Ef 2.14-19
INTRODUÇÃO
Nesta lição
iremos estudar a doutrina da reconciliação; veremos as definições: exegética e
teológica da palavra reconciliação; falaremos sobre o sublime ministério da
reconciliação conferido à Igreja de Cristo; e por fim, elencaremos as
principais características da mensagem da reconciliação que Deus pôs em nós
conforme 2 Coríntios 5.18-19.
I. A DOUTRINA DA
RECONCILIAÇÃO
1. Definição etimológica e exegética da palavra
reconciliação.
Existem quatro
importantes passagens no NT, que tratam sobre a obra de Cristo debaixo do
prisma da reconciliação, a saber (Rm 5.10; 2Co 5.18; Ef 2.11; e Cl 1.19). Os
vocábulos gregos importantes são o substantivo “kalallage” e os verbos “katallasso”
e “apokatallasso”
(DOUGLAS, 2006, p.1137). O Novo Testamento emprega-o seis vezes, [...] somente
Paulo dá conotação religiosa a esse grupo de palavras. O verbo “katallassõ”
e o substantivo “katallagê” transmitem com exatidão a ideia de “trocar”
ou “reconciliar”,
da maneira como se conciliam os livros contábeis. No Novo Testamento, o assunto
em pauta é primariamente o relacionamento entre Deus e a humanidade. A obra
reconciliadora de Cristo restaura-nos ao favor de Deus porque “foi
tirada a diferença entre os livros contábeis” (HORTON, 2006, p. 355.),
ou seja, Ele, Cristo, pagou a nossa dívida (Cl 2.14) nos restaurando e nos
conciliando com Deus.
2. Definição teológica.
Reconciliação é
um aspecto da obra redentora de Cristo (isto
é, salvação, restauração e renovação espiritual). Ser reconciliado com Deus
significa ser restaurado a um novo relacionamento correto com Ele […]. A
reconciliação só se torna efetiva para cada pessoa através do arrependimento
pessoal. Isto é admitir e abandonar o pecado, aceitar o perdão de Deus, confiar
sua vida a Cristo e se entregar aos propósitos dele (Lc 13.3,5; Jo 8.14, At
2.38; 3.19; 2 Co 7.10) (STAMPS, 2018, p.1567- acréscimo nosso).
II.
O MINISTÉRIO DA RECONCILIAÇÃO
Acerca da
Doutrina da Reconciliação, o apóstolo Paulo diz: “Tudo isto provém de Deus, que nos
reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da
reconciliação; isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não
lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação”
(2 Co 5.18,19). Enumeramos algumas lições que o apóstolo nos ensina neste
texto. Notemos:
1. A reconciliação provém de Deus: “Tudo isto provém
de Deus...”.
Neste texto,
Paulo refere-se, especialmente, a obra da reconciliação. Isto nos ensina que,
quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus, pelo próprio Deus, através
da morte de Seu Filho (Rm 5.10). Foi Deus quem tomou a iniciativa de
reconciliar consigo mesmo o mundo, e deu seu Filho Unigênito (Jo 3.16) em
sacrifício pela humanidade, pois, Ele não quer que o pecador pereça (Ez 33.11),
e, sim, que todos se arrependam e venham ao conhecimento da verdade (1 Tm 2.4;
2 Pe 3.9).
2. Jesus morreu para nos reconciliar com Deus:
“...nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo...”.
A morte de Jesus
Cristo tornou-se necessária por causa da queda do homem. Todos os homens
estavam debaixo do pecado (Rm 3.23) e da ira de Deus (Rm 1.18; Ef 5.6),
marchando para a ira futura e para a perdição (Rm 2.5). Mas Deus, movido por
seu grande amor, enviou seu Filho Unigênito ao mundo (Jo 3.16; 1 Co 15.3; Ef
3.11; 1 Pe 1.19,20; Ap 13.8), para aniquilar o pecado pelo seu próprio
sacrifício (Hb 9.28; 1 Pe 2.24); e, pela sua morte, não somente nos resgatar
dos nossos pecados, como também nos reconciliar com Deus. O apóstolo Paulo, em
suas epístolas, discorre diversas vezes acerca desse tema. Vejamos:
• “Porque
se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu
Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua
vida” (Rm 5.10);
• “E
tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus
Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação. Isto é, Deus estava em
Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus
pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação” (Rm 5.18,19);
• “Mas
agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes
perto” (Ef 2.13).
• “Porque
foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse, e que, havendo por
ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse
consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão
nos céus” (Cl 1.19,20).
3. Deus nos deu o ministério da reconciliação: “…e
nos deu o ministério da reconciliação”.
A palavra
ministério significa “ofício; cargo; função”. Nas Sagradas Escrituras esse
termo é coletivo e aponta para vários oficiais e autoridades religiosas e
civis, bem como denota ofícios específicos, tais como ministério cristão,
ministério dos anjos, etc. Assim, podemos afirmar que o termo “ministério da
reconciliação” refere-se a sublime tarefa da Igreja de Cristo: a evangelização
(Mt 9.35; 28.19; Mc 16.15; At 17.30; Ap 5.9); a anunciação das boas novas aos
pedidos a fim de que os homens se reconciliem com Deus.
