domingo, 16 de fevereiro de 2014

LIÇÃO 07 – OS DEZ MANDAMENTOS DO SENHOR



Êx 20.1-5,7-10,12-17



INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, daremos continuidade da peregrinação de Israel. Eles estavam acampados em frente do monte Sinai. Assim sendo, nesta aula, abordaremos a permanência de Israel no deserto do Sinai, também enfatizaremos o pacto de Deus com Israel. E, por fim, falaremos sobre o decálogo e seu significado. Que todos tenham uma excelente aula!


I. A PERMANÊNCIA DE ISRAEL NO DESERTO DO SINAI
Antes de darmos sequência ao nosso estudo, quero fazer uma considerável observação sobre a lição anterior, que tratou da peregrinação de Israel no deserto até o Sinai. Observe que:
1) O capítulo 19 de Êxodo narra a chegada de Israel no deserto do Sinai (Êx 19.2). Então, porque foi abordado no tópico III da lição 06 o assunto da idolatria de Israel visto que a mesma só ocorre no capítulo 34 de Êxodo? 
2) Sendo o assunto da lição 06 a peregrinação de Israel no deserto “até o Sinai”, sabe-se que o evento subsequente da chegada de Israel no Sinai, não foi a prática do pecado de idolatria, mas a entrega dos dez mandamentos à Israel, isto é, a realização do pacto de Deus com Israel (Êx 19.5,6; Êx 20).
3) Quando Israel cometeu o pecado de idolatria, já havia firmado o pacto com Deus, já havia recebido todas as leis civis (Êx 21;22), já havia construído o tabernáculo (Êx 25;26), e já havia, também, estabelecido o sacerdócio levítico (Êx 28;29). Portanto, o tópico III da lição 06 está completamente fora de contexto. Feitas as devidas explicações podemos, agora, prosseguir com o nosso estudo!

Após chegarem ao deserto do Sinai, jornada que durou aproximadamente seis semanas após sua partida do mar Vermelho, Moisés logo tratou de consultar ao Senhor para saber o que deveriam fazer a partir daquele momento (Êx 19.3). O Senhor respondeu a Moisés dizendo: “Vistes o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim. Agora, se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes a minha aliança, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos. Embora toda a terra seja minha, vós me sereis reino sacerdotal e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel” (Êx 19.4-6). Veja que Deus prometeu três coisas condicionadas à obediência de Israel:

   ü  Israel seria sua "propriedade peculiar" ou possessão. Implica tanto um valor especial como uma relação íntima. O Senhor escolheu a Israel dentre todas as nações para seu povo especial e para ser como sua esposa.

   ü  Seria um "reino sacerdotal". Os israelitas teriam acesso a Deus e deveriam representar o Senhor, seu Rei, perante o mundo inteiro.

   ü  Seria "povo santo", diferente das nações pagas que o rodeavam, uma nação separada para ser de Deus, a quem serviria e prestaria culto. As três promessas feitas à nação hebraica têm cumprimento cabal na Igreja, o Israel de Deus (1 Pe 2.9,10).

Tendo Israel concordado com o termo da aliança (Êx 19.8), o Senhor decide manifestar-se a eles. Embora eles tivessem visto os sinais realizados pelo Senhor no Egito, Israel vivera 430 anos sob a forte influência da idolatria egípcia. Logo, o Senhor queria que eles ouvissem e vissem que Ele era Deus Vivo, Verdadeiro e Todo-Poderoso (Êx 19.9,11). Assim, para gravar na mente hebraica a importância do pacto da lei, Deus se apresentou em forma de nuvem, figura que Israel não poderia reproduzir, e pronunciou o Decálogo em voz troante.
A santidade infinita de Deus foi ressaltada pelos preparativos que Israel devia fazer. Primeiro, os israelitas tinham de santificar-se lavando suas vestes e praticando a continência (Êx 19.10,11). Segundo, Moisés devia marcar ao povo um limite em torno do monte Sinai para que os israelitas não o tocassem (Êx 19.12). Assim se acentuaram a grandeza inacessível de Deus e sua sublime majestade. "Do meio de uma tremenda tempestade, acompanhada de terremotos e do som sobrenatural de trombetas, com a montanha toda envolta em fumo e coroada de chamas aterradoras, Deus falou as palavras dos Dez Mandamentos e deu a Moisés a lei" (Êx 19.16,18; 20.18). Portanto, Israel permaneceu quase um ano no deserto do Sinai (Nm 10.11). Ali, ao pé do monte Sinai, Israel foi devidamente organizado como nação e aceitou ao Senhor como seu rei. Esta forma de governo chama-se teocracia (Êx 25.22; Jz 8.23; 1 Sm 12.12).


II. A LEI – O CONCERTO DE DEUS COM ISRAEL
O pacto da lei não teve a intenção de ser meio de salvação. Foi celebrado com Israel depois de sua redenção alcançada mediante poder e sangue (Êx 3.19,20; 12.13). Deus já havia restaurado Israel à justa relação com ele, mediante a graça (Êx 11.3; 12.36). Israel já era seu povo. O Senhor desejava dar-lhe algo que o ajudasse a continuar sendo seu povo e a ter uma relação mais íntima com ele. O motivo que levasse a cumprir a lei haveria de ser o amor e a gratidão a Deus por havê-los redimido e feito seus filhos.
Os israelitas prometeram solenemente cumprir toda a lei, mas não perceberam quão fraca é a natureza humana nem quão forte é a tendência para pecar. Séculos depois parece que se esqueceram de que estavam obrigados pelo pacto a obedecer. Imaginaram que o pacto era incondicional e que bastava ser descendente de Abraão para gozar do favor divino. (Jeremias 7.4-16; Mateus 3.9; João 8.33.) Embora a salvação de Israel fosse um dom de pura graça e não pudesse ser negociada pela obediência, podia, contudo, ser perdida pela desobediência (Rm 11.20-23; 1 Co 10.5-11). Vejamos, agora, que a lei pode ser dividida da seguinte forma:

A Lei Moral – resumia-se nos Dez Mandamentos, também conhecido como Decálogo (Êx 20; Dt 5). O termo “decálogo” vem do grego “decá” que significa “dez” e “logos” que significa “palavra”. Assim, o termo “decálogo” que dizer “dez palavras”. O Decálogo constituía-se na essência do Pentateuco e é a mais perfeita das leis já escritas. Afirmou certa vez um grande jurista, que todos os estatutos, códigos e constituições existentes no mundo podem ser substituídos pelos Dez Mandamentos sem prejuízos aos direitos e avanços da família humana. É bom salientar que, inserido na lei moral está a Lei Civil que disciplinava a vida social de Israel (Êx 21.1-24.11).

A Lei Cerimonial – visava regulamentar o culto, sacrifícios e festas judaicas; mostrava o que é puro e o que é impuro. Nesta lei estão todas as ordenanças que regia a vida religiosa de Israel (Êx 24.12-31.18); isto incluía o projeto e a construção do Tabernáculo, bem como a figura do Sumo Sacerdote como representante do povo perante Deus. Todavia, ambas as leis, tanto a Moral como a Cerimonial formavam uma só Lei (Mt 5.17,18); ou seja, um só sistema religioso.

Quanto aos propósitos da lei, em geral, eles são:

   ü  Proporcionar uma norma moral pela qual os redimidos possam mostrar que são filhos de Deus e viver em justa relação com seu criador e com o próximo;

   ü  Demonstrar que Deus é santo e ele exige a santidade de toda a raça humana;

   ü  Mostrar à humanidade seu estado pecaminoso e fazê-la entender que somente mediante a graça pode ser salva (Gl 3.24,25). A lei era um mestre para ensinar a Israel através dos séculos e ajudá-lo a permanecer em contacto com Deus (Gl 3.24). Mas junto com a lei foi instituído um sistema de sacrifícios e cerimônias para que o pecado fosse retirado. Assim se ensinou que a salvação é pela graça. Os profetas posteriores demonstraram que sem fé e amor as formas, cerimônias e sacrifícios da lei de nada valiam (Mq 6.6-8; Am 5.21, 24; Os 6.6; Is 1.1-15). Conquanto, a lei não seja um meio para se alcançar a salvação, tem vigência como norma de conduta para os crentes. Os dez mandamentos, com exceção do quarto, se repetem uma e outra vez no Novo Testamento. Vejamos:



MANDAMENTOS
NO ANTIGO TESTAMENTO
NO NOVO TESTAMENTO


01º

“Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3,23; 34.14).

Dt 5.7;6.4,14; 13.6-10; 2 Rs 17.35; Sl 81.9; Jr 25.6; 35.15

Mt 4.10; 22.37-38; Mc 12.29-30; Lc 4.8; At 14.15


02º

“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Êx 20.4-6; 34.17).

Lv 19.4; 26.1; Dt 4.15-20; 5.8-10; 7.25; Sl 115.4-8; Is 44.9-20

Rm 1.22-23; 1 Jo 5.21; Ap 14.9-11

03º

“Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êx 20.7).

Lv 18.21; 19.12; 22.2; 24.16; Dt 5.11; 6.13; Ez 39.7

Mt 5.33-37; Tg 5.12

04º

“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar” (Êx 20.8-11;16.23-30; 31.13-16; 35.2-3).  

Gn 2.3; Lv 19.3,30; Dt 5.12-15; Jr 17.21-27; Ez 20.12

Não reafirmado
(At 15.28,29)


05º

“Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá” (Êx 20.12; 21.17).

Lv 19.3; Dt 5.16; 27.16; Pv 6.20-22

Mt 15.4-9; 19.19; Mc 7.10-13; 10.19; Lc 18.20; Ef6.1-3; Cl 3.20

06º

“Não matarás” (Êx 20.13).

Gn 9.5-6; Lv 24.17; Dt 5.17

Mt 5.21-22; 19.18; Mc 10.19; Lc 18.20; Rm 13.9; 1 Jo 3.15

07º

“Não adulterarás” (Êx 20.14).

Lv 18.20; 20.10; Dt 5.18; 22.22; Pv 6.29,32

Mt 5.27-28; Mc 10.19; Lc 18.20; Rm 13.9; 1 Co 6.9,10; Tg 2.11

08º

“Não furtarás” (Êx 20.15; 21.16).

Lv 19.11,13; Dt 5.19

Mt 19.18; Rm 13.9; Ef 4.28

09º

“Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx 20.16; 23.1,7).

Dt 5.20; Sl 101.5; Pv 6.16-19; 19.5; Zc 8.16

Mt 19.18; Mc 10.19; Lc 18.20; Rm 13.9; Ef 4.25; Cl 3.9,10


10º

“Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo” (Êx 20.17).


Dt 5.21; 7.25; Pv 18.16

Lc 12.15; Rm 7.7; 13.9; Ef 5.3; Hb 13.5


A ratificação do pacto foi uma das cerimônias mais solenes da história das doze tribos, já que por ela ficaram estreitamente unidas ao Senhor. O altar representava o Senhor; as colunas, as doze tribos; o sangue aspergido sobre o altar e sobre o povo ligou com um vínculo sagrado as partes contratantes. Todo o Israel estava "sob o sangue" e identificado com seu poder salvador. Os setenta anciãos participaram com Deus de um banquete de comunhão e presenciaram uma teofania majestosa. Assim foi ratificado o pacto do Sinai e se assinalou o cumprimento da promessa divina: "E eu vos tomarei por meu povo, e serei vosso Deus" (Êx 6.7).


III. O DECÁLOGO E SEU SIGNIFICADO
Deus fez escrever os dez mandamentos em duas tábuas de pedra. Foram guardadas dentro da arca durante séculos. Portanto, deu-se ao tabernáculo o nome de "tenda do testemunho" para lembrar aos israelitas que dentro da arca estava a lei e que deviam viver de acordo com ela. Os primeiros quatro mandamentos tratam das relações que devem imperar entre os homens e Deus, e os restantes têm que ver com as relações dos homens entre si. A ordem é muito apropriada. Somente os que amam a Deus podem em verdade amar a seu próximo. O significado dos dez mandamentos consiste no seguinte:

I) A unicidade de Deus: "Não terás outros deuses diante de mim”. Há um só Deus e só a ele havemos de oferecer culto (Dt 6.13; Mt 4.10). A adoração a anjos, a santos ou qualquer outra coisa é violação do primeiro mandamento (Ap 22.8,9).

II) A espiritualidade de Deus: "Não farás para ti imagem." Proíbe-se não somente a adoração de imagens ou de deuses falsos, mas também prestar culto ao verdadeiro Deus em forma errada. Tais coisas desagradam ao Criador. Deus é espírito e não tem forma (Jo 4.19-24; Cl 1.15; Hb 1.3a).

III) A santidade de Deus: "Não tomaras o nome do Senhor teu Deus em vão." Este mandamento inclui qualquer uso do nome de Deus de maneira leviana, blasfema ou insincera. Deve-se reverenciar o nome divino porque revela o caráter de Deus. Originalmente, este mandamento se referia a não jurar pelo nome de Deus se o juramento fosse falso (Lv 19.12), mas se permitia jurar pelo seu nome (Dt 10.20). Contudo, Jesus proibiu terminantemente jurar pelas coisas sagradas (Mt 5.34-37). A simples palavra de um filho de Deus deve ser verdadeira, sem recorrer a juramentos.

IV) A soberania de Deus: "Lembra-te do dia do sábado, para o santificar." Um dia da semana pertence a Deus. Reconhece-se a soberania de Deus guardando o dia de repouso, visto que esse dia nos lembra que Deus é o Criador a quem devemos culto e serviço. "Santificar" o dia significa separá-lo para culto e serviço.

V) Respeito aos representantes de Deus: "Honra a teu pai e a tua mãe." O homem que não honra a seus pais  tampouco honrará a Deus, pois esta é a base do respeito a toda a autoridade.

VI) A vida humana é sagrada: "Não matarás." Este mandamento proíbe o homicídio mas não a pena capital, visto que a própria lei estipulava a pena de morte (Êx 21.15-17, 23-25). Também se permitia a guerra, visto como o soldado atua como agente do estado (Dt 24.5).

VII) A família é sagrada: "Não adulterarás." Este mandamento protege o matrimônio por ser uma instituição sagrada instituída por Deus. Isto vigora tanto para o homem como para a mulher (Lv 20.10).

VIII) Respeito à propriedade alheia: "Não furtarás." Há muitas maneiras de violar este mandamento, tais como não pagar suficientemente ao empregado, não fazer o trabalho correspondente ao salário combinado, cobrar demasiado e descuidar a propriedade do senhor.

IX) A justiça: "Não dirás falso testemunho." O testemunho falso, desnecessário, sem valor ou sem fundamento constitui uma das formas mais seguras de arruinar a reputação de uma pessoa e torna-lá impedida de receber tratamento justo por parte dos outros (Mt 28.11-15).

X) O controle dos desejos: "Não cobiçarás." A cobiça é o ponto de partida de muitos dos pecados contra Deus e contra os homens. As palavras "porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem" (Êx 20.5) devem ser interpretadas à luz do caráter de Deus e de outras Escrituras. Deus é zeloso no sentido de Ser exclusivista, não tolerando que seu povo preste culto a outros deuses (Is 42.8; 43.10,11). Como um marido que ama a sua esposa não permite que ela reparta seu amor com outros homens, Deus não tolera nenhum rival. Deus não castiga os filhos pelos pecados de seus pais senão nos casos em que os filhos continuem nos pecados dos pais. Castiga os que o "aborrecem" e não os arrependidos. "A alma que pecar, essa morrerá"; "o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho" (Ez 18.20). Em vez disso, a maldade passa de geração a geração pela influência dos pais e quando chega a seu ponto culminante, Deus traz castigo sobre os pecadores (Gn 15.16; 2 Reis 17.6-23; Mt 23.32-36).


CONCLUSÃO
Diante do exposto, aprendemos que a razão de o Senhor conduzir Israel até o monte Sinai foi, para ali, por meio de Moisés, estabelecer seu concerto com o povo hebreu. Desta forma, o Senhor fez de Israel seu povo e tornou-se seu Deus (Êx 6.7). Embora, hoje, vivamos a Nova Aliança; ela não aboliu a lei moral, visto que Jesus disse: “pois vos digo que se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (Mt 5.20). Portanto, devemos atentar para o conselho do sábio: “De tudo o que se tem ouvido, a conclusão é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos, pois isto é o dever de todo homem” (Ec 12.13). Que Deus em Cristo vos abençoe a todos!



REFERENCIAS
Ø  HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
Ø  ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD
Ø  Bíblia de Estudo da Mulher. Mundo Cristão. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário