segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

LIÇÃO 06 – SANTIFICAÇÃO: COMPROMETIDOS COM A ÉTICA DO ESPÍRITO (SUBSÍIDIO)

 
 
 
  
 
1 Pe 1.13-23  
 


INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição das palavras santificação e ética, e a sua importância na vida cristã, como marca da ação do Espírito; pontuaremos o alcance desta santidade na vida do crente salvo; e, por fim, elencaremos características de uma vida comprometida com a ética do Espírito Santo.
 
 
I. DEFININDO OS TERMOS
1. Santificação.
A expressão santificação advém do latim “sanctificatio” que quer dizer: “separação do mal e do pecado, e dedicação ao serviço do Reino de Deus”. É a forma pela qual o filho de Deus é aperfeiçoado à semelhança do Pai Celeste (Lv 11.44) (ANDRADE, 2006, p. 326). No NT o termo usual para santificação é: “hagiasmos” que significa: “consagração, separação”. Refere-se ao processo que leva o crente a tornar-se uma pessoa dedicada, santa, separada, única e exclusivamente para Deus; consiste na transformação moral segundo a imagem de Cristo (2Co 3.18).
 
2. Ética.
A palavra “ética” no grego “ethos” significa: “conjunto de costumes e hábitos fundamentais, no âmbito do comportamento e da cultura, característicos de uma determinada coletividade, época ou região” (HOUAISS, 2001, p. 1271). A ética cristã, segundo Andrade (2006, p. 173 – acréscimo nosso) “é o conjunto de princípios baseados nas Sagradas Escrituras, principalmente nos ensinos de Cristo e de seus apóstolos, cujo objetivo é orientar a conduta do cristão enquanto membro de uma sociedade politicamente organizada”. Desse modo, a ética do Espírito, diz respeito ao estilo de vida, a conduta do crente, que é marcada pela santificação, uma das principais atuações do Espírito Santo no cristão.
 
 
II. O ESPÍRITO SANTO E A SANTIFICAÇÃO
1. A santidade do Espírito Santo.
Assim como Deus é santo (1Pe 1.16); Jesus é santo (At 2.27), o Espírito também o é (Sl 51.11; Is 63.10,11; Mt 1.18,20; 3.11; Lc 1.35; Jo 14.26; 1Ts 4.7-8). A expressão Espírito Santo vem do hebraico: “ruah kadosh” e do grego: “pneuma hagios”. É chamado de Espírito Santo porque Sua obra principal é a santificação (Jo 3.5-8, 16.8; Rm 15.16;1Co 6.11; 2Ts 2.13; 1Pe 1.1,2). Um adjetivo muito comum, para indicar o Espírito de Deus, é “santo”, e no AT este título ocorre três vezes (Sl 51.11; Is 63.10,11). Porém, no NT, a expressão “Espírito Santo” ocorre por mais de 90 vezes, mostrando que, uma das suas principais ações na vida do crente é a santificação: “Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação [...]” (Rm 1.4).
 
2. A ética do Espírito Santo.
Sobre a conduta do cristão o apóstolo afirmou: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8.1). Nessa nova vida, os homens precisam viver de forma diferente do que viviam na antiga (Ef 4.17-30). Se antes costumavam praticar as obras da carne, agora, devem agir na vontade do Espírito de Deus. A expressão “andar” fala de procedimento, modo de vida, práticas, obras. Para o apóstolo, não basta dizer que está em Cristo, é preciso evidenciar isto, andando no Espírito (Gl 5.16,18,25).
 
