sábado, 8 de fevereiro de 2014

LIÇÃO 06 – A PEREGRINAÇÃO DE ISRAEL NO DESERTO ATÉ O SINAI




  
Êx 19.1-6; Nm 11.1-3




INTRODUÇÃO
Na lição passada, vimos como o Senhor livrou Israel da ira de Faraó e de seu exército abrindo o mar Vermelho para seu povo passar. Na lição de hoje, veremos como Israel se portou no deserto em sua peregrinação até o monte Sinai. Assim, abordaremos as dificuldades enfrentadas por eles no deserto, as intervenções do Senhor durante a jornada em favor de seu povo e, por fim, a duração e como se deu a chegada deles ao Sinai. Que todos tenham uma excelente aula!


I. A PEREGRINAÇÃO DE ISRAEL NO DESERTO
Agora, já tendo atravessado o mar Vermelho, os israelitas marcharam pelo deserto de Sur rumo ao monte Sinai. O texto de Êxodo 15.22 diz: “Depois fez Moisés partir os israelitas do mar Vermelho, e saíram para o deserto de Sur. Caminharam três dias no deserto, e não acharam água”. Na verdade, o deserto de Sur (que significa “muro”, está localizado a leste do Golfo de Suez) seria o primeiro deserto que eles enfrentariam até chegarem ao monte Sinai; porquanto, teriam que passar também por mais dois desertos: o deserto de Sim (Êx 16.1; 17.1) e o deserto do Sinai (Êx 19.1,2). Assim sendo, Deus conduziu Israel ao deserto, um lugar muito quente, estéril e vazio. Não havia água nem alimentos suficientes. Ali estiveram os israelitas em perigo de morrer de fome (Êx 16.3) e de sede (Êx 15.24; 17.2); em perigo de ser atacados pelas tribos aguerridas e ferozes (Êx 17.8). As dificuldades da caminhada no deserto são maiores do que podemos imaginar. 
Um pequeno exemplo desta verdade é o clima do deserto da Árabia, demasiadamente seco, e oscila entre temperaturas externas de calor e seca sazonais. As temperaturas variam de 40 a 50ºC no verão, com uma temperatura média de 5 a 15ºC no inverno, podendo atingir 0ºC. Então, surge a indagação: Por que Deus os guiou por semelhante região? Deus tinha vários propósitos que concretizar:

   ü  Deus colocou os israelitas na escola preparatória do deserto, a fim de que as provações os disciplinassem e adestrassem para conquistarem a terra prometida. Ainda não estavam em condições de enfrentar as hostes de Canaã, nem desenvolvidos espiritualmente para servir ao Senhor uma vez que entrassem nela. Embora tenham sido libertados da escravidão, ainda tinham espírito de escravos, isto é, demonstravam traços de covardia, murmuração e rebeldia (Êx 15.24).

   ü  Deus desejava que os israelitas aprendessem a depender inteiramente dele. Desde o momento em que Israel partiu do Egito, Deus começou a submetê-lo a uma série de provas, tendo em vista desenvolver e fortalecer a sua fé. Não havia água nem alimentos. A única maneira de conseguir estas coisas era recebê-las do Senhor. O deserto era uma modalidade de esportes onde se podia desenvolver os músculos espirituais.

   ü  Deus conduziu-os ao deserto para prová-los e trazer à luz o que havia em seus corações (Dt 8.2,3). Obedecer-lhe-iam ou não? As provas e aflições no deserto demonstrariam se os hebreus creriam ou não na onipotência, no cuidado e no amor de Deus. O apóstolo Paulo referiu-se às experiências de Israel no deserto como elementos que nos servem de exemplo e de advertência a fim de que não caiamos nos mesmos erros (1 Co 10.1-13).


II. A INTERVENÇÃO DIVINA EM FAVOR DE ISRAEL
Decorridos três dias de viagem pelo deserto de Sur, os israelitas chegaram finalmente às fontes de Mara (que em hebraico significa “amarga). Todavia, quão grande foi sua desilusão! Porquanto, como seu próprio nome define, as águas de Mara eram amargas (Êx 15.23). Imediatamente o povo começou a queixar-se, pois não perceberam que Deus "ali os provou"; ou seja, a falta de água potável era um teste para sua confiança em Deus de que Ele supriria as necessidades materiais. Isso, por sua vez, tornou-se a base dos estatutos que dizem que a obediência confiante à vontade de Deus é a condição básica para o suprimento de saúde física e espiritual (Êx 15.25). Desta forma, não existe nenhuma prova de que árvore que foi lançada nas fontes tivesse a propriedade de tornar potáveis as águas. Assim, este milagre não somente mostrou que Deus tinha cuidado de seu povo, mas também simbolizou no começo desta viagem que o Senhor adoçaria as amargas experiências futuras se os israelitas buscassem sua ajuda. Portanto, várias lições podem ser encontradas no referido episódio em Mara:

   ü  Às vezes, depois de alcançar grandes vitórias, como na travessia do mar Vermelho, vêm as experiências amargas.


