At
5.25-32; 12.1-5
INTRODUÇÃO
Estudaremos,
nesta lição, as perseguições sofridas pela Igreja. Pontuaremos o contexto de
perseguição no qual a Igreja de Jerusalém nasceu. Destacaremos as perseguições
que ocorreram durante as primeiras viagens missionárias e, por fim, elencaremos
as diversas áreas nas quais a Igreja é perseguida e como devemos agir.
I. OS PRIMÓRDIOS DA PERSEGUIÇÃO À
IGREJA
1.
Definição da palavra “perseguição”.
De
forma geral, podemos conceituar a perseguição como o “ato de assediar,
oprimir, dificultar ou negar os direitos fundamentais de ir e vir, torturar
e/ou executar pessoas com base em diferenças étnicas, políticas ou religiosas”.
De acordo com dados do portal Missão Portas Abertas, a perseguição aos cristãos
está aumentando em muitas partes do mundo. Aproximadamente mais de 360 milhões
de cristãos enfrentam algum tipo de oposição por expressar sua fé em Jesus
Cristo.
2.
A perseguição durante o ministério terreno de Jesus.
Podemos
afirmar que, desde o Antigo Testamento, os servos de Deus sofreram perseguições
(2Cr 36.16; Sl 7.1,2; 31.14-16; 119.157; 142.6,7; Mt 5.12; 23.34,37; Lc 13.34).
A prisão, condenação e morte de Jesus foram resultado das perseguições por
parte das autoridades religiosas de Jerusalém. Portanto, podemos afirmar que as
perseguições à Igreja começaram muito antes do ministério de Paulo: “E os
escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isso, buscavam ocasião para o
matar [...]” (Mc 11.18). Durante seu ministério aqui na terra, o Senhor
Jesus advertiu seus discípulos de que chegaria a hora em que aqueles que os
perseguissem, e até os matassem, pensariam estar prestando um serviço a Deus
(Jo 16.1,2; veja também Mt 10.34; 26.3,4; Jo 5.16; 15.18,19; 1Pd 4.14; Ap 1.9;
2.10).
3.
A perseguição alcançou os discípulos de Jesus.
Já
em seu primeiro discurso público, o Senhor Jesus mencionou as perseguições (Mt
5.10-12; 24.9; Mc 10.29,30; Lc 6.22; Jo 15.18-21; 17.14,15). Jesus foi muito
claro ao afirmar que as perseguições são uma realidade na vida de quem abraça o
seu evangelho: “Acautelai-vos, porém, dos homens; porque eles vos
entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas; E sereis até
conduzidos à presença dos governadores e dos reis, por causa de mim [...]” (Mt
10.17,18,22,23a). Ele fez questão de avisar aos seus discípulos sobre as
grandes perseguições que enfrentariam: “[...] se a mim me perseguiram,
também vos perseguirão a vós [...]” (Jo 15.20). A Igreja de Cristo não
está imune às perseguições: “E também todos os que piamente querem viver
em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm 3.12).
II. A IGREJA DE JERUSALÉM NASCEU EM
UM CONTEXTO DE PERSEGUIÇÃO
1.
A perseguição empreendida contra os apóstolos Pedro e João
Após
a cura do coxo em frente à Porta Formosa, os apóstolos Pedro e João foram
presos pelos saduceus e pelo sinédrio. Lucas destaca o motivo dessa prisão: “Doendo-se
muito de que ensinassem o povo e anunciassem, em Jesus, a ressurreição dos
mortos” (At 4.2). Além do encarceramento, os apóstolos foram ameaçados
para que não mais mencionassem o nome de Jesus. O texto lucano revela a ênfase
dada pelo sinédrio à proibição: “[...] disseram-lhes que absolutamente
não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus.” (At 4.18). Essas
proibições revelam as tentativas malignas de silenciar a pregação do evangelho.
2.
A perseguição empreendida contra o diácono Estêvão.
A
perseguição contra Estêvão resultou no primeiro martírio cristão. Ele foi um
servo de Deus que se comportou com muita sabedoria diante do levante promovido
contra ele na sinagoga chamada dos Libertos (At 6.9). O texto de Atos 6 mostra
que ele se tornou vítima de mentiras, subornos e falsas testemunhas, o que o
levou a disputar com os judeus sobre as Escrituras (At 7.1–53). O discurso de
Estêvão foi tão incisivo que os judeus se enfureceram a ponto de expulsá-lo da
cidade e apedrejá-lo. Assim, esse discípulo de Jesus tornou-se o primeiro
mártir da Igreja (At 7.59,60).