 
III. A IMPORTÂNCIA DE UMA VIDA DE SANTIFICAÇÃO
1. O processo de santificação na vida do salvo.
A Bíblia mostra claramente a necessidade de vivermos uma vida santa por meio de várias exortações (Rm 13.13,14; Ef 4.17-24; Fp 4.8,9; Cl 3.5-10; 1Ts 4.3). No processo da santificação progressiva o homem não é de todo passivo como na regeneração, antes, os cristãos recebem a ordem de mortificar os desejos da carne (Rm 8.13), nesse texto, Paulo indica que é pelo Espírito que fazemos isso, porém, diz que a atitude é nossa (Cl 3.5). A responsabilidade do crente quanto à santificação, é destacada pelo escritor aos Hebreus (Hb 12.14a), ao usar o termo “segui”, do grego “dioko”, que significa: “perseguir, pressionar, correr após, esforçar-se por”, (CHAMPLIN, 2002, p. 647). Sobretudo, a necessidade de uma vida santa é vista ao afirmar que: “[…] sem a santificação ninguém verá ao Senhor” (Hb 12.14b), ficando claro que os que se moldam às paixões da carne e do mundo, tornam-se reprováveis diante de Deus, não podendo estar em sua presença (Sl 15.1-5; 24.1-3; Mt 5.8; Gl 5.19-21; Ap 21.8; 22.14,15).
 
 
IV. A ABRANGÊNCIA DA SANTIFICAÇÃO
1. A santificação como marca de uma vida guiada pelo Espírito.
Para um cristão cuja vida é consagrada a Deus, a divisão entre “secular” e “sagrado”, em certo sentido não são duas coisas diferentes. Ao viver para a glória de Deus, a vida do servo de Deus em todos os aspectos deve ser marcada pela santidade, como exorta o apóstolo Pedro: “[…] em toda a vossa maneira de viver” (1Pe 1.15; ver Sl 103.1; 1Ts 5.23). Nenhum aspecto da nossa vida está excluído desse imperativo divino, até mesmo atividades comuns, como comer e beber, devem ser realizadas para a glória de Deus, como afirma o apóstolo Paulo: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1Co 10.31). Semelhantemente o apóstolo Paulo nos encoraja a nos manter puros no corpo e no espírito (2Co 7.1; ver 1Co 7.34). Sendo assim, nosso procedimento deve resplandecer o caráter de Deus, a santidade daquele que nos chamou por Seu Filho para a salvação (Rm 8.29; Ef 1.4) (LOPES, 2012, p. 50 – acréscimo nosso).
 
 
V. RAZÔES PARA UMA VIDA DE SANTIFICAÇÃO
1. A santidade de Deus (1Pe 1.16).
Santidade tanto no AT como no NT, é atributo que no seu sentido mais elevado e absoluto, se aplica a Deus. O Senhor é descrito como “o Santo de Israel”. Esse título aparece cerca de vinte e quatro vezes no livro do profeta Isaías (Is 10.20; 12.6; 17.7; 29.19; 30.11,12,15; 31.1; etc), aparecendo também em outras partes das Escrituras (2Rs 19.22; Jó 6.10; Sl 71.22; 78.41; 89.18; Pv 9.10; 30.3; Jr 50.29; 51.5; Ez 39.7; Hc 1.12; 3.3), tal título indica entre outras coisas, o fato de Deus estar separado da criação e de estar elevado acima da mesma (At 17.24,25), como também alude ao contraste com os deuses falsos (Êx 15.11). O Senhor nos chamou para si, e uma vez que ele é Santo (Lv 11.44; Is 6.3; 1Pe 1.15,16), devemos ser santos (Ef 1.14).
 
2. A salvação em Cristo Jesus (1Pe 1.14,15).
O apóstolo Pedro lembra a seus leitores de como eles viviam antes de crerem em Cristo: “[…] não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância(1Pe 1.14) e destaca o que eles passaram a ser pela revelação da graça divina em suas vidas (1Pe 1.13), por meio da fé em Deus (1Pe 1.21), como Pedro declara (1Pe 2.9,10). O fato de terem sido resgatados da vã maneira de viver (1Pe 1.18), pelo precioso, imaculado e incontaminado sangue do Cordeiro, Jesus Cristo (1Pe 1.18,19), tendo a purificação e regeneração pela ação do Espírito Santo por meio da Palavra (1Pe 1.22,23). Portanto, a exigência divina é: “[…] sede vós também santos […]” (1Pe 1.15). Lembrando ainda que: a santidade não é o meio para se obter a salvação, mas, podemos afirmar que é a consequência dela.
 
