sábado, 3 de novembro de 2018

LIÇÃO 05 – AMANDO E RESGATANDO A PESSOA DESGARRADA (SUBSÍDIO)


  




Lc 15.3-10





INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos duas das parábolas mais conhecidas registradas no Evangelho escrito por Lucas; pontuaremos também algumas de suas principais características, para melhor compreensão de sua mensagem; e por fim, veremos qual a devida aplicação dessa mensagem para a igreja atual.


I. A PARÁBOLA DA OVELHA PERDIDA
Nenhum outro capítulo do Novo Testamento é tão conhecido e tão querido como o décimo quinto de Lucas, de modo a ser chamado de: “o evangelho no evangelho” (BARCLAY, sd, p. 174). A história da ovelha perdida que nesse capítulo está registrada tem um paralelo em Mateus 18.10-14, cujo contexto focaliza no desejo do Pai celestial de que: “Assim, também, não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca” (Mt 18.14). Em Lucas, o foco está na ação graciosa de Deus que vai em busca do perdido, no arrependimento como o caminho de volta do pecador ao pai e a sua respectiva aceitação (Lc 15.7,10,18,19,21). Vejamos ainda algumas considerações sobre esta parábola: 

1. A motivação do anúncio da parábola.
O fato de Cristo ser procurado pelos publicanos e pecadores (Lc 15.1), bem como a Sua atitude de em recebê-los comendo com eles (Lc 15.2), resultou na murmuração dos fariseus e escribas. O ódio desses religiosos pelos publicanos e pecadores é bem conhecido nas Escrituras (Mt 9.10,11; Mc 2.15,16; Mt 18.9-11). Eles sentiam que qualquer um que se associasse com estas pessoas desprezadas, o fazia por ter o mesmo caráter. Diante disso, o Senhor Jesus passa a ilustrar e consequentemente justificar o porquê de sua atitude amorosa, e qual o sentimento que deveria existir nos fariseus e escribas em relação a estas pessoas.

2. O objetivo da parábola.
Os fariseus e escribas reputavam aos publicanos e pecadores como pessoas indignas do amor de Deus. Os publicanos (cobradores de impostos) não eram tidos em alta estima, porque não somente auxiliavam os romanos que subjugava os judeus, mas também enriqueciam ilicitamente as custas de seus patrícios (Lc 19.2,8). Já os pecadores eram assim chamados porque não interpretavam a Lei como os escribas e fariseus ou exerciam profissões pouco honrosas. Para corrigir a visão distorcida daqueles em relação aos pecadores, Jesus conta neste capítulo três parábolas (ovelha e moeda perdida e do filho pródigo) que expressam o grande amor de Deus pelos perdidos, mostrando que estes são amados e podem ser aceitos pelo Senhor mediante o arrependimento (Lc 15.7,10,32).

3. Personagens da parábola.
A figura usada por Jesus nessa parábola é algo muito comum para seus ouvintes, é provável que enquanto ele a contava, era possível ver naquela região de forma muito familiar os pastores cuidando de suas ovelhas. A ovelha da história perdeu-se por irracionalidade. Esses animais têm a tendência de se desencaminhar, por isso precisam de um pastor (Is 53.6; 1 Pe 2.25). A imagem do pastor e as ovelhas é muito comum desde o AT para ilustrar o cuidado de Deus para com os seres humanos (Sl 23.1; Jr 23.1-4; Is 40.11; Ez 34.11-16; 37.24).


II. A PARÁBOLA DA DRACMA PERDIDA
As narrativas desse capítulo podem também ser chamadas de: “As Parábolas dos Quatro Verbos – Perder, Procurar, Encontrar, Regozijar-se”. Esses quatro verbos certamente resumem a dinâmica do texto. A mensagem central desta parábola é a mesma da ovelha perdida, e a respeito da parábola da dracma perdida, pontuamos duas informações adicionais:

1. Estrutura da parábola.
As duas parábolas iniciais desse capítulo possuem uma estrutura semelhante: a) uma breve indicação dos personagens: “Que homem dentre vós […]” (Lc 15.4a), “Ou qual a mulher […]” (Lc 15.8a); b) uma declaração da perda: “[…] perdendo uma delas [ovelha]” (Lc 15.4b), “[…] se perder uma dracma” (Lc 15.8b); c) uma pergunta retórica: “[…] e não vai após a perdida até que venha a achá-la?” (Lc 15.4c), “[…] e busca com diligência até a achar?” (Lc 15.8c); d) uma reação: “E achando-a [ovelha], a põe sobre os seus ombros, cheio de júbilo […]” (Lc 15.5), “E achando-a, […] alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida” (Lc 15.9); e, e) uma afirmação conclusiva: “[…] assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15.7), “Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lc 15.10).

2. Propósito da parábola.
Esta parábola da dracma perdida repete o significado da primeira, no entanto, com uma ilustração diferente. A ovelha perdeu-se por não ter racionalidade, mas a moeda foi perdida por causa do descuido de alguém. A moeda perdida deveria estar com as outras nove, a intensa busca da mulher em procurar a dracma, expressa a intensidade da preocupação de Deus para recuperar os perdidos (Lc 19.10: Jo 10.16). Logo, há mais alegria no céu por um pecador encontrado: “Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15.7), isso não quer dizer, no entanto, que os justos não sejam amados, pois estes estão seguros condicionalmente no aprisco (Lc 15.4; Jo 10.28,29); mas, que a alegria nesse contexto está reservada para aqueles que são encontrados depois que estiveram perdidos, e é isso que é peculiar sobre esta apresentação do Reino de Deus nessa parábola (NEALE, 2015, pp. 168,169 – acréscimo nosso).


