sábado, 9 de novembro de 2019

LIÇÃO 04 – A DEGENERAÇÃO DA LIDERANÇA SACERDOTAL (SUBSÍDIO)






1 Sm 3.1-10



INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição do termo degenerar; pontuaremos a corrupção moral e espiritual de Israel; estudaremos sobre a mensagem de juízo para Israel vinda da parte de Deus; e por fim, analisaremos o castigo divino a nação por causa de sua degeneração.


I. DEFINIÇÃO DO TERMO DEGENERAR
1. Definição do verbo degenerar. O verbo “degenerar” significa: “mudar para um estado ou condição qualitativamente inferior; declinar, estragar. Mudar para pior; ocasionar ou adquirir maus hábitos ou práticas; corromper-se; deturpar; apodrecer; depravar; estragar” (HOUAISS, 2001, p. 928).  Enquanto a palavra regenerar fala de uma mudança para melhor, degenerar é uma mudança para pior; é um movimento regressivo e não progressivo. A degeneração é entendida como a alteração de algo. É mudar para uma condição ou estado de inferioridade. Lendo Jeremias 2.21, o texto usa a palavra degenerado em relação a Israel como povo de Deus, pois de uma vide excelente vieram a ser uma planta amarga. Esse é o sentido de “pikrían” que aparece na Septuaginta (versão da Bíblia do hebraico para o grego) […]. Na Vulgata Latina (versão da Bíblia do grego para o latim) aparece como adjetivo “právus” para referir-se a algo disforme, defeituoso, depravado (GOMES, 2019, p. 67 – grifos nosso).


II. A DEGENERAÇÃO MORAL E ESPIRITUAL DE ISRAEL
1. Situação do povo.
O período dos juízes que se estende até aos dias de Samuel, foi um período de oscilações espirituais na vida do povo de Israel. Quando estavam em paz e prosperidade davam as costas para o Senhor e adoravam os ídolos (Jz 2.11; 3.7,12; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1), quando se viam em aperto clamavam ao Deus verdadeiro (Jz 3.9,15; 4.3; 6.6; 10.10). A idolatria estava enraizada no meio do povo escolhido (1Sm 7.3,4).

2. Situação dos líderes.
Deus nomeou homens a fim de que eles pudessem conduzir o povo de Israel nos caminhos e na vontade do Senhor. No entanto, quando os líderes se desviavam o prejuízo era ainda maior. Vejamos como estava os líderes no período inicial do livro de 1 Samuel:

A) Eli era conivente com os erros de seus filhos.
Eli Era descendente de Arão e Itamar, tornou-se sumo sacerdote no centro da adoração em Siló. Eli esteve a frente do povo como juiz e sacerdote por pelo menos quarenta anos (1Sm 4.18), e viveu até aos 98 anos de idade (1Sm 4.15). Seu nome significa: “O Senhor é exaltado”, e a despeito da confiança e da fé que ele tinha no Senhor, ele não foi bem sucedido na formação de sua família. Seus dois filhos, que eram sacerdotes, pecavam contra o Senhor, no entanto, Eli se restringiu apenas a uma repreensão verbal e nada mais (1Sm 2.22-26). Eli não honrou o seu chamado e estimou mais os filhos do que a Deus (1Sm 2.28,29). Eli foi: a) um pai ausente, que não tinha tempo para os filhos (1Sm 4.18); b) um pai omisso, que não abriu os olhos para ver os sinais de perigo dentro do seu lar (1Sm 2.22-24; 29-34; 3.11-12,17-18); c) um pai conivente (1Sm 2.29; 3.13); e, d) um pai passivo ao fatalismo (1Sm 3.18).

