Ef 2.20-22; Mt
7.24-27
INTRODUÇÃO
Nesta lição
veremos as definições das palavras, edificado e fundamento, que são importantes
para a compreensão do assunto; destacaremos também, o que a Bíblia diz a
respeito dos apóstolos e profetas à luz do Novo Testamento; bem como enfatizaremos
que Cristo é fundamento da Igreja; e não menos importante analisaremos a figura
da Igreja, como um edifício espiritual.
I. DEFINIÇÕES
1. Definição do
termo edificado.
A palavra “edificado”
significa: “aquilo que foi levantado, construído, erguido”;
advém do termo grego: “epoikodomeo” que indica: “construir
sobre, edificar para terminar a estrutura da qual a fundação já foi colocada”.
No contexto em que estamos abordando essa palavra, ela se refere à igreja e, de
forma mais especifica a cada crente em Jesus (1 Pe 2.5). Nós fomos construídos,
erguidos, levantados.
2. Definição da
palavra fundamento.
O termo “fundamento”
pode ser definido como: “a base, ou o princípio pelo qual se
apoia ou desenvolve alguma coisa”. É oriundo da expressão grega: “themelios”
que quer dizer: “assentado como fundamento, ao fundamento (de uma
construção, parede, cidade), metaforicamente alude a bases ou princípios básicos”.
No caso em questão qual é o fundamento dos apóstolos mencionado por Paulo? Ele
mesmo responde: “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já
está posto, o qual é Jesus” (1 Co 3.11), e os ensinamentos de Cristo propagado
pelos apóstolos (At 2.42).
II. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE
APÓSTOLOS À LUZ DAS ESCRITURAS
O verbo “apostello”
significa: “enviar alguém em missão especial como mensageiro e
representante pessoal de quem o envia”. O título é usado para: a) Cristo
(Hb 3.1), b) os doze discípulos escolhidos por Jesus (Mt 10.2), c) o
apóstolo Paulo (Rm 1.1; 2Co 1.1; Gl 1.1) entre outros (At 14.4,14; Rm 16.7; Gl
1.19; 2.8,9; 1Ts 2.6,7). Vejamos ainda algumas considerações:
1. O termo
apóstolo no NT.
Era usado em um
sentido geral, para um representante designado por uma igreja, como, por exemplo,
os primeiros missionários cristãos. Logo, no NT o termo refere-se a um
mensageiro nomeado e enviado como missionário ou para alguma outra
responsabilidade especial (At 14.4,14; Rm 16.7; 2 Co 8.23; Fp 2.25). Eram
homens de reconhecida e destacada liderança espiritual, ungidos com poder para
defrontar-se com os poderes das trevas e confirmar o evangelho com milagres.
Eles cuidavam do estabelecimento de igrejas segundo a verdade e pureza apostólicas.
Eles ariscavam suas vidas em favor do nome de nosso Senhor Jesus Cristo e da
propagação do Evangelho (At 11.21-26; 13.50; 14.19-22; 15.25,26).
2. O termo
apóstolo no sentido especial.
Refere-se
àqueles que viram Jesus após a sua ressurreição e que foram pessoalmente
comissionados por Ele a pregar o evangelho e estabelecer igrejas (os Doze,
Paulo e outros). Eles tinham autoridade ímpar na igreja, no tocante à revelação
divina e à mensagem original do evangelho, como ninguém mais até hoje. O
ministério de apóstolo nesse sentido restrito é exclusivo, e dele não há
repetição (1 Co 15.8).
III. OS PROFETAS À LUZ DO NOVO
TESTAMENTO
1. Definição da
palavra profeta.
