domingo, 10 de maio de 2020

LIÇÃO 06 – A CONDIÇÃO DOS GENTIOS SEM DEUS (SUBSÍDIO)


  


Ef 2.11,12; Rm 4.12-14



INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição etimológica do termo “gentio”; estudaremos sobre a aparição dos gentios na Bíblia; e por fim; pontuaremos sobre o estado espiritual dos gentios antes de conhecerem o evangelho.


I. DEFINIÇÃO DO TERMO GENTIO
1. Definição etimológica do termo gentio.
O termo “gentio” é todo aquele nascido fora da comunidade de Israel, e estranho às alianças que o Senhor Deus estabeleceu com o seu povo. Primeiramente, no livro de Gênesis a palavra “gentios” foi utilizado sem distinção na divisão entre os descendentes dos filhos de Noé (Gn 10.5,20,31). De forma geral, gentios significa “nações”, e esse era o sentido originalmente aplicado a esse termo. Entretanto, no decorrer da narrativa bíblica, a palavra adquiriu um sentido restrito, principalmente para designar os pagãos. Isso significa que o termo hebraico “goyim”, e o termo grego “ethnos” ou “hellenes”, são traduzidos ora como “nações”, ou como “pagãos”. Dessa forma, algumas vezes a palavra “gentios” é aplicada para se referir a todas as nações não judaicas, sem representar alguma antipatia ou aversão. Outras vezes é aplicado no sentido de enfatizar o paganismo das outras nações e o termo “gentios” passa a ser similar ao termo “pagãos” (2Rs 16.3; Ed 6.21; Sl 9.5,15,19). Na aliança que Deus estabeleceu com Abraão, vemos como seus descendentes passaram a ser distinguidos das outras nações (Gn 12.2,3; 18.18; 22.18; 26.4). Com base nesse princípio, a nação de Israel sempre é descrita na Bíblia como a nação do Senhor (Salmos 106:5). Já os demais povos são denominados simplesmente como “as nações”, ou seja, os gentios (Is 60.3; At 13.47).


II. A MENÇÃO DOS GENTIOS NA BÍBLIA
1. Os gentios no AT.
Ao chamar Abraão, o Senhor dá início à história de Israel (Gn 12.1-3). Seu propósito à nação judaica (Gn 18.18; 22.18) era torná-la uma propriedade peculiar, um reino sacerdotal e um povo santo (Êx 19.5,6). Ele a constituiu para que esta lhe fosse uma possessão distinta e particular (Is 44.1-2), a fim de que, por seu intermédio, alcançasse os gentios. A partir de então, todas as demais etnias passaram a ser conhecidas como “gôyim” — gentios (Gn 15.18-21). Isso não significa, porém, que Deus não ame as demais nações (Jo 3.16). Além do mais, em Abraão foram benditas todas as nações da terra (Gn 12.3) (ARRINGTON; STRONSTAD, 2017, vol.2, p. 414).

2. Os gentios nos evangelhos.
Nos evangelhos há várias referências aos gentios (Mt 6.7,32: Mc 10.33; Lc 12.30; 18.32). Descritos às vezes com certa reserva (Mt 20.19; Mc 10.33), são eles vistos como a grande seara a ser alcançada pelos apóstolos que, no cumprimento da Grande Comissão, deixariam Jerusalém e a Judeia para evangelizar e ensinar todas as nações (Mt 28.18- 20). Aliás, Isaías já destacava a missão do Cristo entre os gentios (Is 42.1-4). Durante o seu ministério terreno, o Senhor Jesus agraciou alguns destes como a mulher cananeia (Mt 15.21-28) e o centurião (Lc 7.1-10).

3. Os gentios em Atos dos Apóstolos.
Embora Atos 1.8 estabeleça a obrigatoriedade da missão entre os gentios, somente no capítulo 9 e versículo 15, após a conversão de Paulo, é que se declara aberta e enfaticamente a evangelização das nações (At 13.44-47). A resistência inicial dos apóstolos em discipulá-los (At 10.9-16) é vencida quando Cornélio, sua família e demais assistentes, recebem o batismo com o Espírito Santo (At 10.44-48). O fato trouxe perplexidade no colégio apostólico (At 11.1- 3,18), mas após a apologia de Pedro (At 11.4-17 ver 15.7-11), a Igreja glorificou a Deus pelo fato de os gentios serem também objeto do amor de Deus (At 10.45).

4. Os gentios e o apóstolo Paulo.
Se Pedro, com o evangelho da circuncisão, é proeminente nos capítulos de 1 a 12 de Atos, nos capítulos de 13 a 28, destaca-se Paulo com o evangelho da incircuncisão (Gl 1.7). O primeiro diz respeito aos judeus, o segundo aos gentios (At 13.44-47). Trata-se, porém, de um só evangelho — o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Paulo estava consciente de que fora chamado por Deus para anunciar o evangelho aos gentios (At 9.15), sem os entraves da lei (At 15.19,28,29; Rm 4.9-16). Em suas viagens missionárias, não foram poucos os gentios que se converteram ao Senhor (At 11.1,18) e de bom grado ouviram a exposição da graça divina (At 13.42).


III. O ESTADO ESPIRITUAL DOS GENTIOS ANTES DE CONHECEREM O EVANGELHO
Paulo contrasta a situação espiritual entre dois povos, judeus e gentios (Rm 3.9,10,22; Ef 2.11,12). Paulo mostra a condição dos gentios sem Deus e lembra aos gentios crentes a sua condição anterior à nova vida e destaca sete aspectos da sua vida paga no passado. Ao defender a difusão do Evangelho entre as nações, afirmou Pedro: “[…] Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome” (At 15.14). Esse povo é a Igreja formada por judeus e gentios em Cristo (Rm 9.24-33). De ambos, fez Ele um só povo, derribando a parede de separação que estava no meio, e, pela cruz, reconciliou ambos com Deus em um corpo (Ef 2.14-16). Dessa maneira, o Espírito Santo revela a Paulo (Ef 3.4,5) que os gentios não são mais estrangeiros “gôyim” e nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos, da família de Deus (Ef 2.11-22; 1 Pe 2.5), coerdeiros e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho (Ef 3.6). Vejamos então a situação dos gentios antes de conhecerem o evangelho. Notemos:

1. “Gentios na carne” (Ef 2.11).
Essa expressão se refere ao fato de eles não serem israelitas. Os efésios eram pagãos, e a expressão “na carne” aqui se refere à circuncisão física que eles não tinham. Era o sinal físico através de cirurgia feita no membro viril de todo macho israelita, para distingui-lo como parte do povo de Deus (Gn 17.9-14). Entretanto, a circuncisão era um sinal especificamente para os judeus e que os distinguia dos demais povos da terra.

2. “Chamados incircuncisão” (Ef 2.11).
Quem não era circuncidado era considerado “incircunciso” e, portanto, excluído da aliança (Gn 17.14). O rito tornou-se um sinal perpétuo que distinguia os judeus dos demais povos — os gentios. Incircunciso era um termo depreciativo usado pelos judeus contra os gentios, e Paulo, delicada e claramente, os desaprova mostrando-lhes que a “circuncisão feita pela mão dos homens” se torna vã para receber a graça de Deus. O apóstolo reconhece que os gentios não faziam parte da circuncisão, mas faz uma ressalva: o sinal dos judeus era apenas físico e realizado por mãos humanas (Ef 2.11b). Ele destaca que a verdadeira circuncisão não é aquela evidenciada por um código escrito, na esfera da legalidade, mas aquela que acontece no interior, na esfera do Espírito (Lv 26.41; Dt 10.16; 30.6; Jr 4.4; 9.26; At 7.51) (PFEIFFER, 2006, p. 422).

3. “Estáveis sem Cristo” (Ef 2.12).
Na descrição da história passada dos gentios, o apóstolo traz à memória que, “naquele tempo” isto é, antes da regeneração, eles viviam imersos no paganismo e, portanto, “sem Cristo”. Essa parte inicial do versículo 12 é a continuação do verso 11, que mostra o estado anterior dos gentios em relação aos privilégios dos judeus e em relação ao próprio Cristo. A tradução mais correta dessa frase no original grego é “separados de Cristo”, ideia que facilita a compreensão da frase no seu contexto. Note-se que Paulo se preocupa em explicar o fato de que o privilégio de ter a Cristo não se restringe aos judeus, pois, embora os gentios não tivessem conhecimento anterior sobre “os concertos da promessa” em relação a Cristo, isto não dava nenhum privilégio aos judeus sobre a bênção da salvação. Na verdade, o sentido mais amplo da expressão “estáveis sem Cristo” refere-se aos não convertidos a Cristo. Porém, o propósito universal da missão de Cristo foi o de “pregar o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15).