B)  Hofni e Finéias pecavam contra Deus.
Os filhos de Eli, Hofni e Finéias, foram chamados por Deus para o sacerdócio (1Sm 1.3). No entanto, por causa do seu mau comportamento, foram chamados de filhos de Belial: “Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial” (1Sm 2.12a). Esta expressão hebraica é usada para descrever pessoas desprezíveis e blasfemadoras do hebraico “gadaph” (Dt 13.13; Jz 19.22; 1Sm 25.25; Pv 16.27). Paulo usa Belial “belliyya ́al” com o um sinônimo de Satanás (2Co 6.15). É dito também que eles “não conheciam ao SENHOR” (1Sm 2.12b), ou seja, não possuíam qualquer conhecimento do verbo hebraico “yadá” íntimo e pessoal de Deus. Vejamos quais foram os pecados destes homens que os fizeram desprezíveis:

a) Pecados de ordem cúltica (1Sm 2.12-17). A lei descrevia com precisão as porções dos sacrifícios que pertenciam aos sacerdotes (Lv 3.3-5; 7.28-36; 10.12-15; Dt 18.1-5), mas os dois irmãos tomavam para si toda a carne que queriam e, ainda, as partes de gordura que pertenciam ao Senhor (Lv 7.28-36). Chegavam até a pegar a carne crua para assá-la e não ter de comê-la cozida. Eles “desprezavam a oferta do Senhor” (1Sm 2.17) e “pisavam os sacrifícios do Senhor” (1Sm 2.29).

b) Pecados de ordem moral (1Sm 2.22,23). Além dos pecados de ordem cúltica (cerimonial), o registro bíblico também diz que os filhos de Eli cometiam imoralidade sexual com alguns mulheres que ficavam a porta do templo.

c) Pecados de ordem pessoal (1Sm 2.25). É forte a expressão “O Senhor os queria matar”. Lendo os textos de Números 15.30, Josué 11.20, Provérbios 15.10, logo se entende claramente o porque de Deus querer matar esses dois filhos de Eli. O texto esclarece que eles se colocaram em rebeldia e oposição a Deus, visto que esse é literalmente o sentido da expressão “filhos de Belial”. O procedimento pecaminoso, imoral, corrupto, incluindo o sacrilégio, resultou de uma deliberação própria dos filhos de Eli. Podemos dizer que sua rebelião foi algo idiossincrático, ou seja, algo pessoal, interno, característico do comportamento, do modo de agir ou da sensibilidade e individualidade de alguém (Jz 21.25; 1Sm 2.17).


III. A MENSAGEM DE JUÍZO PARA ISRAEL
Diante do quadro caótico de grande parte do povo e da liderança de Israel, Deus falou uma mensagem de juízo. Veio um homem de Deus a Eli e lhe revelou o que Deus iria fazer para punir os transgressores. Notemos:

1. Contra os sacerdotes.
Na mensagem profética Deus lembrou a Eli o que ele tinha feito de bom ao povo de Israel e ao próprio Eli chamando-o para exercer o sacerdócio. No entanto, apesar desse tamanho privilégio Eli não deu o devido valor a sua vocação e tratou com desdém as coisas sagradas (1Sm 2.27-29). Deus prometeu punir Eli e seus descendentes, fazendo com que morressem precocemente antes de completar a idade de exercerem o sacerdócio que era aos 30 anos (Nm 4.3,23,30,35,39,43,47; Lc 3.23). O homem de Deus profetizou a destruição da família de sacerdotes de Eli por causa de sua desobediência ao Senhor (1Sm 2.31-33). Mais tarde esta mensagem foi confirmada por meio de Samuel (1Sm 3.11-14). Como sinal do cumprimento desta mensagem, o homem de Deus disse que Hofni e Finéias morreriam no mesmo dia (1Sm 2.34). O juízo também foi cumprido no massacre em Nobe (1Sm 22.11-19), e quando a herança sacerdotal foi transferida para a família de Zadoque no reinado de Salomão (1Rs 2.26,27,35).

2. Contra o povo.
Além de repreender o sacerdote Eli e seus filhos com uma dura mensagem de juízo, o homem de Deus também disse o que aconteceria com o povo: “E verás o aperto da morada de Deus, em lugar de todo o bem que houvera de fazer a Israel” (1Sm 2.32).


IV. O CASTIGO PELA DEGENERAÇÃO DA LIDERANÇA SACERDOTAL
1. Escassez de manifestação.
Samuel foi levantado em um tempo onde não havia atividade profética, provavelmente porque havia poucos israelitas fiéis que dariam ouvidos à Palavra de Deus: “[…] não havia visão manifesta” (1Sm 3.1). Observamos o quanto o povo daquela época estava longe de Deus (Jz 21.25), as pessoas faziam o que parecia bem aos seus olhos justamente por não terem ensinamentos corretos, não havia dedicação e muito menos zelo pela Palavra do Senhor, esqueceram dos princípios que um dia receberam. O estado espiritual do povo era o mesmo que o do sacerdote “sem visão” (1Sm 3.2).

