sábado, 11 de abril de 2020

LIÇÃO 02 – A SUBLIMIDADE DAS BÊNÇÃOS ESPIRITUAIS EM CRISTO (SUBSÍDIO)





Ef 1.3,4,9-14



INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos a definição da palavra “bênção”; pontuaremos as bênçãos de Deus ministradas por meio da santíssima Trindade destacando cada uma das pessoas; mostraremos que Deus planejou de antemão conceder bênçãos espirituais aos seus servos e que essas bênçãos revelam a grandeza, a excelência e a perfeição do projeto divino.


I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA BÊNÇÃO
A palavra “benção” segundo o dicionarista Houaiss significa: “graça concedida por Deus” (2001, p. 432). Teologicamente benção significa: “todo e qualquer bem dispensado por Deus ao homem” (ANDRADE, 2006, p. 81 – acréscimo nosso). A palavra grega é “eulogia” que significa: “benefício, graça divina”. No capítulo 1 de Efésios Paulo destacou a fonte das bênçãos: “Deus pai”; a natureza das bênçãos: “bênçãos espirituais”; e, por fim, a esfera das bênçãos: “nos lugares celestiais”. Matthew Henry (2008, p. 578) alerta que: “deveríamos aprender a reconhecer as coisas espirituais e celestiais como as coisas principais, as bênçãos espirituais e celestiais como as melhores bênçãos”.


II. AS BÊNÇÃOS DE DEUS MINISTRADAS POR MEIO DA SANTÍSSIMA TRINDADE
O crente é apresentado como o recipiente de toda sorte de bênção espiritual (Ef 1.3). O Pai decidiu redimir as pessoas para si próprio (Ef 1.3-6); o Filho, pelo preço de sua morte sacrificial, também é o Redentor, e aquEle através do qual a Igreja é a escolhida (Ef 1.7-12), e o Espírito Santo aplica a presença viva e a obra de Cristo à Igreja e à experiência humana (Ef 1.13-14) (ARRINGTON, 2003, p. 1197). Todas as três Pessoas da Santíssima Trindade participam desta provisão de bênçãos espirituais. Notemos:

1. O Pai, a fonte das bênçãos.
Paulo iniciou a epístola aos Efésios reconhecendo e louvando o Pai como a fonte de todas as bênçãos: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou [...]” (Ef 1.3). Bendito é, em grego, “eulogetos”, que é palavra composta de “eu”, que significa “bem”, e “logetos”, que significa “falar”. Literalmente, o grego transmite a ideia de “falar bem” ou “elogiar” (BEACON, 2006, p. 119). O apóstolo bendiz ao Pai porque Ele nos bendisse: “o qual nos abençoou” (Ef 1.3b); e, isto Ele fez “para louvor e glória da sua graça” (Ef 1.6). Tiago nos diz que: “toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tg 1.17).

2. O Filho Jesus, o agente e a condição das bênçãos.
As bênçãos decorrentes da salvação são condicionais, ou seja, elas são pertencentes àqueles que estão em Cristo: “Bendito o Deus e Pai [...] o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef 1.3). A expressão “em Cristo” aparece aproximadamente 30 vezes na epístola inteira, e as expressões relacionadas — “nele”, “em quem” e “no qual” — ocorrem 11 vezes (Ef 1.1,3,4,5,6,7,9,10,12 e 13). Esses dois vocábulos “em Cristo” aparecem 164 vezes nas epístolas paulinas. Isso significa que é exclusivamente em conexão com Cristo que somos abençoados com todas as bênçãos espirituais. Em termos gerais, revela que nenhuma dessas maravilhosas dádivas seria possível sem Cristo (BAPTISTA, 2020, p. 25).

3. O Espírito, o aplicador das bênçãos.
O Pai a planejou a salvação, o Filho a providenciou e o Espírito Santo a aplicou. É a terceira pessoa da Trindade quem nos leva a nos apropriarmos dessas bênçãos, sendo o selo, a garantia de que somos sua propriedade (Ef 1.13); e, o penhor da nossa herança (Ef 1.14).