4. “Separados da comunidade de Israel” (Ef 2.12).
Diz respeito ao passado dos gentios que nunca haviam tido o privilégio de estar sob a religião de Israel. No AT, havia um pacto entre Deus e o povo de Israel de que fosse estabelecido um governo teocrático, isto é, um governo direto de Deus sobre o povo. Os que não eram judeus recebiam a designação de gentios (estrangeiros). Nos vários pactos de Deus com Israel, os gentios não foram incluídos, por isso eram “estranhos aos concertos”. A maioria dos concertos divinos com Israel visava o futuro Messias, o Salvador (Rm 9.4). Havia a promessa do Salvador que viria (primeiro advento), pelo qual Israel sempre esperou e ainda espera, porque não o reconheceu na sua primeira vinda. A essas promessas (concertos) os gentios “eram estranhos”, isto é, não se importavam nem queriam conhecer (HARPER, 2006, vol. 9, p. 139).

5. “Estranhos aos concertos da promessa” (Ef 2.12).
A palavra “estranhos”, no original grego, aparece como “estrangeiros”. O sentido da frase indica que “os concertos” foram feitos entre Deus e Israel. Todo israelita sabia disso e ufanava-se desse privilégio — de ser “o povo escolhido” dentre as nações. Ainda que, de modo direto, “os concertos” refiram-se aos judeus, o alcance deles, de modo indireto, abrange os gentios. No ‘concerto com Abraão” a promessa diz que todas as nações seriam abençoadas (Gn 12.1-3). Eles desconheciam totalmente os vários pactos que Deus estabelecera com os patriarcas israelitas (At 13.22,23). Esses pactos giravam em torno da grande promessa do advento do Messias (At 13.32) (PFEIFFER, 2006, p. 61).

6. “Não tendo esperança” (Ef 2.12).
Essa expressão retrata o estado espiritual dos gentios antes de conhecerem a Cristo. Que esperança podiam ter eles, se havia “uma parede de separação” (Ef 2.14) entre esses dois povos? Não tinham esperança porque “desconheciam a promessa” (HOWARD; TAYLOR; KNIGHT, 2006, p.139). O Comentário Bíblico Beacon ressalta que os gentios, “antes de ouvirem e responderem à palavra da graça, eles não tinham parte ou parcela no povo messiânico, fato que significa que eles não possuíam a esperança do Messias ou qualquer benefício que viesse junto com isto” (HARPER, 2006, vol. 9, p. 139).

7. “Sem Deus no mundo” (Ef 2.12).
São palavras que retratam o estado espiritual dos gentios. Viviam no mundo de Deus, mas não o conheciam nem o tinham. As palavras “sem Deus no mundo” indicam a forma ateísta em que viviam os gentios. Três sentidos explicam essa forma de ateísmo. Um é não crer em Deus, isto é, ser ateu (Sl 14.1); outro é ser ímpio ou pecador irreverente (Rm 1.28); e o outro sentido é estar entregue aos ímpetos do pecado, isto é, fora da esfera da graça de Deus. Se em Romanos 1.19, Paulo declara que há um certo conhecimento de Deus em todo homem, parece contradizer-se com a ideia do ateísmo nesse verso 12. Entretanto, não há contradição alguma, pois o que Paulo quer destacar com a expressão “sem Deus no mundo”, é a cegueira espiritual em que viviam os pagãos (2 Co 4.4) (HOWARD; TAYLOR; KNIGHT, 2006, p.139). 


CONCLUSÃO
Noutro tempo éramos incircuncisos e estávamos excluídos da aliança com Deus. Separados de Cristo e de Israel vivíamos alienados ao concerto da promessa, desesperançados e longe de Deus. Um dia, porém, a magnitude do amor divino circuncidou os nossos corações, aproximou-nos de Cristo e de Israel, incluiu-nos na esperança da promessa e revelou a nós o único e verdadeiro Deus. Bendito seja o seu santo nome para sempre!



REFERÊNCIAS
Ø  ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. CPAD.
Ø  HARPER, A. F. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Ø  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø  HOWARD, R. E.; TAYLOR, W. H.; KNIGHT, J. A. Comentário Bíblico Bacon: Gálatas a Filemom. CPAD.
Ø  PFEIFFER, Charles. Dicionário Bíblico Wycliffe. CPAD.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.



Por Rede Brasil de Comunicação.

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