A palavra
comumente usada é: “prophétes”, que aparece por cento e quarenta
e nove vezes, que exemplificamos com (Mt 1.22; 2.5,16; Mc 8.28; Lc 1.70,76;
7.16; Jo 1.21,23; 3.18,21; Rm 1.2; 11.3; 1Co 12.28,29; 14.29,32,37; Ef 2.20; Tg
5.10; 1Pe 1.10; 2Pe 2.16; 3.2; Ap 10.7; 11.10). O substantivo “propheteía”,
“profecia”, é usado por dezenove vezes no NT (Mt 13.14; Rm 12.6; 1Co 12.10;
13.2,8; 14.6,22; 1Ts 5.20; 1Tm 1.18; 4.14; 2Pe 1.20,21; Ap 1.3; 11.6; 19.10;
22.7,10,18,19). Essas palavras derivam do grego: “pro”, “antes”,
“em favor de”, e “phemi”, “falar”, ou
seja, “alguém que fala por outrem”, e por extensão, “intérprete”,
especialmente da vontade de Deus (CHAMPLIN, 2004, p. 424).
2. A função do
profeta.
Os profetas a
que se refere o NT eram homens que falavam sob o impulso direto do Espírito Santo,
e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual e pureza da
Igreja. Sob o novo concerto, foram levantados pelo Espírito e revestidos pelo
seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu povo (STAMPS,
2012, p. 1814). Portanto, os profetas são ministros pregadores cuja
prédica pode ser uma mensagem de edificação, exortação e consolação dos crentes.
IV. O FUNDAMENTO DOS APÓSTOLOS E
PROFETAS
1. A metáfora
usada por Paulo.
Certos
estudiosos veem uma contradição no pensamento de Paulo ao usar esta metáfora encontrada
em Efésios 2.20 em comparação a usada em 1 Coríntios 3.11, onde ele afirma que
Cristo é o fundamento. O “problema” se resolve quando nos damos conta de que
ele emprega a metáfora em sentidos diferentes. Na passagem direcionada aos
coríntios, o pensamento gira em torno de si mesmo e de outros como
construtores. Já em relação ao texto em apreço, está claro que Cristo é o
fundamento sobre o qual os apóstolos e profetas constroem. Na epístola aos
efésios o apóstolo está enfatizando as pedras usadas na construção. Nesta
relação, portanto, Cristo é a principal pedra da esquina (Ef 2.20; 1Pe 2.2), e
os apóstolos e profetas, são pedras usadas para esta edificação (BEACON, 2006,
p. 143 – acréscimo nosso).
2. Os apóstolos
e profetas não são o fundamento da Igreja.
Em Efésios 2.20
e 3.5 Paulo usa a expressão “apóstolos e profetas”. Vale
salientar que o texto não faz referência aos profetas do Antigo Testamento
porque esses nada sabiam acerca da Igreja (1Pe 1.10,11; Ef 3.9). Destacamos
também que, embora o apóstolo tenha usado o termo fundamento relacionado a
estes, os apóstolos e profetas, não são a base fundamental da Igreja, sobre
quem o edifício espiritual está edificado, e sim, Cristo (Mt 16.18; 1Co 3.11;
1Pd 2.2). Eles foram os que lançaram o fundamento através das doutrinas que ensinaram
sobre a pessoa e obra do Senhor Jesus (At 2.42). A igreja é fundada sobre
Cristo no sentido de que Ele foi revelado através do testemunho e dos
ensinamentos dos “apóstolos e profetas” (Mt 16.18). São ligados a
ele por terem ensinado as grandes verdades sobre Cristo e sua igreja, porém,
não são o fundamento.
3. A doutrina
dos apóstolos e profetas.
A doutrina ou o
fundamento dos apóstolos é o inspirado ensino pregado oralmente naquele tempo,
e registrado no NT (At 2.42; 4.11-12; 1Co 1.23; 2Pe 3.15,16; 1Jo 5.11-12). É
importante destacar que esse fundamento não pode ser removido, não há novas
revelações que substitua ou altere aquilo que já foi revelado; a Igreja não
pode ser dirigida por sonhos ou quaisquer outras coisas que contrariem o que já
está escrito na Palavra de Deus (Ap 22.18-19). O fundamento de qualquer
edifício precisa ser lançado uma vez só; os “apóstolos e profetas” fizeram
essa obra de uma vez por todas e este fundamento que lançaram, é preservado nas
Escrituras.
