domingo, 11 de novembro de 2018

LIÇÃO 06 – SINCERIDADE E ARREPENDIMENTO DIANTE DE DEUS (SUBSÍDIO)


  




Lc 18.9-14





INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos quem eram os fariseus e os publicanos; definiremos um contraste das palavras arrogância e humildade; veremos algumas características negativas do caráter do fariseu; e por fim, notaremos um contraste entre a oração do publicano e do publicano.


I. QUEM ERAM OS FARISEUS E OS PUBLICANOS
Jesus proferiu três parábolas relacionadas com a oração que são respectivamente: (a) o amigo importuno (Lc 11.5-13); (b) o juiz iníquo (Lc 18.1-8); e, (c) o fariseu e o publicano (Lc 18.9-14). A parábola do fariseu e o publicano é constituída de duas orações feitas por dois homens com dois resultados diferentes. Vejamos alguns detalhes sobre estes dois personagens:

1. Os fariseus.
Eram de uma seita judaica que surgiu na segunda metade do período interbíblico (tempo que decorreu entre o encerramento do AT e o início do NT, entre Malaquias e Mateus). No início da formação da seita, os fariseus eram devotos e fiéis, visando conservar viva a fé em Deus, a obediência à sua Lei, manter a pureza moral e espiritual e fortalecer a esperança messiânica (GILBERTO, 1990, p. 7). Não tardou muito e os fariseus tornaram-se legalistas, formalistas e hipócritas, dando mais valor à tradição do que às Sagradas Escrituras. Ao longo de seu ministério público, Jesus condenou a hipocrisia e a incredulidade dos fariseus (Lc 11.39-54). Descreveu-os como devedores falidos, incapazes de pagar sua dívida a Deus (Lc 7.40-50), convidados brigando pelos melhores lugares (Mt 23.13-39; Lc 14.7-14) e filhos orgulhosos de sua obediência, mas alheios às necessidades dos outros (Lc 15.25-32) (WIERSBE, 2007, vol. 1, p. 323).

2. Os publicanos.
Eram judeus cobradores de impostos e por isso eram odiados e tidos como traidores porque trabalhavam para Roma que ocupava a terra dos judeus. O termo publicano vem do latim “publicum” porque seu trabalho estava ligado à renda pública. Geralmente eles extorquiam dinheiro, cobrando a mais, e aceitavam suborno dos ricos (Lc 3.12,13; 19.1-10). Eram comparados a: a) pecadores (Mt 9.10-13; Lc 15.1); b) meretrizes (Mt 21.31); e, c) gentios (Mt 10.18; 1Ts 4.5). Eram ainda tidos como impuros porque estavam sempre em contato com gentios (GILBERTO, 1990, p. 7).


II. CONTRASTE ENTRE ARROGÂNCIA E A HUMILDADE
1. Arrogância.
Segundo o dicionarista Houaiss (2001, p. 303), arrogância significa: “ato de atribuir a si mesmo privilégio; atitude prepotente de desprezo com relação aos outros; atitude desrespeitosa e ofensiva em atos ou palavras; orgulho ostensivo; soberba; altivez; insolência; atrevimento”. O termo deriva-se do hebraico “zadôn” e significa altivez, orgulho ou soberba (Ml 4.1; Sl 119.51,69,78,122; Jr 43.2). O orgulho é um pecado e é abominável diante de Deus (Pv 6.16,17; 21.4). No NT o termo é “alazonia”, que é traduzido por soberba ou orgulho (1 Tm 3.6; 1Jo 2.16). É esta obra da carne que podemos ver na pessoa do fariseu.

2. Humildade.
Segundo o dicionarista Houaiss (2001, p. 1555), humildade significa: “virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações; simplicidade; sentimento de fraqueza e inferioridade com relação a alguém; ausência completa de orgulho; rebaixamento voluntário por um sentimento de fraqueza ou respeito; modéstia; ausência de orgulho, soberba ou vaidade”. O termo deriva-se do hebraico “ãnãw”, que quer dizer “humilde” e “ãnãwâ” que significa “humildade” (Jó 22.29; Sl 10.12; 138.6; Pv 11.2; 14.21; 15.33; 16.19; 18.12). Nas páginas do NT o termo é “tapeinos” (Mt 11.29; Lc 1.52; Rm 12.16; 2Co 7.6; Tg 4.6; 1Pe 5.5). A humildade está associada a uma consciência de que tudo que temos ou somos vem do Senhor (Pv 15.33; 18.12; 22.4; 1Pe 5.5). É este fruto do Espírito que podemos ver na pessoa do publicano.