   ü  De igual modo, assim como há épocas de severas provações, também há "tempos de refrigério" na presença do Senhor (Atos 3:19). Após a saída de Mara chegaram a Elim onde havia água em abundância e também palmeiras (Êx 15.27).

   ü  As provas oferecem uma solução muito acessível. Que significa a árvore lançada na água? Assemelha-se ao poder da cruz, não só porque redime, mas porque tem semelhança de uma vontade submissa a Deus. Ao aceitar as provas como permitidas por Deus, as amargas experiências tornam-se doces.

   ü  A experiência de Mara deu a oportunidade de revelar-se outro aspecto do caráter de Deus por meio de um novo nome: Jeová Rafa, ou seja, "o Senhor que te sara". Deus prove cura. Deus é a saúde de seu povo. Se lhe obedecessem, o Senhor não traria nenhuma das enfermidades mediante as quais julgou os egípcios (Êx 15.26).

Depois do incidente em Mara, já tendo eles passado por Elim, os israelitas chegaram ao deserto de Sim e (Êx 16.1), sentindo fome, começaram a expressar de novo seus queixosos lamentos. O texto de Êxodo 16.3 diz: “Disseram-lhes os filhos de Israel: Quem nos dera tivéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão a fartar! Tu nos trouxestes a este deserto, para matardes de fome a toda a esta multidão”.  No Egito, provavelmente a alimentação dos hebreus não tinha sido tão abundante como diziam, mas o espírito de murmuração ampliava a comparação entre a presente fome no deserto e o passado de fatura no Egito, e obscurecia a memória deles de toda a aflição sofrida no Egito. Assim, suas queixas não eram dirigidas contra Moisés, mas, na verdade, murmuravam contra o Senhor (Êx 16.8). No entanto, Deus retribuiu-lhes o mal com o bem (2 Tm 2.13), e proveu codornizes e maná para o povo. Grandes bandos de codornizes em suas viagens migratórias atravessam com frequência o mar Vermelho e a península do Sinai. Esgotadas pelo longo vôo sobre o mar, às vezes grandes quantidades delas caem e são fáceis de caçar. Deus levou-as ao acampamento dos israelitas nesta ocasião e somente uma vez mais na marcha através do deserto ocorreu este fato (Nm 11.31,32).
De modo natural Deus providenciou as codornizes (neste fato, o milagre consistiu-se em sua vinda exatamente no tempo predito por Deus), porém a provisão do maná foi um fato completamente milagroso. O termo “Maná” que em hebraico é “Man hu” e significa “que é isto?”. É a tradução mais aceita, mas melhor seria "é um presente". Porquanto, todas as circunstâncias da doação e do uso do maná demonstram que se tratava de uma substância sem igual, completamente diferente de qualquer produto natural, provida pelo Criador para um propósito especial e numa ocasião especial.  Durante a peregrinação no deserto o maná caía todas as noites, juntamente com o orvalho. Era moído em moinhos ou em grais e cozido em panelas para fazer pão. A porção diária era de um gômer (3,7 litros) por pessoa. Assim, o maná destaca-nos alguns ensinos:

   ü  Deus deseja ensinar a seu povo, por meio do maná, a confiar nele como provedor de seu sustento diário e a não se preocupar com o dia de amanhã. Deus provia cada vez para apenas um dia, exceto na véspera do sábado (Êx 16.4,5). Nunca falhou com seu povo nos quarenta anos de peregrinação.

   ü  Por meio do maná Deus quis ensinar a seu povo a não ser preguiçoso nem a varo. Embora o maná fosse uma dádiva do céu, cada família tinha de fazer sua parte recolhendo o maná todas as manhãs. Ao avaro que recolhia muito mais do que necessitava, nada lhe sobrava (Êx 16.18).

   ü  Deus desejava ensinar os hebreus a obedecer-lhe, por isso lhes deu normas para recolher o maná (Êx 16.4,5,16). Se por incredulidade ou avareza um hebreu guardava maná para o dia seguinte, o pão do céu bichava e apodrecia. Ou se passava por alto a ordem de recolher uma porção dobrada na sexta-feira, jejuava forçosamente no dia de descanso porque nesse dia não caía maná do céu. Desse modo, Deus provou a seu povo (Êx 16.4) e o preparou para receber a lei.