V. IGREJA, UM EDIFÍCIO ESPIRITUAL
1. A promessa do
edifício espiritual.
No livro do
Gênesis, Deus “andava” com o seu povo (Gn 5.24; 6.9); mas em Êxodo,
decidiu “habitar” com o seu povo (Êx 25.8). Deus habitou no
tabernáculo (Êx 40.34-38) até que os pecados de Israel obrigaram a glória de
Deus a partir (1Sm 4). Posteriormente, Deus habitou no templo (1 Rs 8.1-11),
mas infelizmente, Israel voltou a pecar, e a glória partiu outra vez (Ez
10.18,19). A próxima habitação de Deus foi o corpo de Cristo (Jo 1.14) que os
homens pregaram na cruz. Hoje, por intermédio do Espírito Santo, Deus habita na
igreja, o templo de Deus (1 Co 6.19-20).
2. A natureza do
edifício espiritual.
O templo dos
hebreus era dividido de modo bem simples em três partes: o pátio, o lugar Santo
e o lugar Santíssimo. Nesta recamara interior, o lugar santo dos santos,
somente o sumo sacerdote poderia entrar uma vez ao ano para sacrificar ao Senhor.
O lugar santíssimo não foi construído para conforto do adorador, mas para habitação
de Deus. Deste local, Deus falava e se revelava ao seu povo. Hoje, na nova
aliança, os verdadeiros adoradores adoram o Pai em espírito e em verdade (Jo
4.24). A adoração é em espírito, não está mais confinada ao templo, o
sacrifício que oferecemos a Deus é a nossa vida (Rm 12.1). Nós somos o templo
de Deus (1 Co 6.19-20), e Ele fala aos homens perdidos e se revela ao mundo por
meio de seus servos (Mt 5.16).
3. A base do edifício
espiritual.
A pedra angular
era a pedra fundamental utilizada nas antigas construções, caracterizada por
ser a primeira a ser assentada na esquina do edifício, formando um ângulo reto
entre duas paredes. A partir da pedra angular, eram definidas as colocações das
outras pedras, alinhando toda a construção. Quando Paulo usa essa figura em relação
a Cristo (Ef 2.20), podemos extrair pelo menos três verdades: a) Cristo
é o princípio de estabilidade da igreja, ou seja, todas as demais pedras (que
somos nós), descansam nEle; b) Cristo é quem estabelece as diretrizes da
igreja; todas as pedras para que fiquem firmes e retas, devem estar ajustadas a
Ele; e, c) Jesus é o responsável pelo crescimento da igreja, pois a
medida que estamos nele, somos por Ele edificados (Ef 2.21b).
4. O propósito
do edifício espiritual.
Na antiga
aliança, o Tabernáculo e o Templo existiam apenas para proporcionar um lugar
para o Santo de Israel. Mas Paulo escreveu aos crentes coríntios: “Não
sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1
Co 3.16). No novo concerto, Deus não só chama um povo, mas mora com eles! Jesus
disse: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e
viremos para ele, e faremos nele morada” (João 14.23). Hoje, por meio
de seu Espírito, Deus habita na igreja, não em construções (At 7.48-50), no
coração daqueles que confiam em Cristo (1 Co 6.19,20) e na igreja coletivamente
(Ef 2.20-22).
CONCLUSÃO
Uma vez que a
Igreja estar edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas que é
Cristo, temos a garantia de que as portas do inferno não prevalecerão sobre
ela; e que, como edifício espiritual, a Igreja desfruta da doce comunhão da presença
de Deus.
REFERÊNCIAS
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua
Portuguesa. OBJETIVA.
Ø HOWARD,
R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon.
CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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