3. Uma característica do autêntico filho de Deus (1Pe 1.17).
A santidade é a marca característica de um verdadeiro servo de Deus, tanto no AT, pois, o caráter santo de Deus deveria ser refletido na vida de Israel (Lv 11.44; Nm 15.40), como no NT, onde nos é dito que a nossa santificação é a vontade direta e perfeita de Deus para nós (1Ts 4.3). A afirmativa bíblica é que os salvos são filhos de Deus (Rm 8.16), sendo assim, temos aqui um argumento lógico e simples, os filhos herdam a natureza dos pais, logo, sendo Deus Santo, como seus filhos, devemos ter uma vida santa. Somos participantes da natureza divina e devemos revelar essa natureza em uma vida piedosa (2Pe 1.4).
 
 
VI. CARACTERÍSTICAS DE UMA VIDA COMPROMETIDA COM A SANTIFICAÇÃO
Segundo Pearlman, são meios divinamente estabelecidos para a santificação do homem: o sangue de Cristo (Hb 10.10,14; 13.12; 1Jo 1.7), a Palavra de Deus” (Sl 119.9; Jo 17.17; 15.3; Ef 5.26; Tg 1.23-25; 1Pe 1.23) e, o Espírito Santo (1Co 6.11; 2Ts 2.13; 1Pe 1.1,2; Rm 15.16) e (2009, pp. 255,256 – acréscimo nosso), que atuam interna e externamente. Notemos algumas características relacionadas a uma vida santa:
 
1. Desprendimento (1Pe 1.13a).
Os povos do oriente usavam túnicas longas, e quando desejavam andar mais rápido ou sem impedimento, prendiam a túnica com um cinto (Êx 12.11). A imagem é a de um homem que prende as pontas do manto a seu cinto, ficando livre, assim, para correr. Aos que desejam viver uma vida piedosa, devem se abster de tudo que sirva de atrapalho em sua caminhada: “[…] deixemos todo o embaraço, e o pecado [...]” (Hb 12.1), evitando qualquer distração que impeça a sua conduta (2Tm 2.4), ocupando a mente com o que de fato é puro (Fp 4.8).
 
2. Obediência e reverência (1Pe 1.14,17).
Antes da conversão a Cristo o homem por natureza, é filho da desobediência (Ef 2.2). O apóstolo Pedro ressalta que agora, após a experiência da salvação, não podemos mais viver nas práticas do passado que determinavam o nosso modelo de vida (1Pe 1.14,15); “não vos amoldeis” significa não entrar no esquema, no modelo. Originalmente, a palavra significava assumir a forma de alguma coisa, a partir de um molde de encaixe, os cristãos são chamados a “mudar de forma”, e a assumir o padrão de Deus (Rm 12.2), vivendo respectivamente de maneira reverente, ou seja, tendo a atitude de quem fala cada palavra, cumpre cada ação e vive cada momento consciente de Deus tendo consciência de que nossas atitudes serão julgadas pelo justo juiz (Dt 10.17; Rm 2.11; 1Pe 4.17).
 
3. Amor sincero (1Pe 1.22).
A vida santa também tem como marca a prática do amor sincero, e isto Pedro afirma como resultado da regeneração: “[…] amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente, pois fostes regenerados […]” (1Pe 1.22,23 – ARA). Esse amor esperado é o que evidencia que passamos da morte para a vida (1Jo 3.14), e caracteriza o verdadeiro discípulo de Jesus (Jo 13.35; ver Rm 12.9; 1Jo 3.18). O amor é a marca do cristão, pois é a evidência mais eloquente da nossa salvação (LOPES, 2012, p. 58). 
 

CONCLUSÃO
A Palavra de Deus, como regra de fé e prática do cristão, descreve os princípios divinos que direcionam e guiam a vida do verdadeiro servo de Deus. Para os que desejam andar na ética do Espírito, devem entender a necessidade de ter como estilo de vida, a santificação.
 
 
 
 
REFERÊNCIAS

Ø  ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.

Ø  CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.

Ø  LOPES, Hernandes dias. Comentário Expositivo 1 Pedro: Com os pés no vale e o coração no céu. HAGNOS.

Ø  PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.

 

 

Por Rede Brasil de Comunicação.



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