3.
A perseguição geral empreendida contra a Igreja em Jerusalém.
A
Igreja foi dispersa. Como consequência do episódio envolvendo Estêvão, uma
grande perseguição eclodiu em Jerusalém, resultando na dispersão dos primeiros
cristãos para a Judeia e Samaria (At 8.1). Todavia, à medida que os cristãos
dispersos iam por todos os lugares, anunciavam a Palavra de Deus (At 8.4).
Podemos perceber, portanto, que a perseguição está entrelaçada com a origem da
Igreja de Cristo. Os primeiros cristãos viveram uma realidade que,
infelizmente, ainda é semelhante à de muitos outros em pleno século XXI.
4.
A perseguição empreendida por Saulo de Tarso.
Paulo,
no auge de sua ignorância espiritual, tornou-se um símbolo da perseguição
contra a Igreja (1Tm 1.12–14). Como fariseu fanático, acreditava que sua missão
era acabar com a fé cristã (At 7.58), perseguindo, prendendo e até matando os
crentes (Gl 1.13,14). Sua postura autoritária e arrogante o tornava violento,
empregando grande força contra homens e mulheres, sem qualquer compaixão,
acreditando que estava agindo corretamente: “Segundo o zelo, perseguidor
da igreja [...]” (Fp 3.6a). Ele imaginava sinceramente que, com esse
comportamento, agradava a Deus (At 26.9–11) e, por isso, não via problema algum
em praticar tais atos em nome de Deus (At 9.2).
III. A PERSEGUIÇÃO EMPREENDIDA CONTRA
A OBRA MISSIONÁRIA NA IGREJA PRIMITIVA
1.
As perseguições durante a primeira viagem missionária.
No
capítulo 13 de Atos dos Apóstolos, é descrito o início da primeira viagem
missionária. Nessa ocasião, Barnabé e Saulo foram separados pelo Espírito Santo
para a obra missionária. Logo após serem enviados pela igreja, as perseguições
começaram. As primeiras oposições aconteceram em Antioquia da Pisídia (At
13.14). O texto bíblico destaca: “Então, os judeus, vendo a multidão,
encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo dizia” (At
13.45). Na cidade de Icônio, houve um motim promovido pelos judeus e uma
tentativa de apedrejamento que obrigou os missionários a fugirem para a cidade
de Listra (At 14.5–6). Em Listra, a perseguição se intensificou tanto que o
apóstolo Paulo foi apedrejado: “Sobrevieram, porém, uns judeus de
Antioquia e de Icônio que, tendo convencido a multidão, apedrejaram a Paulo e o
arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto” (At 14.19).
Essa primeira viagem foi marcada por muitas lutas e tribulações.
2.
As perseguições durante a segunda viagem missionária.
A
segunda viagem missionária também foi marcada por perseguições ferozes. Na
cidade de Filipos, o apóstolo Paulo foi preso e açoitado: “E,
havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro
que os guardasse com segurança” (At 16.23). Em Tessalônica, houve uma
agitação popular que forçou a fuga dos missionários (At 17.1–10). Em Bereia,
judeus vindos de Tessalônica foram até a cidade para causar problemas (At
17.13–14). Em Corinto, Paulo foi conduzido perante Gálio, procônsul da Acaia; a
intenção dos judeus era condená-lo em um tribunal romano, mas o plano foi
frustrado (At 18.16). Essa segunda viagem foi marcada por prisões e açoites,
porém o Deus que deu a ordem para evangelizar também protegeu os missionários.
3.
As perseguições durante a terceira viagem missionária.
Sob
diversos aspectos, esse foi o período mais importante da vida de Paulo. O
objetivo da terceira viagem era visitar as igrejas para confirmar e fortalecer
o ânimo dos discípulos (At 18.22,23). Durante essa viagem, um grande tumulto
foi causado por ourives que se sentiam economicamente ameaçados, isso aconteceu
na cidade de Éfeso. Milagres extraordinários ocorreram ali: “E Deus,
pelas mãos de Paulo, fazia maravilhas extraordinárias” (At 19.11). No
entanto, essa viagem terminou com a prisão de Paulo (At 21.27–36). Além disso,
houve uma conspiração para matá-lo (At 23.12–22) e, por fim, Paulo foi enviado
a Roma para aguardar julgamento (At 24–28).