III. CARACTERÍSTICAS DO FARISEU
O fariseu da parábola tinha religião e religiosidade, mas voltou vazio do templo, porque tudo quanto ele apresentava era mera aparência, estando seu coração tão somente cheio de orgulho e de autojustiça. Ele apenas parecia justo diante dos outros, mas no seu coração nem amava a Deus, nem ao próximo. A autojustiça do ser humano é um mal universal: “Cada qual entre os homens apregoa a sua bondade […]” (Pv 20.6). Jesus usa o método de ensino comparativo, mediante contrastes. Notemos:

1. Confiava em si mesmo.
O fariseu usava a oração como forma de obter reconhecimento público, não como exercício espiritual para glorificar a Deus (Mt 6.5; 23.14) Os fariseus eram o verdadeiro exemplo daqueles que “[…] uns que confiavam em si mesmos” (Lc 18.9a). É o erro de confiar no nosso “eu”: “Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo […]” (Lc 10.29). É um grande erro confiar em sua própria justiça: “E disse-lhes: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração, porque o que entre os homens é elevado perante Deus é abominação” (Lc 16.15). Outras coisas fracas em que não devemos confiar são: a) nas riquezas (Mc 10.24); b) nos homens (Jr 17.5;3); c) nos “muros” da vida (Dt 28.52; 4); d) nos carros e cavalos (Sl 20.7); e) nas palavras falsas (Jr 7.8,6); f) na formosura (Ez 16.15); e, g) na armadura humana (Lc 11.22).

2. Acreditava que era justo.
Em sua oração, em momento algum ele confessou seus pecados e mostrou arrependimento. O fariseu alimentava uma falsa fé quanto à justiça: “[…] crendo que eram justos […]” (Lc 18.9b). Essa parábola é uma grande advertência sobre autojustiça durante a oração. Aqui está uma das razões de muitas orações não respondidas: irmos a Deus julgando-nos merecedores de alguma coisa, porque somos justos (Is 64.6; Fp 3.8,9). Tudo recebemos de Deus como resultado do seu amor gracioso (Dt 7.6-8; Tt 3.5-7). O fariseu estava em pé de modo soberbo, exibicionista e denotando superioridade e isso revelou o seu caráter: “[…] não sou como os demais homens roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano” (Lc 18.11-b) (WIERSBE, 2007, vol. 1, p. 323).

3. Desprezava os outros.
Os outros que não pareciam “justos” a seus próprios olhos, como os fariseus, e quem não agisse como eles eram tidos como pecadores (Lc 5.30; 18.11). Os fariseus se sentiam superiores e mais santos do que os demais homens: “[…] e desprezavam os outros” (Lc 18.9c). O termo como está no versículo 9 significa: “não fazer caso de alguém, não dar importância, rejeitar, discriminar, considerar o próximo como nada”. Algo muito parecido com o que o Senhor falou pelo profeta Isaías: “E dizem: retira-te, e não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu […]” (Is 65.5). Quem se entrega a Cristo para obter Sua justiça, reconhece que nada é em si mesmo, e sempre está pronto a admitir que os outros são melhores do que ele. Um verdadeiro filho de Deus não despreza ninguém: “Tu também, por que desprezas teu irmão?’’ (Rm 14.10). O orgulho do fariseu condenou-o, mas a fé humilde do publicano o salvou (ver Lc 14.11 e Is 57.15).


