sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

LIÇÃO 01 - A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO (SUBSÍDIO)





 
Jo 14.16-18,26; 16.14

 
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos de maneira introdutória a doutrina da Pneumatologia; estudaremos sobre a interrelação do Espírito Santo com as pessoas da Trindade; notaremos o Espírito Santo como um ser pessoal e divino; pontuaremos quais pecados podem ser cometidos contra o Espírito Santo; e por fim, analisaremos a possibilidade da adoração ao Paracleto Divino.
 
 
I. PNEUMATOLOGIA: O ESTUDO SOBRE O ESPÍRITO SANTO
1. A doutrina do Espírito Santo.
Na Teologia, a doutrina do Espírito Santo é conhecida como “Pneumatologia”. O termo vem de “pneuma” (ar, vento, espírito), cognato do verbo “pnéo” (respirar, soprar) ou conhecida também como: “Pneumagiologia”. Já este termo procede da junção de três palavras gregas: “pneuma” (espírito), “hagios” (santo) e “logia” (estudo). Porém, o termo preferido dos estudiosos da Bíblia é “Paracletologia”. A palavra, “parákletos” encontrada apenas no evangelho e na epístola de João (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7; 1Jo 2.1), procede de duas palavras gregas: “pará” (para o lado de), e “kaléo” (chamar) que significa: “alguém que é chamado para estar ao lado de outro para ajudá-lo como um advogado” (SILVA, 1996, p.11). “O Espírito Santo é a pessoa específica da Trindade que mais atua em nós” (SOARES, 2020, p. 14).
 
 
II. O ESPÍIRTO SANTO E A INTERRELAÇÃO COM AS PESSOAS DA TRINDADE
O nome Espírito Santo vem do hebraico “ruah kadosh” e do grego “pneuma hagios”. Ele é Deus, igual com o Pai e o Filho, e formam uma só divindade, pois eles são “allos” palavra grega que denota “da mesma natureza, da mesma espécie e da mesma qualidade”; diferente de “heteros” que denota “ser de espécie diferente”. Ao chamar o Espírito Santo de “allon parakleton”, Jesus afirmou que tudo quanto pode ser afirmado a respeito de sua natureza pode ser dito do Espírito (HORTON, 2006, p. 2006).
 
1. O Espírito Santo e a Doutrina da Trindade.
As Escrituras ensinam que Deus é um (Dt 4.35; 6.4; Is 37.16), contudo, a unidade divina é uma unidade composta de três pessoas, que são: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo (Mt 28.19; 1 Co 12.4-6), que cooperam unidos em um mesmo propósito, onde não existe nenhum tipo de hierarquia ou superioridade entre eles; não se tratando também de três deuses (triteísmo) e nem três modos ou máscaras de manifestações divinas (unicismo), antes, são três pessoas, mas um só Deus (Jo 10.30). Deus é uno em essência ou substância, indivisível em natureza e que subsiste eternamente em três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, iguais em poder, glória e majestade e distintas em função, manifestação e aspecto [...] Uma só essência, substância, em três pessoas [...] as três pessoas associadas em unidade e igualdade (SOARES Org, 2017, p. 39,40 – grifo nosso). Cremos que a doutrina da santíssima Trindade é uma verdade bíblica, conforme definida no Credo de Atanásio: “A fé universal é esta: que adoremos um Deus em trindade, e trindade em unidade; não confundimos as Pessoas, nem separamos a substância”. O relacionamento do Espírito Santo com o Pai e com o Filho revela a sua divindade e a sua consubstancialidade com Eles. Há um só Deus que subsiste em três pessoas distintas (Mt 28.19, 1Co 12.4-6; 2Co 13.13; Ef 4.4-6; 1Pe 1.2) (SOARES Org, 2017, pp. 41,42).
 
2. O Espírito Santo e a doutrina Pericorese.
Pericoresis vem de três termos grego: “peri” = “periferia”, “coré” = “coreografia ou dança” e “esis” = “expressa uma ação”. Pericoresis é a união íntima intratrinitariana entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, ou seja, é a habitação das Pessoas da Trindade uma na outra. É uma dança eterna, harmônica e perfeita das três pessoas da Santíssima Trindade”. O termo se refere à mútua e íntima interpenetração das três pessoas da Trindade (Jo 10.30; 14.10,16,17,20,23; 17.5,21; 2Co 2.10,11) (SOARES, 2020, p. 24). Há uma absoluta igualdade dentro da Trindade, e nenhuma das três Pessoas está sujeita, por natureza, à outra, como se houvesse uma hierarquia divina [...]. A subordinação do Filho não compromete a sua deidade absoluta e, da mesma forma, a subordinação do Espírito Santo ao ministério do Filho e ao Pai não é sinônimo de inferioridade (SOARES, Org, 2017, pp. 41,42 - grifo nosso). A tradição teológica tem interpretado esta coabitação entre as pessoas da Trindade como “interpenetrados” onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo não apenas envolvem um ao outro, mas eles também entram um no outro, permeando-se entre si, e habitam um no outro (SOARES, 2017, pp. 77,78). As três Pessoas são iguais e não há entre elas primeiro e último. Existem diversos textos em que o Espírito Santo é citado na Trindade como a primeira pessoa (Is 61.1; 1Co 12.4-6; Ef 4.4-6); como a segunda pessoa (Mt 3.16,17; 1Co 12.12,13; 1Pe 1.2); e como a terceira pessoa (Mt 28.19; At 10.38; 2Co 13.13; Mt 10.20; Rm 8.9; 1Co 2.11,12; Gl 4.6). “Logo, o Espírito Santo é da mesma substância, da mesma espécie, de mesmo poder e glória do Pai e do Filho” (SOARES Org, 2017, p. 67 – grifo nosso).
 
