quinta-feira, 14 de novembro de 2019

LIÇÃO 06 – A REBELDIA DE SAUL E A REJEIÇÃO DE DEUS (SUBSÍDIO)


  



1 Sm 15.17-28




INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos informações sobre a vida de Saul, o primeiro monarca de Israel; estudaremos sobre sua rebeldia contra o Senhor Deus; analisaremos os estágios desta rebelião; e por fim, notaremos as consequências da obstinação de Saul.


I. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE SAUL
1. Nome.
O nome Saul era muito comum no AT, entre os homens que são chamados por esse nome, além do primeiro monarca de Israel, destacamos: a) um dos antigos reis de Edom (Gn 36.37; 1Cr 1.48); b) um dos filhos de Simeão, filho do patriarca Jacó (Gn 46.10; Êx 6.15; 1Cr 4.24; Nm 26.13); e, c) um levita filho de Uzias (1Cr 6.24). Em hebraico o nome “Sha’ul” significa: “pedido, solicitado, desejado”. No NT o nome Saul aparece como o nome hebraico do apóstolo Paulo (At 13.9).

2. Família.
Saul era um benjamita de boa aparência e de porte físico destacado (1Sm 9.2); era filho de Quis um homem de certo poder aquisitivo (1Sm 9.1). Quanto ao seu lugar de origem, o mais associado a Saul é Gibeá, apesar de Zela ser a localização do túmulo da família (2Sm 21.14). Não há registro de que Saul possuísse irmãos ou irmãs. Sua primeira esposa foi Ainoã, filha de Aimaás. Por meio dela ele teve quatro filhos: Jônatas, Malquisua, Abinadabe e Isvi ou Esbaal e duas filhas: Merabe e Mical (1Sm 14.49,50; 1Cr 8.33; 9.39).

3. Proclamado rei.
A primeira aparição de Saul no livro de Samuel é como um jovem do campo, da cidade de Gibeá. Ao procurar as jumentas de seu pai que haviam se desgarrado (1Sm 9.20), ele encontrou Samuel, que o ungiu e profetizou que ele seria rei de Israel (1Sm 10.1). Mais tarde, Samuel reuniu as tribos em Mispa para lançar sortes à maneira antiga. A sorte caiu sobre Saul, e Samuel o apresentou como o rei que Deus havia escolhido (1Sm 10.17-25). Em pouco tempo, Saul foi colocado à prova. Naás, rei de Amom, sitiou Jabes-Gileade, e a cidade enviou um pedido de ajuda. Saul provou ser de fato um rei; ele reuniu um exército e, surpreendendo Naás, destruiu os amonitas (1Sm 11.11). Após a batalha, todo Israel reconheceu Saul como seu rei, fazendo uma grande celebração em Gilgal (1Sm 11.12-15).


II. DEFINIÇÃO DO TERMO REBELDIA
1. Definição da palavra rebeldia.
De acordo com o dicionarista Antônio Houaiss (2001, p. 2394) rebeldia é: “qualidade ou característica de rebelde; ato de rebelar-se; não conformidade; oposição, resistência; obstinação excessiva; qualidade da pessoa que não obedece ou que se opõe a uma autoridade; vontade contrária ou oposta; teimosia; revelia; birra; revolta, indisciplina, insubmissão, insubordinação”. À luz do Antigo Testamento, um dos termos em destaque é o verbo: “marah” que ocorre cerca de 50 vezes, cujo significado básico é: “rebelar-se, contender; oposição a alguém motivado por orgulho” (Dt 21.18; Is 3.8), mais particularmente, esta palavra conota uma atitude rebelde contra Deus (Dt 9.7; Jr 4.17), contra a Sua palavra (Sl 105.28; 107.11) e contra Seus mandamentos (1Rs 13.21,26; Nm 20.24; Dt 1.26, 43; 9.23; Lm 1.18). A Septuaginta (tradução grega do AT) traduz “marah” por: “parepikraino” que significa: “amargar-se, irar-se, provocar, rebelar-se” (Hb 3.16) e por: “atheteo” que quer dizer: “rejeitar, não reconhecer” (Lc 10.16; Jo 12.48) (VINE, 2002, p. 254 - acréscimo nosso). No AT, a rebelião fala de um retorno ou volta à velha vida de pecado e à adoração aos falsos deuses; hoje em dia, isto seria equivalente ao retorno a uma antiga vida de pecado e idolatria espiritual (WYCLIFFE, 2012, p. 1653).