III. AS BÊNÇÃOS QUE OBTIVEMOS DO PAI
1. Ele nos elegeu (Ef 1.3,4).
A primeira coisa que Paulo destacou como bênção, é que o Pai nos elegeu (Ef 1.3). A expressão grega que aparece é “eklegomai” que significa: “selecionar, escolher, escolher para si mesmo”. É bom dizer que essa escolha foi baseada na presciência divina, atributo que lhe dá condições de antever as coisas antes que aconteçam. Deus viu aqueles que, mediante a pregação evangélica, receberiam a Cristo como Salvador e a estes Ele elegeu: “Eleitos segundo a presciência de Deus [...]” (1 Pe 1.2). Confira ainda: (Rm 8.29). Certo teólogo disse: “a eleição ou escolha de Deus não é arbitrária, de forma que alguns sejam destinados à salvação e outros à perdição, sem levar em conta a disposição de cada indivíduo. O âmbito da salvação é a todos os homens, como a Bíblia copiosamente declara (Jo 3.16; Rm 10.13). Os eleitos são constituídos, não por decreto absoluto, mas por aceitação das condições do chamado de Deus, as quais são arrependimento (Mt 4.17; 9.13; Lc 24.47; At 2.38; 3.19; 8.22) e da fé (Mc 16.16; Rm 10.9; Ef 2.8)” (BEACON, 2006, p. 121 – acréscimo nosso). É bom destacar também que o apóstolo deixou claro que esta eleição foi: a) coletiva, não individual: “nos elegeu”; b) condicional: “nos elegeu nele” (em Cristo); e, c) proposital: “para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade” (Ef 1.4b).

2. Ele nos adotou (Ef 1.5).
Em Efésios 1.4,5 está escrito que fomos predestinados por Deus para adoção de filhos “e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo […]”. A palavra grega traduzida para “adoção” é “huiothesia” é uma palavra composta formada de “huios” que significa: “filho”, e “thesis” que por sua vez é “posição ou colocar” (Rm 8.15,23; 9.4, Gl 4.5; Ef 1.5). Portanto, seu sentido primário é: “colocar como filho”, “dar a alguém a posição de filho”. Os principais textos que tratam dos crentes como filhos de Deus são (Ef 1.5; Gl 4.4,5; Rm 8.15-17; Jo 1.12; 2 Co 6. 18; Rm 8.15; 23; Gl 4.6; Hb 12.6; Hb 6.12; 1Pe 1.3,4; Hb 1.14). Como consequência dessa filiação, o crente passa a ter todos os direitos e privilégios de filho: “E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo […]” (Rm 8.17). O status de filhos traz-nos alguns privilégios, a saber: a) tratar a Deus como Pai nas nossas orações e de receber o perdão de nossos pecados (Mt 6.9); b) ter o testemunho do Espírito acerca da nossa salvação, o qual clama “Aba, Pai”, dando-nos o testemunho de que somos filhos de Deus (Rm 8.15,16); c) sermos amados por ele, enquanto ignorados pelo mundo (1Jo 3.1); d) ter o privilégio de sermos guiados pelo Espírito Santo (Rm 8.14), e) gozamos do cuidado do Pai (Mt 6.32) e da liberdade de lhe pedir o suprimento das nossas necessidades (Mt 7.11); f) podemos lhe pedir o Espírito Santo (Lc 11.13) e gozarmos do direito a ter uma herança nos céus (G1 4.7; 1Pd 1.4).

3. Ele nos fez agradáveis (Ef 1.6).
O pecado nos tornou inimigos de Deus (Rm 5.10), pois estávamos fazendo o que agradava a nossa carne e desagradava a Deus, sendo assim por natureza filhos da ira (Ef 2.3). No entanto, ao recebermos Cristo, como nosso Salvador, Ele nos tornou agradáveis a Deus, por Sua graça maravilhosa: “Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado” (Ef 1.6).


IV. AS BÊNÇÃOS QUE OBTIVEMOS DO FILHO
Ainda no capítulo primeiro da epístola aos Efésios, Paulo elencou as bênçãos que recebemos por meio do Filho de Deus, Jesus Cristo. Vejamos:

1. Ele nos redimiu (Ef 1.7a).
Paulo diz que Jesus nos redimiu (Ef 1.7-a). Aqui, a palavra-chave é redenção no grego “apolytrosis”. E o substantivo do verbo “apolytroo”, que no grego clássico significa “libertar por meio de resgate”. Era termo usado para falar de “comprar de volta um escravo ou cativo, libertá-lo mediante o pagamento de um resgate” (BEACON, p. 124). Paulo diz que Cristo nos resgatou com o preço de sangue (Ef 1.7). Outras passagens paulinas também enfatizam a questão do custo (1 Co 6.20; 7.23; 1Tm 2.6), coisa que o próprio Jesus afirmou (Mt 20.28). Os fariseus fizeram a observação de que nenhum homem pode perdoar pecados a não ser Deus (Mc 2.7). O fato do Senhor Jesus Cristo perdoar é evidência de que é Deus (Mc 2.10).

2. Ele nos congregou (Ef 1.10).
Paulo afirmou que Cristo veio “congregar” em si todas as coisas (Ef 1.10). A palavra grega “anakephalaiõsasthai” que significa: “fazer convergir”, e era usada no sentido de juntar várias coisas e apresentálas como sendo uma só (FOULKES, 2011, p. 45). Devido ao pecado, vieram ao mundo desordem e desintegração intermináveis; mas ao final, todas as coisas serão restauradas à sua função original e à sua unidade pelo fato de terem sido trazidas à obediência a Cristo (Cl 1.20). A expressão “todas as coisas” inclui “tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” (Cl 1.16-19) e devem ser reunidas em Cristo.


V. AS BÊNÇÃOS QUE OBTIVEMOS DO ESPÍRITO SANTO
Nessa última estrofe da doxologia de Efésios, o Espírito Santo pelo menos recebe duas designações: “um selo e uma garantia” (Ef 1.13,14). Notemos:

1. O Espírito Santo como um selo (Ef 1.13).
Os que recebem o Espírito Santo são identificados por Deus como pertencentes a Cristo. Esses crentes são “selados” como propriedade particular de Cristo no momento da conversão (Ef 1.13; 4.30). Acerca do selo, convém afirmar que:
a) O selo fala de um direito de posse. Deus nos selou com o seu Espírito porque agora somos seus (1 Co 6.19).
b) O selo fala de segurança e proteção. O selo romano sobre a tumba de Jesus era a garantia de que ele não seria violado (Mt 27.62-66). Assim o crente pertence a Deus (1 Co 6.19).
c) O selo fala de autenticidade. Fomos selados com o Espírito Santo (Ef 4.30), como propriedade de Deus (Rm 8.9).

2. O Espírito é o penhor (Ef 1.14).
O penhor era o primeiro pagamento efetuado na aquisição de uma propriedade. Paulo usou em suas epístolas a linguagem de que o Espírito Santo nos foi dado como penhor (2 Co 1.22; 5.5; Ef 1.14), deixando claro que o Senhor deu-nos o Espírito Santo, como garantia de que somos sua propriedade exclusiva.


CONCLUSÃO
Vimos nesta lição que Deus planejou de antemão conceder bênçãos espirituais aos seus servos. Essas bênçãos revelam a grandeza, a excelência e a perfeição do projeto divino. O plano de salvação arquitetado pelo nosso Criador é algo incomensurável. Em Cristo, Ele estava reconciliando o mundo consigo mesmo. Essa é uma doutrina gloriosa que revela o imenso amor de Deus. Em Cristo, fomos eleitos para desfrutar desse maravilhoso plano.



REFERÊNCIAS
Ø  ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø  GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.


Por Rede Brasil de Comunicação.


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