   ü  O maná é um símbolo profético de Cristo, o pão verdadeiro (João 6.32-35). Assim como o maná, Cristo, que veio do céu, tem de ser recolhido ou recebido cedo na vida (Êxodo 16.21; II Coríntios 6.2), tem de ser comido ou recebido pela fé para tornar-se parte da pessoa que o come. O maná era branco e doce; da mesma maneira Cristo é doce e puro para a alma (Salmo 34.8). Por sua vez, Cristo não dá vida a uma nação durante quarenta anos somente, mas a todos os que crêem ele dá a vida eterna (Jo 3.16; 10.10; 1 Jo 2.25).


III. OS HEBREUS CHEGAM AO MONTE SINAI
Do deserto de Sim os israelitas seguiram viagem em direção ao monte Sinai e chegaram a Refidim (Êx 17.1). Todavia, em vez de aprenderem a suportarem as dificuldades, os israelitas murmuravam ainda mais. Os perigos, as adversidades e desconfortos parecem aumentar a irritação, a agitação e a ira deles. Assim, ao chegarem a Refidim onde esperavam encontrar um grande manancial, desiludiram-se como em Mara. O texto de Êxodo 17.3 diz: “Tendo aí o povo sede de água, murmurou contra Moisés, e disse: Por que nos fizeste subir do Egito, para nos matardes de sede, a nós e a nossos filhos, e a nosso gado?”. A falta de água causou sofrimento cuja severidade podemos avaliar, mas isto não pode justificar a reação dos israelitas. Estavam prestes a apedrejar Moisés, e em sua incredulidade tentaram a Deus. Em português moderno tentar significa "incitar ao mal". A palavra aqui tem o sentido de "testar", isto é, provar se realmente Deus faria conforme tinha dito que faria. Desta forma, desconfiavam do cuidado do Senhor e com sarcasmo falaram a respeito da presença do Senhor no meio deles (Êx 17.7) a qual se manifestara a eles de modo tão patente na coluna de nuvem e na coluna de fogo e em seus livramentos no passado (Êx 13.21,22). Por isto se deu ao lugar o nome de Massá (Tentação) e Meribá (Contenda). 
Diante de tal atitude do povo, em contender, e principalmente de tentar ao Senhor, o milagre não foi operado naquele lugar. Mas, sim, em Hobere como diz o texto: “Eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe. Ferirás a rocha, e dela sairá água, e o povo beberá. Moisés assim o fez, na presença dos anciãos de Israel” (Êx 17.6). Percebe-se, então, que eles não estavam tão distantes do monte Sinai (Horebe). Porquanto, Moisés levou consigo os anciãos de Israel a fim de que presenciassem a fonte milagrosa e dela dessem testemunho. O apóstolo Paulo disse: "e a pedra era Cristo" (I Co 10.4). A rocha de Horebe é uma figura profética de Cristo ferido no Calvário, e a água é o Espírito Santo que foi dado depois que Jesus foi crucificado e glorificado (Jo 7.37-39). Como Moisés teve de ferir a rocha só uma vez e a água continuava manando, assim a ira de Deus feriu a Cristo uma vez e a corrente do Espírito ainda flui. Após os eventos ocorridos em Refidim, eles finalmente chegaram ao objetivo desta primeira etapa de sua jornada – O Monte Sinai (Êx 19.2). Esta jornada até o monte Sinai (Horebe) levou dois meses (Êx 12.2,41 cf Êx 19.1). O Acampamento no Sinai durou mais ou menos dez meses, até o recebimento da revelação de Deus (A Lei). A peregrinação no deserto durou 40 anos, até a entrada em Canaã.


CONCLUSÃO
Diante do exposto, aprendemos que verdadeiramente “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6). Por isso, atentemos para o ensino do Mestre Jesus: “Não andeis ansiosos pela vossa vida, quando ao que haveis de comer ou beber; nem pelo que haveis de vestir” (Mt 6.25a). Embora Israel tenha presenciado tão grandes maravilhas realizadas pelo Senhor, ainda assim, duvidou do cuidado divino durante sua jornada pelo deserto. Portanto, não duvide do cuidado do Senhor, nem de seu amor, pois Ele disse: “Mas o meu justo viverá da fé. E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele” (Hb 10.38). O deserto e as adversidades presentes nele não são concedidos pelo Senhor para nossa destruição, mas para o aperfeiçoamento de nosso caráter (Ef 4.13; I Co 10.6-11). E, de nosso amadurecimento, crescimento e fortalecimento da nossa fé Nele. Que Deus em Cristo vos abençoe a todos!



REFERENCIAS
Ø  HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
Ø  DAVISON, Francis. O Novo Comentário da Bíblia. Vida Nova.
Ø  Bíblia de Estudo da Mulher. Mundo Cristão.
Ø  Sites:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deserto_da_Ar%C3%A1bia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deserto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sur_(deserto)



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