V. AS DIVERSAS ÁREAS DA PERSEGUIÇÃO
CONTRA A IGREJA NA ATUALIDADE
1.
A perseguição jurídica e institucional.
Autoridades,
jornalistas, intelectuais, professores e artistas, muitas vezes, exigem que os
cristãos não tenham o direito de expressar seus valores, opiniões, princípios e
doutrinas em qualquer espaço da sociedade. Frequentemente, ocorre a violação de
direitos humanos básicos, como o direito à liberdade de expressão. Na esfera
institucional, têm sido criadas leis e adotados métodos para impedir o avanço
da Igreja, restringindo, em vários aspectos, a liberdade de expressão dos
cristãos (At 4.18).
2.
A perseguição ideológica e moral.
A
perseguição moral se caracteriza principalmente pela rejeição dos princípios
cristãos (Rm 1.18–32; Ef 5.8,15); pela legalização de comportamentos imorais
(2Tm 3.1–7; 1Co 6.9–10); e pela desconstrução dos valores absolutos (Rm
1.18–32; 1Tm 4.1–4).
3.
A perseguição cultural e acadêmica.
Além
da perseguição tradicional, há uma forma mais sutil e sofisticada que ocorre no
campo cultural, como: a) Na música: incentivo ao consumo de drogas, ao
amor livre, à prostituição e ao escárnio do cristianismo; b) Na literatura:
obras que tentam minar o cristianismo e desacreditar seu avanço; c) Na
teledramaturgia: novelas, filmes e desenhos animados que buscam
desconstruir os valores e doutrinas cristãs; d) Na cultura popular:
festas como carnaval, folclore, crendices populares; e) Na ciência:
defesa da teoria da evolução, ateísmo, racionalismo, humanismo; e f) Na arte:
manifestações religiosas sincréticas e o culto ao corpo, promovidos sob a
justificativa de liberdade artística e subjetividade.
4.
A perseguição física.
Há inúmeros relatos de perseguições violentas à
Igreja em diversos países. Cristãos são martirizados, igrejas são destruídas e
missionários são forçados ao trabalho escravo. Apesar da violência, como
açoites, prisões, tortura psicológica, apedrejamentos e mortes, muitos
discípulos fiéis a Cristo não negaram o nome de Jesus. Nenhuma perseguição será
capaz de
calar a Igreja: “...edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela” (Mt 16.18; ver também At 4.19,20; 26.10).
VI. COMO A IGREJA ENFRENTA A
PERSEGUIÇÃO
Assim
devemos, portanto, enfrentar a perseguição:
- Evangelizando e fazendo missões. A Igreja só começou a evangelizar e a fazer missões depois da perseguição que lhe moveram as autoridades judaicas após a morte de Estêvão (At 8.4,5; 13.1-3).
- Defendendo a sua fé. Contra a perseguição cultural e institucional, a recomendação de Pedro é clara e urgente: “Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15).
- Conservando sua identidade de povo de Deus. Somos perseguidos, porque somos um povo especial, zeloso e de boas obras (Tt 2.14). Enfim, representamos tudo o que o mundo odeia. Nós, luz; eles, ainda em trevas.
CONCLUSÃO
Concluímos
que caso a Igreja fosse uma mera organização humana, já teria se destruído
pelas grandes perseguições. Mas, por ser uma instituição divina, edificada pelo
próprio Cristo é, por isso, que a Igreja subsiste ao longo dos séculos e
continuará a subsistir até a vinda gloriosa de Jesus.
REFERÊNCIAS
Ø CABRAL, Elienai. O Apóstolo
Paulo: Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios. CPAD.
Ø BALL, Charles Ferguson. A vida e
os tempos do apóstolo Paulo. CPAD.
Ø BRUCE, F. F. Paulo, o Apóstolo
da Graça. VIDA NOVA.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø REILLY, A. J. Os Mártires do
Coliseu. O Sofrimento dos Cristãos no Grande Anfiteatro Romano. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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