IV. CONTRASTE ENTRE A ORAÇÃO DO FARISEU E DO PUBLICANO
Vejamos alguns contrastes entre as orações do fariseu e do publicano:

1. A oração do fariseu.
O fariseu agradece a Deus por não ser como os demais homens. Isso significa que ele atribuía a Deus a sua maneira hipócrita de ser, sua autossuficiência de justiça: “Ó Deus Graças te dou […]” (Lc 18.11-a). Ora, agradecer a Deus por isso, significa realmente acusá-lo. Ele estava prestando um relatório dos outros a Deus, e não orando: “[…] não sou como este publicano”. Vemos aqui sua atitude de desprezo pelo próximo, e seu orgulho pessoal. A outra evidência do seu orgulho perverso está nas palavras de Jesus concernentes a esta oração: “[…] qualquer que a si mesmo se exalta” (Lc 18.14). Até aqui o fariseu diz a Deus o que ele era, mas no versículo 12 ele passa a dizer o que ele faz. A sua oração só continha informação e ele jejuava por formalidade; não por necessidade e voluntariamente.

2. A oração do publicano.
O caso do publicano ensina-nos como disse o salmista: “a um coração contrito não desprezarás, ó Deus” (Sl 51.17). “O publicano, porém, estando em pé […]” (Lc 18.13). A construção verbal como está no original, denota atitude humilde, sem qualquer ostentação. O texto ainda diz que o publicano orava “de longe” isto é, longe do templo propriamente dito. No templo mesmo só entravam os sacerdotes para lá ministrar. Em volta do templo havia várias áreas chamadas átrios, onde ficava o povo, dependendo do seu grupo. O átrio onde se fazia oração era o das mulheres. O fariseu postou-se na extremidade desse átrio, próximo ao templo. O publicano postou-se na outra extremidade, distante do templo, reconhecendo a indignidade de aproximar-se do santo lugar (Is 6.5-7; 1Tm 1.15). O publicano: “nem ainda queria levantar os olhos aos céus”. O publicano, de tão convicto, vendo que suas palavras não eram suficientes para expressar o seu arrependimento, batia no peito, mostrando que sua oração partia de um coração quebrantado: “[…] mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (Lc 18.3-c). Isso fala de lamento, pesar, aflição (Lc 23.48; Jr 31.19; Na 2.7).


V. LIÇÕES DA PARÁBOLA DO FARISEU E O PUBLICANO
Podemos refletir sobre algumas lições práticas importantes que esta parábola nos ensina. Vejamos:

1. Deus não se impressiona.
O fariseu tentou impressionar a Deus; ele fez isso se comparando às outras pessoas e mostrando o quanto era superior a elas. Ele se julgava diferente e acima de todos. O publicano, por sua vez, também se comparou às outras pessoas, mas ele se julgou inferior a todas elas. Ele classificou-se a si mesmo como “o pecador”. O apóstolo Paulo também fez o mesmo: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar pecadores, dos quais eu sou o principal” (1Tm 1.15).

2. Deus não dá Sua glória a ninguém.
A oração do publicano expressa uma verdade presente em toda a Bíblia, declarando que a salvação, do início ao fim, pertence a Deus e é atribuída à Sua misericórdia e graça (Sl 51.1; Lc 18.13; Ef 2.8; Tt 3.5). O homem é incapaz de justificar-se a si mesmo. A oração do fariseu aparentemente parecia ser uma oração de gratidão. Aos olhos humanos, tal oração poderia realmente representar as palavras de alguém justo e distinto por sua religiosidade. Porém, aos olhos de Deus, tal oração era uma afronta, uma ofensa, pois na verdade ela atacava a glória de Deus.

3. Elogio humano pode ser perverso e enganoso.
Quando o fariseu começou a se autocongratular, ele disse que não era um ladrão, um desonesto e um adúltero. Tudo o que o fariseu dizia não ser, na verdade, ele era. O fariseu era o ladrão que naquele exato momento roubava a glória de Deus nas palavras de sua oração. Ele era o homem desonesto que defraudava a si mesmo. Por último, ele era o adúltero culpado do pior de todos os adultérios, ao apostatar do verdadeiro Deus (Os 1.2; 5.3).


CONCLUSÃO
A Parábola do fariseu e o publicano nos convida a fazer um importante autoexame. Devemos olhar para nossas vidas e avaliar nossa conduta diante da Palavra de Deus, afinal, fariseus e publicanos continuam espalhados por todos os lugares.




REFERÊNCIAS
Ø  GILBERTO, Antônio. Lições Bíblicas Maturidade Cristã. CPAD
Ø  HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  LOCKYER, Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia. VIDA
Ø  WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. GEOGRÁFICA.



Por Rede Brasil de Comunicação.



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