sábado, 13 de julho de 2024

LIÇÃO 02 – O LIVRO DE RUTE

 
 



Rt 1.1-5
 
 

INTRODUÇÃO
Hoje iniciaremos o estudo sobre o belíssimo livro de Rute, O livro de Rute pertence aos livros do A.T. chamados de “Megilloth” ou “cinco rolos” (Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester); lidos respectivamente em cinco ocasiões especiais durante o ano no calendário festivo de Israel, sendo o livro de Rute lido na festa da Colheita (Pentecostes). Nesta aula conheceremos um pouco mais deste livro, falaremos sobre o período em que foi escrito, e traremos uma visão panorâmica dos eventos narrados neste livro inspirado pelo Espírito Santo para nos ensinar sobre o grande amor de Deus pelas nações.


I. INFORMAÇÕES FUNDAMENTAIS DO LIVRO
1. Título.
O nome “Rute” significa “amizade”, uma característica verdadeira daquela que deu nome ao livro. É um dos seis livros históricos que levam o nome das principais figuras de ação e vida descritas neles (Josué, Rute, Samuel, Esdras, Neemias e Ester). É um dos dois livros bíblicos que levam o nome de uma mulher: 1) Rute, a gentia que se casou com um rico judeu de linhagem real da promessa; e, 2) Ester, a judia que se casou com um rei gentio (Eliesse, 2023, p. 102).
 
2. Autoria.
Não sabemos ao certo quem foi o escritor desse livro. A maioria dos estudiosos, entretanto, o atribui a Samuel. Leon Morris diz que o estilo literário e linguístico de Rute se parece muitíssimo com o livro de Samuel. O Talmude, escrito no segundo século da era cristã, atribui esse livro também a Samuel. (Lopes, 2007, p. 13). Muitos acreditam que este e mais um apêndice ao livro de Juízes, para demostrar a fidelidade de Deus ao remanescente.
 
3. Estilo literário.
Embora o livro de Rute, como ele aparece agora, indubitavelmente seja prosa, subjaz nele um original poético. O autor chama a atenção aos muitos paralelismos, à ocorrência de muitas frases e palavras poéticas, à maneira como várias cenas, na história, adequam-se ao tratamento poético, e as muitas passagens que os eruditos têm considerado como poesia pura. Ê possível, pelo menos, que algumas partes do livro em alguma época fossem poesia (Morris, 2002, p.227).
 
4. Tema e pontos principiais.
O Tema central de Rute e o Amor de Rute por Noemi e sua inclusão na linhagem Dravídico. O livro trata acerca das consequências de longo prazo das decisões que tomamos. Muitas vezes, as consequências não são aquelas que esperávamos e antecipávamos. Ainda assim, nossa vida sofre as consequências das decisões que tomamos e dos momentos decisivos pelos quais passamos. O Livro de Rute nos mostra que nossas ações têm consequências. Contudo, nossa vida não é simplesmente a consequência das várias decisões que tomamos e dos acontecimentos que tiveram lugar, como se o universo fosse um supercomputador gigante que abasteceríamos com todas as variáveis e ele nos daria uma resposta previsível. Há um misterioso fator X que é evidente no Livro de Rute - uma variável que tem o poder de mudar tudo. Trata-se da graça de Deus, que direciona os resultados dos acontecimentos e das decisões tomadas de acordo com a soberania dele e seu bom proposito para seu povo. Essa graça nem sempre é evidente para as pessoas que estão envolvidas na situação no momento. No entanto, ela está sempre lá, seja reconhecida ou não. Em última análise, para nós, cristãos, a graça de Deus sempre é o elemento definidor da nossa vida. (Duguid, 2016, p. 132).
 
5. ponto de destaque.
Vale a pena notar que os três principais personagens do livro se caracterizam por serem responsáveis a respeito de suas obrigações para com a família. Rute não se esquece de seus deveres para com Noemi e, consequentemente, para com Elimeleque; Noemi procura um casamento que preserve o nome do esposo falecido, enquanto Boaz casa-se com a moabita a fim de suscitar descendência aquele que morrera. É mais plausível dizer que este livro estabelece as obrigações piedosas dentro da família, ao invés de considerá-lo uma história sobre a amizade. (MORRIS, 2002, p. 225).

 
II. CONHECENDO A HISTÓRIA DENTRO DO LIVRO DE RUTE.
1. Tempo dos Juízes (Rt. 1.1).
“E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra [...]” (Rt 1.1a). Assim se inicia o livro de Rute, relatando uma grande crise econômica que afetou a cidade de Belém antigamente chamada de Efrata (Gn 35.19; 48.7; Rt 4.11). Tal situação se instaurou não somente por causas naturais, mas porque nesse período dos juízes o povo de Israel diversas naufragou na fé dando as costas para Deus adorando aos ídolos e vivendo de forma desregrada (Jz 2.11; 3.7,12; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1; 17.6). Deus puniu o seu povo como havia prometido (Dt 28.15-68). Este período vai da morte de Josué até o fim do governo de Samuel. A forma de governo era teocrática, isto e, Deus era o governante direto da nação. Nesse período houve um ciclo vicioso com a nação de Israel: Israel fazia o que era mau aos olhos do Senhor (Jz 2.11; 3.7); o Senhor lhes entregava nas mãos dos inimigos; o povo, então, se arrependia dos seus pecados e clamava a Deus; e Deus levantava um juiz que julgava o povo, e subjugava seus inimigos (Jz 2.16). Enquanto aquele juiz julgava, o povo temia ao Senhor. Porém, após a morte do juiz, o povo tornava a fazer o que parecia mal aos olhos do Senhor.
 