 
III. O ESPÍRITO SANTO COMO UM SER PESSOAL
Uma pessoa é um ser consciente, com arbítrio próprio e, por isso, partindo do princípio que apresenta plena capacidade mental, é responsável pelos seus atos. A Bíblia ensina que o Espírito Santo é uma pessoa, pois possui características pessoais: sentimento (emoção), intelecto (inteligência) e vontade (arbítrio). A Bíblia mostra o Espírito Santo como uma pessoa porque Ele:
 

Fala (2Sm 23.2; Hb 3.7; Ap 2.7,11,17);

Guia (Jo 16.13; At 8.29; Rm 8.14);

Pode ser resistido (At 7.51);

Intercede (Rm 8.26);

Impede (At 16.6,7);

Pode-se mentir a Ele (At 5.3,4);

Testifica (Jo 15.26; Rm 8.16);

Tem vontade (Jo 3.8; 1Co 12.11);

Tem emoções (Is 63.10; Ef 4.30);

Ama (Rm 15.30);

Lembra (Jo 14.26);

Pode-se blasfemar dele (Mt 12.31,32);

Ensina (Ne 9.20; Jo 14.26; 1Co 2.13);

Convence (Ne 9.30; Jo 16.7,8);

Realiza milagres (At 8.39);

Revela (At 10.19-21; Ef 1.17);

Lidera (Jo 16.13,14);

Pode-se insultar dele (Hb 10.29);

Escolhe (At 13.2; 20.28);

Julga (At 15.28);

Advoga (At 5.32);

Clama (Gl 4.6; 1Tm 4.1);

Envia (At 13.2-4);

Convida (Ap 22.17);

Tem inteligência (Is 11.2);

Consola (Jo 14.16, 15.26; At 9.31);

Ele é bom (Sl 143.10).

 
 
IV. O ESPÍRITO SANTO COMO UM SER DIVINO
A asseidade serve para designar “o atributo divino segundo o qual um ser existe por si mesmo e não precisa de outro para existir”. Assim como o Pai e o Filho, o Espírito Santo é autoexistente. Ou seja: ele não depende de nada fora de si para existir. Ele sempre existiu; é um ser incausado: “[...] pelo Espírito eterno” (Hb 9.14). Em toda a Bíblia, podemos ver claramente que o Espírito Santo é Deus (BERGSTÉN, 1999, p. 97). Vejamos alguns atributos divinos do Espírito Santo:
 

Ele é o Espírito de Deus (Gn 1.2; 1Co 3.16, 6.11; 2Co 3.3);

Ele é o Altíssimo (Lc 1.35);

Ele é o Espírito de Cristo (Rm 8.9; 1Pe 1.11);

Ele é Criador (Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 104.24,25,30);

Ele é o Espírito de Jesus (At 16.7);

Ele é Eterno (Hb 9.15);

Ele é o Espírito do Senhor (Jz 6.34; 15.14; 16.20; 2Sm 23.2,3);

Ele é Deus (At 5:3,4);

Ele é o Espírito de seu Filho (Gl 4.6);

Ele gerou Jesus (Mt 1.20; Lc 1.35);

Ele é o Espírito de vida e da verdade (Rm 8.2; Jo 14.16,17);

Ele ressuscitou Jesus dentre os mortos (1Pe 3.18);

Ele é o Espírito da Graça e da Glória (Hb 10.29; 1Pe 4.14);

Ele estar junto com o Pai e o Filho (Mt 28.19; 2Co 13.13);

Ele é Onipresente (Sl 139.7-10);

Ele é doador de vida (Jó 33.4; Sl 104.30);

Ele é Onisciente (Is 40.13; 1Co 2.10-12);

Ele é inspirador da Bíblia (1Pe 1.11; 2Pe 1.21; 2Tm 3.16);

Ele é Onipotente (Lc 1.35; 1Co 12.11);

Ele é o Espírito lá do Alto (Is 32.15).

