sexta-feira, 27 de setembro de 2019

LIÇÃO 13 – SEJA UM MORDOMO FIEL






Lc 12.36-38; 42-46



INTRODUÇÃO
Nesta lição definiremos o termo mordomo e o termo fidelidade; destacaremos a parábola de Lucas 12.42-46 onde Jesus exorta quanto a importância da fidelidade na mordomia do que recebemos de Deus; falaremos da importância de sermos fieis em todos os sentidos; e por fim, trataremos a respeito do Tribunal de Cristo onde o Mestre Jesus recompensará a cada mordomo fiel segundo a sua obra.


I. DEFINIÇÕES
1. Definição secular e exegética de mordomo. O dicionário diz que mordomo: “é um indivíduo encarregado de administrar, em residência alheia, as tarefas domésticas cotidianas, distribuindo-as entre os demais empregados” (HOUAISS, 2001, p. 1960). A palavra grega mais comum, frequentemente no NT, é “oikonomos” (TENNEY, 2008, p. 377). O “oikonomos” denotava primariamente “o administrador de uma casa ou propriedade”, formado de “oikos”, denotando “casa”, e “nemo” que significa: “arranjar, organizar” (VINE, 2002, p. 800). Essa palavra é mais traduzida como “despenseiro”. A ideia de despenseiro aparece somente no Novo Testamento, quando o original grego usa a palavra “oikonomos”, que significa: “gerente da casa” (Lc 12.42; 16.1,3,8; Rm 16.23; 1 Co 4.1,2; Gl 4.2; Tt 1.7; 1 Pe 4.10); ou quando usa a palavra “epitropos”, que quer dizer: “encarregado”, que aparece por três vezes (Mt 20.8; Lc 8.3; Gl 4.2).

2. Fidelidade. O dicionarista Houaiss diz que: “fidelidade” significa: “respeito quase venerável por alguém ou algo; lealdade; constância nos compromissos assumidos com outrem; compromisso que pressupõe dedicação amorosa à pessoa com quem se estabelece um vínculo afetivo de alguma natureza” (2001, p. 1337). O dicionário de Strong diz que a palavra “fidelidade” no grego “pistis” significa: “verdadeiro; pessoas que mostram-se fiéis na transação de negócios, na execução de comandos, ou no desempenho de obrigações oficiais; alguém que manteve a fé com a qual se comprometeu, digno de confiança”.


II. A IMPORTÂNCIA DA FIDELIDADE NA MORDOMIA
Em Lucas 12.42-46, Jesus contou a parábola acerca da fidelidade. Esta é uma parábola de cunho escatológico e é extremamente exortativa quanto a necessidade de sermos fieis mordomos até o retorno de Cristo. Abaixo destacaremos algumas informações sobre esta parábola. Vejamos:

1. O senhor da parábola (Lc 12.42).
Este senhor da parábola trata-se provavelmente de um fazendeiro ou de um grande empresário que tinha servos a sua disposição (Lc 12.42.46). Este senhor precisou ausentar-se um pouco de sua casa, para uma viagem. A Bíblia nos mostra que quanto ao dia e a hora do seu retorno são incertos (Lc 12.46).

2. Os servos da parábola (Lc 12.42,45).
Lucas usa a palavra “mordomo” no grego “oikonomos” que significa: “pessoa que administra os assuntos domésticos de uma família” (VINE, 2001, p. 447). Via de regra, havia apenas um mordomo na casa (Gn 15.2; 41.40; 45.8; 1 Rs 18.3; Lc 16.1; At 8.27). O texto diz que o senhor nomeou “um servo” para ser “mordomo” dos outros servos (Lc 12.42). O texto deixa entender este servo poderia ser “fiel e prudente” (Lc 12.42) ou infiel: “Mas, se aquele servo” uma referência hipotética ao mesmo servo do início da parábola (Lc 12.45). Diante disto, fica mais claro no texto, a possibilidade de que a narrativa esteja falando apenas de um servo, que poderá ter uma atitude positiva ou negativa. No entanto, a maioria dos intérpretes preferem a ideia de se tratarem de dois servos. Sob esta perspectiva, analisaremos abaixo o comportamento de ambos. Notemos:

A) O servo fiel da parábola (Lc 12.42,43).
É dito que, se este servo ou mordomo foi fiel e prudente no exercício da função que lhe foi confiada até ao retorno do seu patrão. A fidelidade e a prudência são virtudes destacadas na Bíblia (Pv 12.22; 14.33; 14.35; 28.20; Mt 7.24; 25.23; 1 Co 4.2; Ef 5.15). O servo que agir assim será tido por “bem-aventurado” e, como recompensa, receberá privilégios e responsabilidades aumentados: “Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens” (Lc 12.44). 2.3 O servo infiel da parábola (Lc 12.45). Com a partida de seu senhor, este servo, em seu coração, imaginou que, porque o seu patrão estava ausente e ia demorar a voltar, decidiu comportar-se de forma violenta e pecaminosa. Sua deficiência se mostrou tanto doutrinária “O meu senhor tarda em vir” (Lc 12.45a); quanto moral, pois começou a “a espancar os criados e criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se” (Lc 12.45b). Quando da volta do seu senhor, este servo infiel será punido severamente: “e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os hipócritas” (Lc 12.46).


III. FIDELIDADE EM TRÊS DIREÇÕES
A fidelidade é de uma importância vital para a vida cristã em três aspectos, vejamos:

1. Fidelidade a Deus.
Deus sempre exigiu fidelidade no relacionamento das suas criaturas. Exigiu de Abraão (Gn 17.1); de Isaque (Gn 26.1-5); de Jacó (Gn 35.1-4); do povo de Israel (Dt 28.1-14). Jesus, exigiu fidelidade daqueles que desejavam segui-lo (Jo 8.31). A fidelidade é uma prova de amor (Jo 14.15,21).