III. OS ESTÁGIOS DA REBELDIA DE SAUL
Apesar de todas as virtudes que Saul inicialmente havia demonstrado, e ter sido objeto da escolha divina para ser o primeiro rei de Israel (1Sm 10.1,24), o monarca deu passos sucessivos que o conduziram ao fracasso espiritual. Vejamos:

1. Orgulho.
Saul havia reinado durante dois anos quando começou a organizar um exército permanente (1Sm 13.1,2). Jônatas seu filho, é apresentado como um soldado valente, seu ataque ao posto avançado dos filisteus em Gibeá foi uma declaração de guerra, e os filisteus não tardaram em responder (1Sm 13.3-5). Embora a batalha fosse liderada por Jônatas, mas quem tocou a trombeta e, ao que parece, assumiu todo o crédito pela vitória? Saul, filho de Quis (1Sm 13.3). Aquele que antes atribuía as vitórias ao Deus de Israel (1Sm 11.13), agora recebe o mérito pela conquista. Saul era propenso a auto projeção, a ponto de erigir um monumento em sua própria honra (1Sm 15.12), e ainda, exigir de Samuel a honra pública mesmo estando em rebeldia (1Sm 15.30). Esse orgulho fez com que ele desprezasse a palavra de Deus, por mais de uma vez (1Sm 13.8-14; 15.11,19,24). A Bíblia condena a auto glorificação (Pv 25.27; 27.2), exorta quanto à queda dos soberbos (Pv 29.23; Tg 4.6;), e promete honra aos humildes (Pv 15.33; 1Pd 5.5). O orgulho é um fator determinante para o pecado de rebelião (1Sm 15.23).

2. Impaciência.
Em plena batalha contra os filisteus Saul esperou sete dias conforme Samuel havia ordenado (1Sm 13.8; ver 1Sm 10.8). Seu exército sumia aos poucos, o inimigo se mobilizava e Saul não queria sair para a batalha antes de oferecer um sacrifício ao Senhor. Sem querer mais esperar, precipitadamente Saul ofereceu o sacrifício, ofício este, que cabia exclusivamente ao sacerdote (1Sm 13.9), e naquele exato momento, Samuel chegou ao acampamento (1Sm 13.10). Sua impaciência é evidenciada também quando em outro embate liderado pelo seu filho Jônatas, o rei solicita a presença da arca, indicando supostamente o desejo de se saber a vontade de Deus (1Sm 14.18), porém, o sacerdote nem sequer teve a chance de descobrir, pois, assim que Saul ouviu o barulho da batalha aumentando, interrompeu os procedimentos religiosos e tomou sua decisão (1Sm 14.19). Não sabia ele que Deus lhe estava testando a fé e perseverança, a qual foi claramente reprovada. A Bíblia diz que sem fé e paciência, não podemos receber aquilo que o Senhor nos promete (Hb 6.12); a incredulidade e a impaciência são sinais de imaturidade espiritual (Tg 1.1-8), de modo que a recomendação bíblica é, esperar o tempo de Deus (Sl 27.14; 40.1; 1Pd 5.6).

3. Dissimulação.
Não bastasse a falta de equilíbrio demonstrada pelo monarca, Saul revela-se como alguém dissimulado, ou seja, pessoa que oculta seus reais sentimentos ou intenções; fingido, falso, hipócrita (1Sm 15.23,26). Com a chegada de Samuel, Saul o saúda como se nada tivesse acontecido fingindo estar tudo bem (1Sm 13.10; 15.13), ele mente descaradamente para eximir-se da culpa, transferindo-a ao povo e até responsabilizando o próprio sacerdote Samuel (1Sm 13.11), afirmando que não havia feito voluntariamente, senão, forçado pelas circunstâncias (1Sm 13.12; 15.24). Ao longo de toda a sua carreira, o rei Saul mostrou-se adepto da prática de minimizar os próprios pecados e de enfatizar os erros de outros (1Sm 15.9,15,21), mas não é assim que um crente que serve a Deus fielmente deve se conduzir, este tem que ser humilde para reconhecer seus erros (Mt 7.4,5), andando em sinceridade (Pv 2.7; Mt 5.37; Ef 6.5), visto que cada um dará conta de si mesmo ao Senhor (Ec 12.14; Rm 14.12). A Bíblia mostra que há castigo divino para quem trilha o caminho da rebeldia (Nm 17.10; 20.24; Rm 10.21; 1Tm 1.9).

