Amós e Miqueias têm muito mais a dizer sobre a relação das nações com Israel e o seu Deus. Desde o início, ambos os livros deixam claro que a soberania do Senhor não está limitada a Israel, mas se estende a todas as nações. Amós começa com uma série de falas de julgamento contra as nações vizinhas de Israel (Am 1.3-2.3). Miqueias inicia com um retrato vívido da descida teofânica do Senhor para julgar as nações (Mq 1.2-4). Para estes profetas, o Deus de Israel é 'Senhor de toda a terra' (cf. Mq 4.13), que controla a história e o destino das nações (Am 9.7). De acordo com Amós 9.12, as nações 'são chamadas' pelo 'nome' do Senhor. A expressão aponta a propriedade e autoridade do Senhor sobre as nações como deixa claro o uso constante em outros textos bíblicos (cf. 2 Sm 12.28; Is 4.1).
A palavra usada nos oráculos de Amós 1 e 2
para caracterizar os pecados das nações diz respeito ao ato de rebelião contra
a autoridade soberana. Em outros textos bíblicos, o termo é usado para
referir-se a uma nação que se rebela contra a autoridade de outra (cf. 2 Reis
1.1; 2 Reis 3.5,7). Judá (Am 2.4,5) e Israel (Am 2.6-16) quebraram o concerto
mosaico. Entretanto, por qual arranjo as nações estrangeiras eram responsáveis
diante de Deus? Entre os crimes alistados incluem-se atrocidades em tempo de
guerra, tráfico de escravos, quebra de tratados e profanação de túmulos. Todos
estes considerados juntos, pelo menos em princípio, são violações do mandato de
Deus dado para Noé ser frutífero, multiplicar-se e mostrar respeito pelos
membros da raça humana como portadores da imagem divina (cf. Gn 9.1-7). É
possível que Amós tivesse visto este mandamento noético no plano de fundo de um
tratado entre suserano e vassalo, comparando o mandato às exigências ou
estipulações de tratado. De modo semelhante, Isaías interpretou o crime de
carnificina cometido pelas nações (Is 26.21) como violação da 'aliança
eterna' (Is 24.5; cf. Gn 9.16) que ocasionaria uma maldição na terra
inteira (cf. Is 24.6-13). A seca, um tema comum nas bíblicas e antigas listas
de maldição mundial (cf. Is 24.4,7-9). No título da sua série de oráculos de
julgamento, Amós também disse que o julgamento do Senhor ocasionaria seca (Am
1.2). Pelo visto, a seca compendiava as maldições que vinham sobre as nações
por rebelião contra o Suserano. (ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD. 2009,
p.446).
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