 
 
V. PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO
Além da blasfêmia contra o Espírito Santo, considerado o mais grave dos pecados, há outras ofensas. Vejamos:
 
1. Resistir ao Espírito Santo (At 7.51).
Este foi o pecado que caracterizou os filhos de Israel quer no Antigo, quer no Novo Testamento. O que significa resistir ao Espírito Santo? Significa opor-se, consciente e premeditadamente, contra a ação regeneradora e santificadora do Espírito: “[...] vós sempre resistir ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais”.
 
2. Entristecer o Espírito Santo (Is 63.10; Ef 4.30).
Entristecer o Espírito Santo é opor-se a Ele; é ignorar-lhe a vontade e adotar o mundanismo como norma de vida. Aos irmãos de Éfeso, exorta Paulo: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção” (Ef 4.30).
 
3. Blasfemar contra o Espírito Santo (Mt 12.32; Hb 10.29).
Os fariseus diziam grosseiramente, que Jesus expulsava os demônios com o poder de Belzebu. A advertência que lhes dirigiu o Senhor foi mais do que enérgica; foi sentencial: “Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens” (Mt 12.31). A explicação do sumo sacerdote, Eli, ao repreender os seus filhos profanos: “Pecando homem contra homem, os juízes o julgarão; pecando, porém, o homem contra o SENHOR, quem rogará por ele?” (1Sm 2.25).
 
 
VI. A ADORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO
A Declaração de Fé das Assembleias de Deus cita o Credo Niceno-Constantinopolitano ao afirmar a adoração ao Espírito Santo: “Cremos no Espírito Santo, o Senhor e vivificador, o que procede do Pai e do Filho, o que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado” (apud SOARES Org, 2017, p. 70 - grifo nosso). “O Espírito Santo é objeto de nossa fé, oração e adoração” (SOARES, 63a EBO- IEADPE, 2019, p. 51). O Espírito Santo não é apenas objeto de nossa fé, mas também de nossa oração e adoração (HORTON, 1996, p. 177 – grifo nosso). “Sobre a ‘comunhão com o Espírito Santo’ (2Co 13.13), a Bíblia mostra que Ele é não apenas objeto de nossa fé, mas também de nossa oração e adoração” (SOARES, 2020, p. 18). Portanto, quando adoramos a Deus estamos glorificando as três pessoas simultaneamente como bem ensina a Harpa Cristã número 10: “Glória, glória ao Pai bendito, glória, glória a Jesus; glória dai ao Santo Espírito. Ao Deus trino, nossa luz”.
 
1. Uma pessoa divina é digna de adoração.
É comum dizer que o Espírito Santo não deve ser adorado porque “ele glorifica a Cristo”. É, na verdade, um pensamento equivocado, pois se Ele é Deus, nisso por si só, a sua adoração é aceitável, não existe na fé cristã um deus de segunda categoria, um que deve ser adorado e outro não [...] (SOARES, 2020, p. 25 – grifo nosso). Somos ordenados a adorar a Deus (Sl 18.3; 48.1; Mt 4.10, Ap 19.10; 22.9). O Espírito Santo é chamado de Senhor nas Escrituras: “Ora, o SENHOR é o Espírito” (2Co 3.17 - ARA). Se, então, o Espírito Santo é Deus (2Sm 23.2,3), como uma pessoa da Trindade, então, Ele é digno de adoração. O Espírito Santo possui a natureza da divindade - Ele compartilha os atributos de Deus. Ele não é nem angélico nem humano, mas na sua essência Ele é divino (At 5.3,4). Paulo mostra claramente que as três pessoas da Trindade são adoradas: O Pai (Gl 1.3-6); o Filho (Gl 1.7-12); e, o Espírito Santo (Ef 1.13,14). Nestas passagens percebemos a Divindade nas três pessoas de maneira distinta em prol da salvação do homem. Em todas as três funções os três são dignos do mesmo louvor, glória e adoração.
 
 
CONCLUSÃO
Sendo o Espírito Santo Deus, seria impossível defini-lo ou descrevê-lo em Sua plenitude. Por isso, procuramos apenas descrever alguns atributos, bem como algumas de suas atividades que foram registradas nas Sagradas Escrituras sem esquecer-nos, no entanto, de que esta atuação não se limita às experiências que foram registradas nas páginas das Escrituras; pois, Ele continua agindo, de maneira atuante e marcante, na vida dos pecadores, e, principalmente, dos servos de Deus, espalhados por todo o mundo.
 
 
 
REFERÊNCIAS

Ø  ANDRADE, Claudionor Correia de. Dicionário Teológico. CPAD.

Ø  PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Vida.

Ø  BÉRGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.

Ø  SOARES, Ezequias. O Verdadeiro Pentecostalismo. CPAD.

Ø  HORTON, Stanley. O que a Bíblia diz sobre o Espírito Santo. CPAD.

Ø  SOARES, E. (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.

Ø  HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. CPAD.

Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

 
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.



Nenhum comentário:

Postar um comentário