4. Insubmissão.
Tendo Deus dado uma ordem clara a Saul por meio de Samuel (1Sm 15.1), na qual o monarca deveria executar o juízo sobre os ímpios amalequitas (1Sm 15.2,3), o rei no entanto, não executou todas as ordens e poupou a vida do rei Agague (1Sm 15.8). Seu amor pelas coisas materiais o levou a destruir apenas o que era inútil ou de pouco valor, guardando para si o melhor dos animais (1Sm 15.9). Esta atitude resultou: a) na confirmação da reprovação de Deus em relação a Saul: “Arrependo-me de haver posto a Saul como rei [...]” (1Sm 15.11a); b) tristeza no coração do profeta Samuel: “[…] Então, Samuel se contristou e toda a noite [...]” (1Sm 15.11c), e, c) configurou como um desvio deliberado da vontade de Deus: “[…] porquanto deixou de me seguir [...]” (1Sm 15.11b). Deus considera a desobediência muito mais que simples recusa em cumprir instruções; é uma medida do estado do coração, indicando se Deus é, de fato, aquele a quem servimos. Nesse sentido, a desobediência equivale à rebeldia, e a obediência incompleta ou de má vontade revela rebelião implícita, travestida de falsa espiritualidade (1Sm 15.15,21-23). O mal que Saul poupou desobedecendo ao Senhor não tardaria de lhe atingir (2Sm 1.1-10).


V. CONSEQUÊNCIAS DA REBELDIA DE SAUL
1. A rejeição de Deus.
Saul recebeu oportunidades de confessar e arrepender-se de seus pecados, mas não o fez, e por isso foi rejeitado pelo Senhor Deus (1Sm 13.13,14; 15.11,22,23; 28.7; 1Cr 10.13). Em vez disso, quis justificar-se perante Samuel (1Sm 15.20). Saul agiu como se a mensagem de Deus fosse um detalhe de pouca importância. Esse comportamento demonstrou rejeição à mensagem, a Samuel que a entregou, e a Deus, que a enviou. Sendo assim, confrontou-se com o julgamento divino, pois desprezou a palavra do Senhor (1Sm 15.23,26). A narrativa do capítulo finaliza, com um tom pesaroso mostrando o sentimento de tristeza tanto do profeta como de Deus (1Sm 15.35). Embora pareça contraditório este último versículo em comparação com 1Samuel 15.29, este afirma que Deus em relação a seu caráter essencial, Ele é imutável e inalterável (cf. Tg 1.17), já aquele (v.35) deixa claro que, devido a mudança da conduta de Saul, exigiu-se uma mudança correspondente nos planos e propósitos de Deus para ele. Para se manter coerente com seus atributos, o Senhor deve abençoar a obediência e castigar a desobediência (MACDONALD, 2011, p. 208). De modo que, a atitude divina não foi arbitrária, uma vez que o arrependimento (mudança de atitude) de Deus foi consequência da apostasia de Saul (1Sm 12.20,21,24,25; 15.11).

2. A perda da presença do Espírito Santo.
Saul recebeu o Espírito de Deus quando foi ungido (1Sm 10.6; 11.6), mas depois de abandonar a Deus tornou-se presa fácil para o inimigo. Com o Espírito do Senhor tendo-se retirado de Saul, um espírito maligno veio atormentá-lo (1Sm 16.14; 18.10; 19.9). Destacamos, porém, que quando o texto afirma que esse espírito era proveniente da parte do Senhor, quer dizer que Deus permitiu sua atuação e não que o mesmo o determinou. Este espírito deprimia Saul e lhe causava disposição para agir perversamente e com violência (1Sm 19.10). Quem abandona a presença de Deus anda na escuridão. Tanto aprovação como a presença do Senhor são condicionais (2Cr 15.2; Jo 15.4,6,9-11).

3. O desvio e afastamento dos planos do Senhor.
Além de ser rejeitado por Deus, Saul passou a ser oprimido por espíritos maus caindo tão gravemente que perseguiu injustamente Davi e no processo até mesmo matou sacerdotes do Senhor (1Sm 22.11- 19) e por fim, ainda consultou uma necromante (1Sm 28.11-20). O Senhor abomina qualquer envolvimento com o ocultismo (Dt 18.9-14). Neste estágio Saul não se importava mais em ser fiel a Deus (1Sm 28.6; Pv 28.9), e devido a dureza de coração o Senhor o rejeitou como rei (1Sm 16.1). Terminando sua carreira tirando sua vida em uma batalha (1Sm 31.4).


CONCLUSÃO
A rebelião evoca a correção de Deus (Hb 12.6; 1Co 11.32), e resulta na perda de recompensas (2Co 5.10; 1Co 3.15); perda da comunhão (1Jo 1.7); remoção de um lugar de utilidade (1Co 5.5; 11.30); e, às vezes, até exige a remoção desta vida pela morte (1Co 11.30).




REFERÊNCIAS
Ø  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. RJ: OBJETIVA, 2001.
Ø  MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular. MUNDO CRISTÃO.
Ø  STAMPS, Donald C (Trad. Gordon Chown). Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
Ø  VINE, W.E, et al (Trad. Luís Aron). Dicionário Vine. RJ: CPAD, 2002.
Ø  WIERSBE Warren W. Comentário Bíblico Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA, 2010.
Ø  WYCLIFFE. Dicionário Bíblico. RJ: CPAD, 2012.



Por Rede Brasil de Comunicação.


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