III. A PARÁBOLA DA OVELHA E DA DRACMA PERDIDA E SUA APLICAÇÃO PARA A IGREJA
Um notável traço das parábolas é o fato de retratarem a realidade espiritual do ser humano, como também o caráter e a obra de Cristo, e por inferência o papel da igreja no Reino de Deus. Notemos algumas dessas verdades:

1. A necessidade do homem perdido.
Tudo o que Deus criou, o fez perfeitamente (Gn 1.31; Ec 7.29). Contudo, por causa do mau uso do livre-arbítrio, o pecado teve o seu lugar na humanidade, manchando (não destruindo) a imagem de Deus (imago Dei) no homem. Em Efésios 2.3 diz o apóstolo Paulo que os efésios eram: “por natureza filhos da ira, como também os demais”. Nesta passagem a expressão “por natureza” indica uma coisa inata e original, em distinção daquilo que é adquirido (Is 53.6). Então, o pecado é uma coisa da própria natureza humana, da qual participam todos os homens e que os fazem culpados diante de Deus (Is 59.16; Rm 5.12-14), por isso, que todos os homens se acham sob condenação e necessitam da redenção (BERKHOF, 2000, p. 235).

2. O amor de Deus pelos perdidos.
As parábolas deste capítulo ilustram a consideração de Deus pelos perdidos. Essa narrativa nos dá um quadro impressionante da própria missão de Jesus na terra. Ele veio em busca das ovelhas perdidas, este foi o seu objetivo por todos os lugares onde passou (Mt 9.36; 14.14; Lc 19.10: Jo 4.4). Em cada caso aquele que estava perdido era considerado precioso, valia a pena buscá-los, e também valia a pena se alegrar quando eram encontrados. Jesus estava dizendo que Deus procura os pecadores perdidos! Não é de se admirar que os escribas e fariseus tivessem ficado ofendidos, pois em sua teologia legalista não havia lugar para um Deus desse tipo. Haviam esquecido que Deus procurou Adão e Eva quando pecaram e se esconderam dele (Gn 3.8,9). Apesar de seu suposto conhecimento das Escrituras, os escribas e fariseus se esqueceram que Deus é como um Pai que se compadece de seus filhos rebeldes (Sl 103.8-14).

3. A ação de Deus pelos perdidos.
Devido à pecaminosidade do homem, este estava destinado a condenação eterna (Jo 3.18; Rm 3.23; Ef 2.3). Mas, apesar dessa condição, Deus por Sua graça e misericórdia (Ef 2.4,5) estabeleceu um projeto salvífico para resgatar o homem (Gn 3.15; Jo 3.16; Ap 13.8). O projeto de restauração do homem, tem como fonte a pessoa de Deus (Is 45.22; Tt 2.11). Na condição de pecador, o homem jamais por si só produziria a sua salvação (Rm 3.10,11; Tt 3.5), por essa razão vemos partindo sempre de Deus a iniciativa de resgatar o homem (Gn 3.9;15,21). A Bíblia diz que: “Deus amou”; “Deus deu”; “Deus enviou” (Jo 3.16,17). Paulo diz ainda que: “[…] a graça de Deus se manifestou […] (Tt 2.11); e que: “tudo isto provém de Deus” (2 Co 5.18a). Deus, por Sua maravilhosa graça decidiu soberanamente salvar o homem caído em pecado, por meio de Jesus Cristo: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo […]” (2 Co 5.19), esperando do homem em resposta a essa graça, arrependimento e fé (Mc 1.15; At 2.38; 3.19; 2 Co 7.10; Mc 16.16; Rm 10.9; Ef 2.8).

4. A igreja e a busca pelos perdidos.
Segundo Horton (2006, pp. 299,300), “a Igreja é uma comunidade formada por Cristo em benefício do mundo. Cristo entregou-se em favor da Igreja, e então a revestiu com o poder do dom do Espírito Santo a fim de que ela pudesse cumprir o plano e propósito de Deus”. Uma igreja que não tem a sensibilidade de ir em busca dos perdidos, está perdida em si mesma, visto que um dos motivos pelos quais a igreja existe, é para evangelizar afirmou o apóstolo Pedro: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9). A Igreja tem diversas atribuições, no entanto, a mais excelente delas é a que justifica a sua presença aqui na terra: a sublime tarefa da evangelização (Mt 28.16-20; Mc 16.15). 



CONCLUSÃO
Fica claro por meio dessas duas parábolas o amor de Deus pelos pecadores. Como também uma mensagem bem definida para a igreja atual, que como corpo de Cristo, devemos buscar os que estão perdidos e lhes anunciar a boas novas de salvação. O fervor que Jesus demonstrou deve arder em cada um de nós, e nos alegrarmos com os anjos de Deus pelo pecador que se arrepende.




REFERÊNCIAS
BARCLAY, William. Comentário do Novo Testamento. PDF
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. CULTURA CRISTÃ.
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. CPAD.
NEALE, David. A. Novo Comentário Bíblico Beacon. CENTRAL GOSPEL.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.



Por Rede Brasil de Comunicação.


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