2. A família de Elimeleque (Rt 1.1,2).
Entre os belemitas destaca-se nesse período a família de Elimeleque cujo nome significa: “Deus é rei”. Esse homem era casado com uma mulher chamada Noemi que significa: “agradável”. Com ela teve dois filhos, a saber: Malom que quer dizer: “doentio” e Quiliom “definhante”. Os nomes dos filhos podem revelar que ambos tinham a saúde debilitada.
 
3 A decisão de Elimeleque (Rt 1.1).
Quando Elimeleque, o pai de família, viu a crise econômica chegar em Belém, se viu na responsabilidade de como mantenedor da família tomar uma decisão que viesse resolver este problema. A Bíblia diz que ele resolveu fugir da crise indo para a terra de Moabe. Segundo Lopes (2012, p. 24), “quando falta pão na Casa do Pão, a solução não é abandonar Belém, mas esperar a intervenção de Deus”. Moabe ficava num planalto a leste do mar Morto, a uns oitenta quilômetros de Belém. O motivo da atitude de Elimeleque era nobre, proporcionar sustento a sua família, todavia, a atitude de fuga da adversidade e o lugar para onde este patriarca se dirigiu nos mostram quão grande erro cometeu. Por exemplo: a) a Bíblia nos informa que Moabe foi um filho de Lo, o fruto de um relacionamento incestuoso de Lo com uma de suas filhas (Gn. 19.36,37); b) os moabitas pagaram a Balão para amaldiçoar Israel, durante a peregrinação de Israel a Canaã (Nm. 22.1-8); c) sob circunstâncias normais os moabitas eram excluídos da participação da vida nacional e cooperativa de Israel (Dt 23.3-6). e, d) Na batalha contra Josafá os moabitas se aliaram com os Amonitas e os edomitas para virem contra Judá (2Cr 20.1). E sempre muito perigoso para o crente “peregrinar” por qualquer lugar sem a orientação divina, ainda mais sabendo de antemão que determinado lugar e hostil a fé que professamos. A voz da necessidade não pode ser mais forte que a voz de Deus para nos dirigir.
 
4. As crises na família de Elimeleque (Rt 1.3-5).
Elimeleque saiu de Belém para resolver uma dificuldade e acabou contraindo mais problemas. Saiu para peregrinar em Moabe, no entanto, passou ali quase “dez anos” (Rt 1.4). Nesse período ele veio a falecer (Rt 3.1); seus filhos casaram-se com mulheres que não eram de Israel (Rt 1.4); depois, seus filhos também morreram (Rt 1.5-a). “o talmude considera isto punição por terem deixado Judá” “(Cundall apud Bathra, 1986, p.235). O texto bíblico narra a situação que ficou Noemi “ficando assim a mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido” (Rt 1.5-b). Nenhuma família se prepara para a morte de um dos membros. Tal situação desestabiliza o homem física, emocional, financeira e algumas vezes espiritualmente. Precisamos estar prontos para enfrentar estas dificuldades contando sempre com a graca de Deus (2Co 12.9).


III. O DEUS QUE CONTROLA A HISTÓRIA
O Livro de Rute começa com três funerais, mas termina com um casamento. O primeiro capítulo registra um bocado de choro, mas o último traz superabundância de alegria (Wiersbe, 2006, p. 192). Rute recebeu do Senhor a capacidade para conceber (Rt 4.13). O menino foi motivo de grande alegria para família e vizinhos, em especial sua avó Noemi (Rt 4.14-16). O nome “Obede” significa “servo”. Obede foi o pai de Jesse, avo de Davi, e ancestral do Senhor Jesus (Rt 4.17,21,22; 1Cr 2.12; Mt 1.5; Lc 3.32). Ao ser incluída na arvore genealógica do Messias, Rute passou também a ser uma figura no Antigo Testamento, que aponta para o valor universal da obra redentora de Jesus Cristo. Revelando a verdade que a participação no reino vindouro de Deus e determinada não por sangue ou nascimento, mas, por ajustarmos a vida a vontade do Senhor mediante a obediência que vem pela fé (Rm 1.5).
 
 
CONCLUSÃO
O livro de Rute e da época dos juízes, um período marcado pela ausência de um rei em Israel, quando cada indivíduo seguia seus próprios critérios de conduta. No entanto, através dos acontecimentos aparentemente triviais de uma família modesta, revela-se o plano soberano de Deus. Ele estava orquestrando cada detalhe para assegurar o nascimento de Davi, o futuro rei, e, através dele, do Rei dos reis, Jesus Cristo, o Servo Sofredor. Jesus, vindo de origens humildes, identifica-se plenamente conosco. Essa origem comum permite que Ele se coloque em nosso lugar e se solidarize com nossas fraquezas.
  


 
REFERÊNCIAS
Ø  DUGUI, Lain. M. Estudos bíblicos expositivos em Esther e Rute. Cultura Crista.
Ø  ELLISEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VDA.
Ø  LOPES, Hernandes Dias. Comentário Expositivo Rute. HAGNOS.
Ø  MORRIS, Leon. Introdução e comentário de Juízes e Rute. VIDA NOVA.
Ø  WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo do Antigo Testamento. GEOGRAFICA. 

Por Rede Brasil de Comunicação.




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