2. Derrota nas batalhas.
A punição pelos pecados de Eli e sua família aconteceu de duas maneiras: a destruição quase total de uma família sacerdotal e a humilhação de uma nação inteira. Mas ainda ficaram descendentes e parentes de Eli, os quais, mais à frente foram mortos por Saul. Nessa ocasião o Tabernáculo tinha sido transferido para Nobe, e o sumo sacerdote era Aimeleque, bisneto de Eli. Por achar que este tinha ajudado Davi a fugir, Saul mandou matar ele e todos os demais sacerdotes, em número de oitenta e cinco. Só escapou Abiatar (1Sm 22.6-23), que mais tarde tornou-se sumo sacerdote, durante o reinado de Davi, mas foi destituído por Salomão, cumprindo-se a profecia do homem de Deus em Siló (1Sm 2.35,36; 4.2; 1Rs.2.27).

3. Morte dos líderes.
Houve diversos prenúncios da punição divina a Eli e seus filhos, aos quais ele não deu a devida atenção, e por isso o desastre atingiu não somente sua família, mas a todo o povo de Deus. O próprio Eli os avisou que um pecado cometido contra o Senhor não permitiria intercessão (1Sm 2.22-25). Depois Deus usou o menino Samuel para dizer a Eli que estava prestes a enviar um castigo terrível sobre ele e seus filhos (1Sm 3.1-21). Eli respondeu a Samuel: “Ele é o Senhor, faça o que bem parecer aos seus olhos” (1Sm 2.18). Cumprindo as profecias divinas, Eli, seus filhos e uma de suas noras, morreram todos no mesmo dia (1Sm 4.12-22).

4. A perda do ministério sacerdotal.
Deus havia dado o sacerdócio a Arão e a seus descendentes para sempre, e ninguém poderia tomar deles essa honra (Êx 29.9; 40.15; Nm 18.7; Dt 18.5 ). Porém, os servos de Deus não podem viver como bem entendem e esperar que o Senhor os honre, “porque aos que me honram, honrarei” (1Sm 2.30). O privilégio do sacerdócio continuaria sendo da tribo de Levi e da casa de Arão, mas Deus o tomaria da linhagem de Eli (1Sm 2.36). No tempo de Davi, havia pelo menos dois descendentes de Eleazar para cada descendente de Itamar (1Cr 24.1-5), de modo que a família de Eli foi, aos poucos, desaparecendo. Eli era descendente de Arão pela linhagem de Itamar, o quarto filho de Arão, mas Deus abandonaria essa linhagem e se voltaria para os filhos de Eleazar, o terceiro filho de Arão e seu sucessor com o sumo sacerdote (ver 1Rs 2.26,27,35). Os nomes de Eli e de Abiatar não aparecem na lista de sumos sacerdotes israelitas em 1Crônicas 6.3-15. Ao confirmar Zadoque com o sumo sacerdote, Salomão cumpriu a profecia proferida pelo homem de Deus quase um século e meio antes.

5. A perda da arca do Senhor.
A tragédia também atingiu toda a nação quando os israelitas foram derrotados pelos filisteus, e estes tomaram a Arca da Aliança (1Sm 4.11), símbolo da presença de Deus no meio do povo. Por isso, a mulher de Finéias, que morreu ao saber da notícia e enquanto dava à luz um menino, deu-lhe o nome de Icabode, que significa “Foi-se a glória de Israel” (1Sm 4.19-22).


CONCLUSÃO
Devemos vigiar para não termos o mesmo final triste e penoso de Eli e seus filhos. Precisamos fazer como Samuel fez, honrar ao Senhor e servi-lo com fidelidade.




REFERÊNCIAS
Ø  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. SP: OBJETIVA, 2001.
Ø  JOSEFO, Flávio (Trad. Vicente Pedroso). História dos Hebreus. RJ: CPAD, 2007.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
Ø  TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. SP: CULTURA CRISTÃ, 2010.
Ø  WIERSBE Warren W. Comentário Bíblico Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA, 2010.




Por Rede Brasil de Comunicação.


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