III. AS
CARACTERÍSTICAS DA PALAVRA DA RECONCILIAÇÃO
O apóstolo Paulo
diz que Deus: “...pôs em nós a palavra da reconciliação” (2 Co 5.18). Esta
palavra visa “...destruir a barreira, o muro de inimizade” (Ef 2.14 – NAA) que o
pecado levantou entre Deus e os homens (Is 59.2). É nossa responsabilidade
pregar a palavra (1 Co 9.16) a fim que os homens se arrependam e se reconciliem
com Deus; essa missão foi dada a Igreja (Mc 16.15).
1. A palavra da reconciliação foi concedida a
igreja.
A igreja (isto é, todos os verdadeiros seguidores de
Cristo) recebeu o ministério da reconciliação: a oportunidade e a
responsabilidade de divulgar a mensagens de Cristo e de ajudar os outros a
serem reconciliados e restaurados a um relacionamento correto com Deus (STAMPS,
2018, p. 1567). O Senhor entregou à igreja a missão de anunciar ao mundo esta
reconciliação, ou seja, proclamar as boas novas de salvação. O termo grego para
“ministério”
é “diakonia”,
que significa “serviço”. Isto significa que Deus, não apenas reconciliou o
mundo, como também comissionou mensageiros para proclamar as boas novas. Todos
os que dão ouvidos ao chamado para o arrependimento tornam-se reconciliados com
Deus, e recebem a incumbência de anunciar esta mensagem do Evangelho a outros
(Mt 28.18-20; 1 Co 9.16; 2 Tm 4.1,2; 1 Pe 2.9).
2. A palavra da reconciliação é um convite ao
arrependimento.
A reconciliação
com Deus somente torna-se efetiva através do arrependimento pessoal. Como a
Palavra do Senhor afirma que todos os homens são pecadores e destituídos estão
da glória de Deus (Rm 3.23), o arrependimento dos pecados é uma condição vital
para todas as pessoas se reconciliem com Deus. Por isso, o Senhor Jesus ao
proclamar a mensagem do Reino de Deus convidou as pessoas a se arrependerem
primeiro (Mt 4.17; 9.13; Mc 2.17). O arrependimento é vital para que o ser
humano possa obter a salvação (At 2.38; 3.19; 2 Co 7.10). Jesus ensinou que, se
não houver arrependimento o homem perecerá em seus pecados (Lc 13.3,5; Jo
8.14). “O verdadeiro arrependimento é o que produz convicção do pecado;
contrição do pecado; confissão do pecado; abandono do pecado; e conversão do
pecado” (GILBERTO, 2008, p. 358). Sem arrependimento sincero não é possível a
reconciliação com Deus.
3. A palavra da reconciliação desfaz a inimizade
entre Deus e os homens.
O homem afastado
de Deus está em inimizade com o Senhor, pois a Bíblia classifica os pecadores
como: a) filhos da desobediência (Ef
2.2); b) amigos do mundo (Tg 4.4); e
c) pecadores vivendo nas trevas (Ef
5.8; 11; 6.12; Cl 1.13). Por esses motivos e outros apresentados na palavra de
Deus (Sl 14.1-3; Is 64.6; Rm 3.10), o texto Sagrado apresenta o homem em
inimizade constante com Deus. Mas em Cristo essa inimizade é desfeita: “Porque
se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus, pela morte de seu Filho,
muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida”
(Rm 5.10). Sendo Assim, quando os homens restabelecem a comunhão com Deus, a
Paz de Cristo se instala em seu coração; esta paz é uma alegria que sobrepuja a
compreensão humana, pois independe das circunstâncias (Tg 1.2; 1 Ts 1.6; Sl
126.5). Ela procede do coração de Deus para o coração do crente (Ne 8.10; Sl
51.12; Jo 15.11). No entanto, isso somente é possível quando o homem aceita
pela fé e através do arrependimento a mensagem da reconciliação com Deus.
CONCLUSÃO
Aprendemos nessa
lição que é desejo de Deus que todos os homens se reconciliem com Ele (1 Tm 2.
4), para isso o Senhor incumbiu a sua Igreja de pregar o evangelho. Esse santo
ministério: da palavra de reconciliação foi concedido a cada crente salvo em Cristo
Jesus (1 Pe 2.9; M t 10.8).
REFERÊNCIAS
Ø DOUGLAS,
James Dixon. O Novo Dicionário da Bíblia. Vida
Ø GILBERTO,
Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø HORTON,
Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. CPAD.
Ø ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø BERGSTÉN,
Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø BERKHOF,
Louis. Teologia Sistemática. CULTURA CRISTÃ.
Ø GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø GILBERTO,
Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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