sábado, 20 de julho de 2024

LIÇÃO 03 – RUTE NOEMI: ENTRELAÇADAS PELO AMOR



 
 
 
Rt 1.6-8; 14-19
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos que o amor entre Rute e Noemi e o consequente apego entre ambas, foram imprescindíveis para que a trágica experiência de um tríplice luto em família se tornasse numa das Histórias mais belas da Bíblia. A disposição de Rute em seguir a sua sogra, mesmo sem que houvesse qualquer expectativa de um segundo casamento, conduziu essas duas mulheres a uma nova etapa em suas vidas, resultando em restituição, novo casamento, geração de filho, demonstrando claramente que Deus governa o mundo e cuida da família. Veremos nesta aula quem eram Rute e Noemi; o significado do termo “entrelaçadas”; a trágica história marcada pela fome, peregrinação e luto; e, finalmente, falaremos sobre o relacionamento de Rute com a sua sogra Noemi.
 
 
I. DEFINIÇÃO E EXPLICAÇÃO DO TEMA
1. Quem era Rute.
O nome da moabita Rute significa “amizade”. No Antigo Testamento, este vocábulo é encontrado apenas no livro de Rute, e no Novo Testamento ocorre apenas na genealogia de Jesus Cristo, apresentada por Mateus 1.5. Em ambos os casos se referem à mulher moabita que se casou com um israelita que vivia em Moabe, ficou viúva e acompanhou a sogra, chamada Noemi, que retornou para a cidade de Belém, em Judá; ali, posteriormente casou-se com Boaz e teve um filho por nome Obede. A genealogia no final do livro de Rute apresenta seu filho como o avô de Davi.” (Gardner, 1995, p. 560).
 
2. Quem era Noemi.
Tradicionalmente conhecida como a sogra de Rute (Rt 1). Era casada com Elimeleque, com quem teve dois filhos: Malom e Quiliom. Durante um período de fome em Judá, seu esposo levou a família para morar em Moabe, a fim de sobreviver. Com a morte de Elimeleque, Noemi e os dois filhos permaneceram em Moabe, onde os jovens se casaram com duas moabitas, chamadas Rute e Orfa. Depois de viver em Moabe por cerca de dez anos, Malom e Quiliom também morreram; Noemi ficou só, sem marido e filhos. Não conseguiu vislumbrar nenhuma esperança de felicidade adiante dela; por isso, decidiu voltar para Judá.” (Gardner, 1995, p. 493).
 
3. O significado do termo “entrelaçadas”.
Aurélio define como “prender, ligar ou enlaçar um ao outro”, “entretecer”, “entrançar”, “ligar-se”. (Ferreira, 2004, p. 295). “A amizade de Rute e Noemi mostrou-se realmente profunda e surpreendente. Salomão escreveu: “O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade.” (Pv 17.17 – NVI). [...] Rute também estava disposta a enfrentar toda e qualquer dificuldade em nome do sentimento que devotava a Noemi. As expressões “onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu” e “onde quer que morreres, morrerei eu” (Rt 1.16,17) demonstram o grau de companheirismo e comprometimento da jovem moabita, que não ficou somente em palavras, mas transformou-se em atitudes concretas por toda a vida.” (Queiroz, 2024, p. 41).
 
 
II. UMA TRÁGICA HISTÓRIA MARCADA PELA FOME, PEREGRINAÇÃO E LUTO
Por conta de uma fome que ocorreu em Judá, Elimeleque, sua esposa Noemi e seus dois filhos Malom e Quiliom foram peregrinar nas terras de Moabe (Rt 1.1). Nesse período Elimeleque veio a falecer (Rt 1.3); seus filhos casaram-se com duas mulheres moabitas: Orfa e Rute (Rt 1.4). Depois disso morreram também os dois filhos de Noemi (Rt 1.5). O texto bíblico narra a situação que ficou Noemi: “ficando assim a mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido.” (Rt 1.5). Se perder o marido e ficar viúva já era difícil para uma mulher que peregrinava em terras que não eram suas, imagina perder também os dois filhos! A angústia no coração de Noemi era tão imensa que ela chegou a dizer que não deveria mais ser chamada de Noemi, que significa “agradável”, e sim, de Mara, ou seja, “amargura” ou “amargurada” (Rt 1.20). Mas, é em meio a estas tragédias que se inicia uma bela história de amor entre Rute e Noemi.
 
1. A proposta de Noemi.
Seu desejo foi que as duas noras, Rute e Orfa, voltassem para as casas de seus pais: “Tornai, filhas minhas, ide-vos embora, que já mui velha sou para ter marido; ainda quando eu dissesse: Tenho esperança, ou ainda que esta noite tivesse marido, e ainda tivesse filhos, esperá-los-íeis?” (Rt 1.11-13). Orfa, então, seguiu o conselho de sua sogra Noemi e retornou para a casa dos seus pais e, também, para os seus deuses (Rt 1.14,15).
 
2. A resposta de Rute.
Diferente de Orfa, Rute decidiu acompanhar a sua sogra E não aceitou tal plano. Pelo contrário, apegou-se a Noemi, e fez esta sublime declaração: “Não me instes para que te deixe, e me obrigues a não seguir-te. Aonde quer que fores irei, e onde quer que pousares, ali pousarei. O teu povo será o meu povo, e o teu Deus será o meu Deus.” (Rt 1.16).
 
 
III. O RELACIONAMENTO DE RUTE COM A SUA SOGRA NOEMI
O relacionamento entre Rute e sua sogra Noemi torna-se um exemplo nobre a ser seguido por todas as famílias. Vejamos atitudes louváveis desse relacionamento:
 
1 Afinidade e respeito (Rt 1.9).
O grau de carinho e consideração é algo que deve ser destacado entre Noemi e suas noras: a) A forma fraternal com que a sogra se dirige, sempre chamando Orfa e Rute de filhas (Rt 1.11,12,13); b) a empatia de Noemi, ao priorizar o bem-estar de suas noras, mesmo resultando na própria solidão (Rt 1.8,9); e, c) o reconhecimento, de que Orfa e Rute só lhe fazia bem: “[...] Que o SENHOR seja bom para vocês, assim como vocês foram boas para mim e para os falecidos!” (Rt 1.8 - NTLH).
 
2. Altruísmo (Rt 1.14).
Um dos traços do caráter de Rute era o amor para com o próximo, nesse caso, à sua sogra. A despeito da tentativa de Noemi em fazê-la voltar para a casa de sua mãe (Rt 1.8), com o argumento de não ter nada para lhe oferecer (Rt 1.11,12); Rute revela seu amor altruísta, ou seja, sem interesses pessoais, quando nos diz o texto: “[…] porém Rute se apegou a ela” (Rt 1.14). A sua amizade não era uma relação utilitarista e conveniente. Seu amor não era apenas de palavras, mas de fato e de verdade (1Jo 3.18). O altruísmo de Rute é a expressão do verdadeiro amor que Paulo descreveu: “[…] não procura seus interesses” (1Co 13.5); é o amor sacrificial que tem como o maior exemplo Cristo Jesus (Rm 5.6-8); é o amor que devemos ter para com todos (Jo 13.34; 1Co 10.33; 16.14; 1Ts 3.12; 1Jo 4.21; 2Pe 1.7). Como disse o apóstolo Paulo: “Ninguém busque seu próprio interesse, e sim o de outrem” (1Co 10.24).
 
3. Lealdade (Rt 1.16).
Rute se apegou a Noemi e decidiu continuar ao seu lado. Sua fidelidade e devoção são destacadas por sua resposta, o que caracteriza uma expressão clássica de lealdade: “[...] faça-me assim o SENHOR, e outro tanto, se outra coisa que não a morte me separar de ti” (Rt 1.17b). Embora a morte do seu marido tenha cortado os laços dela com a família de Noemi pelas normas da sociedade, Rute escolhe ficar com ela voluntariamente; esse ato reflete uma abnegação notável, a ponto de pôr em risco a própria felicidade.
 
4. Determinação (Rt 1.18).
Outra virtude notável dessa jovem moabita é a sua convicção; diante da insistência de Noemi, Rute se mostra resoluta, e persiste em ficar ao lado da sua amada sogra (Rt 1.14,16). Sua determinação não estava apenas no âmbito afetivo, mas, também em suas convicções religiosas, pois estava decidida a abandonar os deuses de Moabe tornando-se seguidora do Deus de Israel “[…] o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1.16). Esta determinação ainda é ressaltada ao se dispor em ir ao campo colher espigas trazendo provisão para ela e sua sogra (Rt 2.1,7,1 7,18). À semelhança de Rute, foi com firme propósito que Daniel deu testemunho de sua fé em Babilônia (Dn 1.8); essa é a atitude necessária de quem está envolvido na obra de Deus (1Co 15.58); de quem visa a recompensa divina (Hb 6.11; 10.35,36); e de quem espera a vinda de Jesus (Tg 5.7,8).
 
5. Submissão (Rt 2.2,7,10).
De acordo com Aurélio submissão quer dizer: “Ato ou efeito de submeter-se. Disposição para aceitar uma condição de dependência” (2004, p. 1885). Submissão é outro aspecto do relacionamento de Rute e sua sogra; sua humildade é revelada ao se submeter, pedindo autorização para ir ao campo. O Paulo nos ensina que a submissão voluntária derivada do amor, deve ser: a) a base dos relacionamentos domésticos (Ef 5.21,22,25; Cl 3.18-21); b) necessário como um meio evangelístico (1Pe 3.1); c) no trato com os líderes (Tt 3.1; Hb 13.17; 1Pe 2.13-15); d) também com os liderados (1Pe 2.18); e) nos relacionamentos interpessoais (1Pe 5.5); e f) com Deus (Hb 12.9; Tg 4.7).
 
6. Amor e honra (Rt 4.13-16).
O amor de Rute por sua sogra se conhecia e admirava em todo o povo: “[...] pois a tua nora, que te ama” (Rt 4.15). Noemi tinha perdido dois filhos, mas em Rute ela conseguiu o equivalente a sete filhos: “[...] e ela te é melhor do que sete filhos”, falando metaforicamente. Para uma mulher israelita, ter sete filhos era uma bênção divina e uma grande honra (Jó 1.2; 1Sm 2.5; Jr 15.9). Rute amou sua sogra, pelo que qualquer coisa boa que Boaz desse a Rute, também dava a Noemi: “E Noemi tomou o filho, e o pôs no seu colo, e foi sua ama.” (Rt 4.16).
 
 
CONCLUSÃO
Como pudemos ver, o relacionamento saudável entre Rute e Noemi envolve afinidade, respeito, altruísmo, lealdade, submissão, determinação, honra, e, principalmente, amor, servem de exemplo para as mulheres de todas as épocas. Esta História nos ensina que é possível, sim, nora e sogra viverem em paz e em harmonia, visando o bem comum. Em um mundo caracterizado pelo individualismo e conflitos familiares, Rute e Noemi deixam um exemplo extraordinário, não apenas para seus contemporâneos, mas, também, para as gerações futuras.
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. NOVA FRONTEIRA.
Ø  GARDNER, Paul. Quem é Quem na Bíblia. VIDA.
Ø  QUEIROZ, Silas. O Deus que Governa o Mundo e Cuida da Família. CPAD.
Ø  STAMPS, Donald Carrel. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

 
Por Rede Brasil de Comunicação.

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário