1
Co 12.7,10-12; 14.26-32
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos a
respeito dos três “dons de elocução” que formam o último grupo
dos dons espirituais mencionados pelo apóstolo Paulo em 1 Co 12.10 a saber:
profecia, variedade de línguas e interpretação de línguas. Analisaremos quais
os propósitos destes dons. Veremos também como utilizá-los para glória de Deus
e edificação da Igreja e falaremos ainda sobre a grande bênção que é o batismo
no Espírito Santo.
I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA
ELOCUÇÃO
Segundo o Aurélio a palavra “elocução”
vem do latim “elocutione” e significa: “maneira de exprimir-se, oralmente
ou por escrito, escolha de palavras ou de frases, estilo” (FERREIRA,
2004, p. 725). Os dons de elocução que tratam da utilização da fala ou
linguagem estão relacionados diretamente ao batismo com o Espírito Santo.
II - O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
“Falar em línguas é expressar-se
com palavras que nunca aprendemos, mas que nos são comunicadas diretamente pelo
Espírito Santo. Não se manifesta através de palavras pensadas de antemão ou
vocalizadas pela pessoa que fala... As línguas constituem um milagre vocal e
não um milagre mental” (CARLSON apud RENOVATO, 2014, p. 63). “Os dons
espirituais são necessários em todas as épocas da Igreja, porquanto o
desenvolvimento da Igreja depende dos mesmos” (CHAMPLIN, 2004, p. 219).
O falar noutras línguas, ou a glossolália, era entre os crentes do NT, um sinal
da parte de Deus para evidenciar o batismo no Espírito Santo (At 2.4; 10.45-47;
19.6). Esse padrão bíblico para o viver na plenitude do Espírito continua o
mesmo para os dias de hoje. A Palavra de Deus ensina o seguinte sobre o batismo
no Espírito Santo:
Ø
O
batismo no Espírito é para os salvos. Os que nasceram de novo, aqueles que experimentaram
a verdadeira conversão, e, assim, receberam o Espírito Santo para neles habitar
(Jo 14.17; At 2.4);
Ø
O
batismo no Espírito Santo é uma obra distinta e à parte da regeneração. Assim como a obra santificadora
do Espírito é distinta e completiva em relação à obra regeneradora, assim
também o batismo no Espírito complementa a obra regeneradora e santificadora.
Portanto, este batismo é uma experiência subsequente à regeneração e nunca antes
dela (Jo 20.22; Lc 24.49; At 1.5,8; 11.17; 19.6);
Ø
Ser
batizado no Espírito significa experimentar a plenitude do Espírito (At 1.5; 2.4). Este batismo teria lugar somente
a partir do dia de Pentecoste. Quanto aos que foram cheios do Espírito Santo
antes do dia de Pentecoste (Lc 1.15,67), Lucas não emprega a expressão
“batizados no Espírito Santo”. Este evento só ocorreria depois da ascensão de
Cristo (At 1.2-5; Lc 24.49-51, Jo 16.7-14);
Ø
O
livro de Atos descreve o falar noutras línguas como o sinal inicial do batismo
no Espírito Santo. (At
2.4; 10.45,46; 19.6). Falar noutras línguas é uma manifestação sobrenatural do
Espírito Santo, é uma expressão vocal inspirada pelo Espírito, mediante a qual
o crente fala numa língua que nunca aprendeu ou estudou (At 2.4; 1 Co 14.14,15).
Estas línguas podem ser humanas, e atualmente faladas (At 2.6), ou
desconhecidas na terra (1 Co 13.1);
Ø
O
batismo no Espírito Santo outorgará ao crente ousadia e poder celestial para
este realizar grandes obras em nome de Cristo e ter eficácia no seu testemunho
e pregação. (At
1.8; 2.14-41; 4.31; 6.8; Rm 15.18,19; 1 Co 2.4). Esse poder não se trata de uma
força impessoal, mas de uma manifestação do Espírito Santo, na qual a presença,
a glória e a operação de Jesus estão presentes com seu povo (Jo 14.16-18;
16.14; 1 Co 12.7).
III
– DOM DE PROFECIA (I CO 12.10b)
“No AT, havia um “ministério
profético”, reconhecido e considerado por toda nação. Hoje, não existe esse ministério
nas igrejas cristãs. Existem pessoas ou mensageiros de Deus, que possuem o “dom
de profecia”, usado em determinadas ocasiões, com propósitos definidos” (RENOVATO, 2014. p. 54). Vejamos:
ü
Podemos
dizer que de maneira bem didática o dom de profecia tem pelo menos três
finalidades básicas para a Igreja, a saber: “edificação, exortação e
consolação” (1 Co 14.3);
ü
No
AT, as palavras entregues pelos profetas não admitiam julgamento, exceto quanto
ao seu cumprimento (Dt 18 20-22; 1 Sm 3.19; Jr 9.28-32; Dt 13.5). Em o NT, os
profetas e a profecia podem ser julgados ou avaliados pela igreja (1 Co. 14.29,
32; 1Ts 5.20,21);
ü
No
AT existia o “ministério profético”, já no NT profetizar trata-se de um “dom”
que capacita o crente a transmitir uma palavra ou revelação diretamente de
Deus, sob o impulso do Espírito Santo (At 11.27,28; 1 Co 12.10, 28,29; 14.24,25,
29-31);
ü
A
Bíblia revela que há três procedências das profecias, a saber: o espírito
imundo e mentiroso (Is 8.19; Mt 8.29; At 16.16-18); o espírito humano (1 Cr
17.1-4; Jr 23.21,25,28; Ez 13.1-8); e o Espírito Santo (1 Co 12.7-11);
ü
Tanto
no AT, como no NT, profetizar não é primariamente predizer o futuro, mas
proclamar a vontade de Deus, exortar e levar o seu povo à retidão, à fidelidade
e à paciência (1 Co 14.3);
ü
A
mensagem profética pode desmascarar a condição do coração de uma pessoa (1 Co
14.25), ou prover edificação, exortação, consolo, advertência e julgamento (1 Co
14.3, 25,26, 31);
ü
A
igreja não deve ter como infalível toda profecia, porque muitos falsos profetas
estarão na igreja (1 Jo 4.1). Ela deverá enquadrar-se na Palavra de Deus (1 Jo
4.1), e contribuir para a santidade de vida dos ouvintes e ser transmitida por
alguém que de fato vive submisso e obediente a Cristo (1 Co 12.3);
ü
O
dom de profecia manifesta-se segundo a vontade de Deus e não a do homem. Não há
no NT um só texto mostrando que a igreja de então buscava revelação ou
orientação através dos profetas. A mensagem profética ocorria na igreja somente
quando Deus tomava o profeta para isso (1 Co 12.11);
ü
Pode-se
dizer que nenhuma “profecia” excederá aos limites da Palavra, mas pode
contribuir bastante para interpretar tais verdades, além de abordar
necessidades específicas da Igreja local, envolvendo questões de ensino e
questões morais, que pessoas sem esse dom não saberiam resolver com sucesso
(CHAMPLIN, 2004, p. 221).
IV - DONS DE
VARIEDADES DE LÍNGUAS (I CO 12.10d)
O dom de variedade de línguas
difere das línguas como evidência do batismo no Espírito Santo, pois é dado “a
cada um como o Espírito Santo quer” (1 Co 12.11,30). No tocante às “línguas”
do grego “glossa” como manifestação sobrenatural do Espírito,
notemos o seguinte mencionado na Bíblia de Estudo Pentecostal (STAMPS, 1995, p.
1756 – acréscimo nosso). Vejamos:
ü
Essas
línguas podem ser humanas e vivas, ou seja, línguas ainda faladas (At 2.4-6) são
as chamadas “xenolálias”, ou uma língua desconhecida e/ou estranha na
terra a “glossolália” (1 Co 13.1). A língua falada através deste
dom não é aprendida, e quase sempre não é entendida, tanto por quem fala (1 Co
14.14), como pelos ouvintes (1 Co 14.16);
ü
A
finalidade deste dom é: 1) Edificação da Igreja (1 Co 14.4, 26); 2) Edificação
pessoal (1 Co 14.28); 3) Glorificação a Deus (At 2.11), 4) Comunicar o
sobrenatural de Deus e por fim, 5) Serve como sinal para os descrentes (1 Co
14.13-17);
ü
O
falar noutras línguas como dom abrange o espírito do homem e o Espírito de
Deus, que entrando em mútua comunhão, faculta ao crente a comunicação direta
com Deus expressando-se através do espírito mais do que da mente (1 Co 14.2,
14) e orando por si mesmo ou pelo próximo sob a influência direta do Espírito
Santo, à parte da atividade da mente (1Co 14.2, 15, 28; Jd 20);
ü
Línguas
estranhas faladas no culto devem ser seguidas de sua interpretação, também pelo
Espírito, para que a congregação conheça o conteúdo e o significado da mensagem
(1 Co 14.3, 27,28). Ela pode conter revelação, advertência, profecia ou ensino
para a igreja (1 Co 14.6);
ü
Deve
haver ordem quanto ao falar em línguas em voz alta durante o culto. Quem fala
em línguas pelo Espírito, nunca fica em “êxtase” ou “fora de controle” (1 Co
14.27,28).
V - OUTRAS LÍNGUAS, PORÉM FALSAS
O simples fato de alguém falar
“noutras línguas”, ou exercitar outra manifestação sobrenatural não é evidência
irrefutável da obra e da presença do Espírito Santo. O ser humano pode IMITAR
as línguas estranhas como o fazem os demônios. A Bíblia nos adverte a não
crermos em todo espírito, e averiguarmos se estas experiências espirituais
procedem realmente de Deus (1 Jo 4.1). Analisemos:
ü
Falar
em línguas não é algo APRENDIDO, mas sim RECEBIDO. Somente devemos aceitar as
línguas se elas procederem do Espírito Santo. Esse fenômeno, segundo o livro de
Atos, deve ser espontâneo e resultado do derramamento inicial do Espírito
Santo. Não é algo aprendido, nem ensinado, como por exemplo instruir crentes a pronunciar
sílabas sem nexo como fazem alguns (1Co 12.11);
ü
Falar
línguas não é para os FALSOS CRENTES. O
Espírito Santo nos adverte claramente que nestes últimos dias surgirá apostasia
dentro da igreja (1 Tm 4.1,2); sinais e maravilhas operados por Satanás (Mt
7.22,23; 2 Ts 2.9) e obreiros fraudulentos que fingem ser servos de Deus (2 Pe
2.1,2);
ü
Falar
línguas não é para os INCRÉDULOS, mas sim, para OS SALVOS. Se alguém afirma que fala noutras
línguas, mas não é convertido e dedicado a Jesus Cristo, nem aceita a autoridade
das Escrituras, nem obedece à Palavra de Deus, qualquer manifestação
sobrenatural que nele ocorra não provém do Espírito Santo (1 Jo 3.6-10; 4.1-3;
Gl 1.9; Mt 24.11-24, Jo 8.31).
VI - DONS DE INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS
(I CO 12.10e)
Dom de Interpretação de Línguas
(1Co 12.10). Trata-se da capacidade concedida pelo Espírito Santo, para o portador
deste dom compreender e transmitir o significado de uma mensagem dada em línguas.
Tal mensagem interpretada para a igreja reunida, pode conter ensino sobre a
adoração e a oração, ou pode ser uma profecia. A interpretação de uma mensagem
em línguas pode ser um meio de edificação da congregação inteira, pois toda ela
recebe a mensagem (1 Co 14.6, 13, 26). A interpretação pode vir através de quem
deu a mensagem em línguas, ou de outra pessoa. Quem fala em línguas deve orar
para que possa interpretá-las (1 Co 14.13) (STAMPS, 1995, p. 1756).
CONCLUSÃO
Que possamos aproveitar ao máximo
o que o Espírito de Deus tem a nos oferecer através dos dons espirituais de elocução
visando a edificação, exortação e consolação pessoal e da Igreja (1 Co 14.3).
REFERÊNCIAS
RENOVATO, Elinaldo. Dons Espirituais
& Ministeriais. CPAD.
SILVA, Severino Pedro da. A
Existência e a Pessoa do Espírito Santo. CPAD.
SOUZA, Estevam Ângelo de. Nos
Domínios do Espírito. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD
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