar isso em diversas passagens bíblicas (Êx 22.25; Lv 25.37; Ez 18.13). Numa linguagem mais popular, a usura é conhecida como agiotagem, que é uma prática criminosa prevista na Constituição Federal e no Código Penal Brasileiro. Na realidade, o ideal para o cristão não é emprestar, e, sim, quando puder, dar (Sl 37.21b; Lc 6.34); e quem toma emprestado, não pode desonrar o seu compromisso, pois se assim o faz, será tido como desonesto e ainda colocará o seu próximo em apuros. Quem toma emprestado e não paga é considerado ímpio, alguém que tem um desvio de caráter que precisa ser corrigido (Sl 37.1a).


V. A BÍBLIA E IMPORTÂNCIA DA ECONOMIA
A palavra “economia” segundo o Houaiss significa: “gerenciamento de uma casa, especificamente das despesas domésticas” (HOUAISS, 2001, p. 1097). Um dos aspectos do fruto do Espírito é o domínio próprio (Gl 5.22) que também pode ser traduzido por equilíbrio. Este equilíbrio deve estar presente em todas as áreas da nossa vida, inclusive na financeira. Batista (2018, p. 148) nos diz que: “a saúde financeira não depende de quanto ganhamos, mas de como gastamos o que ganhamos”. Notemos o que a Bíblia nos orienta quanto a economia:

1. Respeitemos as prioridades.
Depois de entregar o dízimo, o crente deverá discernir o que é prioritário, o que é secundário e o que é supérfluo. Por exemplo: saúde, alimentação, moradia, estudos e vestimentas básicas são prioridades. Gastos com lazer é algo secundário, e a compra de roupas de marca ou aparelhos eletrônicos de última geração é supérfluo: “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura” (Is 55.2).

2. Evitemos o desperdício.
Nunca devemos comprar o que não necessitamos, e nem gastar além do que ganhamos. Deus não se alegra com o desperdício. Quando Deus mandou que sacrificassem o cordeiro da Páscoa, se a família fosse pequena deveria agregar-se a outra, para que comessem juntas, a fim de não estragar comida (Êx 12.1-4). Na ocasião que enviou o maná para o povo de Israel, os orientou, através de Moisés, que apenas recolhessem a porção diária, o tanto quanto podia comer (Êx 16.14-18). Jesus quando multiplicou pães e peixes, ordenou depois que a multidão comeu, que as sobras fossem recolhidas: “Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca” (Jo 6.12). 5.3 Planejemos os nossos gastos. Jesus deixou claro que o crente só deve iniciar um empreendimento depois de planejar e ter a certeza de que vai conseguir concluí-lo (Lc 14.28-32). Ainda que neste texto ele estivesse falando sobre a responsabilidade em segui-lo, tal princípio é perfeitamente útil para as demais áreas da vida, inclusive a financeira.


CONCLUSÃO
Além de nos orientar quanto a vida espiritual, a Bíblia nos exorta também a termos cuidado com a nossa vida financeira. Uma má administração das finanças poderá acarretar em prejuízo moral e espiritual. Para evitar tal dano, devemos exercer a mordomia com sabedoria e equilíbrio.




REFERÊNCIAS
Ø  CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. SP: HAGNOS.
Ø  DANIEL, Silas; COELHO, Alexandre. Vencendo as Aflições da Vida. RJ: CPAD.
Ø  GONÇALVES, José. A prosperidade à luz da Bíblia. RJ: CPAD.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD.




Por Rede Brasil de Comunicação.


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