2. Fidelidade ao próximo.
O crente deve agir com fidelidade aos que estão à sua volta, tendo algumas atitudes, tais como: a) mantendo sempre sua palavra (Mt 5.37;1 Tm 3.8); b) assumindo as responsabilidades no lar (Ef 5.22-28; 6.1-4; 1 Tm 5.8); c) cooperando na obra de Deus (1Co 4.1,17; 6.21); d) sendo fiel com o que é alheio (Mt 24.45,46; Lc 16.1-12); como empregado (Ef 6.5-8; Cl 3.22-25); ou como empregador (Ef 6.9; Cl 4.1).

3. Fidelidade a si mesmo.
Nesse aspecto a fidelidade é vista quando somos aquilo que dizemos ser. Davi em um de seus Salmos afirma: “Aborreço a duplicidade, porém amo a tua lei” (Sl 119.113). Quem vive uma vida dúbia, é inconstante, não há firmeza nem resistência (Tg 1.8). Deus quer que sejamos o que dizemos que somos, não mostrando duplicidade ou falsidade quanto a nossa devoção a Ele (1 Sm 12.24).


IV. O TRIBUNAL DE CRISTO: O DIA DO JULGAMENTO DA NOSSA MORDOMIA
Tribunal de Cristo é o primeiro dos eventos depois do Arrebatamento da Igreja. Paulo refere-se ao Tribunal como o “bema” (2 Co 5.10). O bema era um estrado ou plataforma, utilizado por oradores (púlpito) e atletas (pódio). Os bemas históricos eram plataformas elevadas em que governantes ou juízes se sentavam para fazer discursos (At 12.21) ou julgar casos (At 18.12-17). O Tribunal de Cristo é visto por alguns apenas como um lugar de recompensas (LAHAYE, 2009, p. 462). Paulo, entretanto, chama-o de um lugar de compensação. O Senhor atenta para o que fazemos, seja bom ou mau e seremos compensados de acordo com nossas obras (1 Co 3.10-15) (Ídem, 2009, pp. 204, 205).


V. O QUE SERÁ JULGADO DA NOSSA MORDOMIA
No Arrebatamento, Jesus, que conhece as nossas obras (Ap 2.2,9,13,19; 3.8,15), trará consigo o resultado, a avaliação de nosso trabalho. Existem cinco critérios deste julgamento que envolvem: a) a “lei da liberdade cristã” (Tg 2.12); b) a qualidade do trabalho que fazemos para Deus (Mt 20.1-16); c) o “material” empregado no trabalho feito para Deus (1Co 3.8,12-15); d) a conduta do crente por meio do seu corpo (2 Co 5.10); e, e) os motivos secretos do nosso coração (1 Co 4.5; Rm 2.16) (GILBERTO, 2009, p. 376). O propósito do julgamento dos crentes diante do Tribunal de Cristo é determinar se as obras de cada um foram dignas ou não. A avaliação incluirá as obras em si, o zelo com que foram realizadas e o que as motivou. Vejamos:

1. As obras.
Aquilo que uma pessoa faz por Deus é registrado em um memorial diante do Senhor dos Exércitos (Ml 3.16- 18). As Escrituras prometem recompensas específicas para obras específicas (Mt 5.11-12; Lc 6.21-22; 14.12-14). Deus recompensará os crentes por todas as ações que tiverem mérito ou valor eterno.

A) As boas obras.
Boas obras do grego “agathos” podem ser definidas como aquelas que têm sido “manifestas, porque feitas em Deus” (Jo 3.21; Ef 6.7-8; 1 Ts 1.3). As boas obras são representadas por ouro, prata e pedras preciosas. As boas obras também são chamadas de “fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus” (Fp 1.11; 2.13).

B) As más obras.
Paulo falou sobre a possibilidade de ser “reprovado” ao não conseguir viver fielmente (1Co 9.24-27). Más ações do grego “phaulos” são desprezíveis aos olhos de Deus. Podem ser chamadas de “obras mortas” ou “obras da carne”. O perigo de produzir obras da carne reside no fato de que o trabalho do crente acaba sendo em vão, inútil ou vazio (1 Co 15.58; 1 Tm 6.20; 2 Tm 2.16; G1 4.9; Tt 3.9; Tg 1.26). Obras más não possuem qualidade, por isso são caracterizadas como madeira, feno e palha que são materiais de pouco valor ou durabilidade. Estas são as ações produzidas a partir de motivações erradas (1 Jo 2.28).

2. A Motivação.
Deus sonda a nossa mente e o nosso coração a fim de nos determinar a recompensa. A motivação de nossas obras também será revelada no Tribunal de Cristo (Lc 12.2-3). O propósito ou motivação de um coração legitima ou invalida os atos de uma vida (Mt 5.16; 6.1-21). Quando as obras são feitas para que outros as vejam, perdem-se as recompensas, pois, os desígnios do coração do homem serão manifestos. (1 Co 4-5; Ap 2.23). Embora um serviço exercido por motivos errados possa resultar na perda de recompensas, ele ainda pode ter efeitos eternos (Fp 1.14-19).


CONCLUSÃO
Deus exige fidelidade de todos aqueles que professam ser seus servos; para os que assim procedem, Ele tem reservado um dia, em que por meio de Seu Filho, Jesus Cristo, recompensará a cada mordomo. 



REFERÊNCIAS
Ø  GILBERTO, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø  LOCKYER, John. Todas as Parábolas da Bíblia. VIDA.
Ø  PENTECOST, J. Dwight. Manual de Escatologia. VIDA.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.



Por Rede Brasil de Comunicação.

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