sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

LIÇÃO 07 – CULTUANDO A DEUS COM LIBERDADE E REVERÊNCIA (SUBSÍDIO)

 
 
 
 
 
1 Co 14.26-32 
 


INTRODUÇÃO
Nesta lição destacaremos princípios que são indispensáveis ao modelo de culto aceito por Deus; elencaremos elementos que devem existir na liturgia da adoração oferecida ao Senhor; e por fim, pontuaremos características do verdadeiro culto pentecostal.
 
 
I. PRINCÍPIOS BÍBLICOS INDISPENSÁVEIS AO CULTO
Devemos lembrar que o culto não é espetáculo nem um show caracterizado por som alto e dançante, gelo seco, roupas extravagantes, músicas carregadas de agressividade e barulho, nos mais diversos ritmos, tais como rock, funk, rap, e axé, onde os participantes estão mais interessados em euforia, gritaria, diversão e autossatisfação. Todo elemento que intervém nesta relação, desviando a atenção para si, não atende à finalidade do culto, que é elevar o homem a Deus (Sl 73 25-28; 1Co 10.31). Como veremos, o culto é importante porque Deus atribui a ele um valor espiritual e singular. Notemos:
 
1. O culto deve ser teocêntrico.
“... preste culto somente a Ele” (Mt 4.10; Dt 6.13; Êx 20.4; Lv 26.1; Sl 97.7; Lc 4.8). Deus é zeloso da adoração e do culto oferecido a Ele. “Não adore essas coisas, nem preste culto a elas, porque eu, o Senhor, ... sou Deus zeloso...” (Dt 5.9 – NAA; Sl 78.58; 1Co 10.20-22). Deus quer ser adorado pelos seus filhos: “...Assim diz o Senhor: Israel é meu filho... deixe meu filho ir para que me adore...” (Êx 3.12 - NAA). Percebamos que a adoração precede ao culto: “Adore ... e preste culto somente a Ele” (Mt 4.10 - NAA); “Temam ... e sirvam a Ele...” (Dt 6.13 - NAA).
 
2. O culto deve ser espiritual.
A primeira característica da adoração é que ela deve ser de adoradores que “... adorem em espírito ...” (Jo 4.23). Somente uma adoração espiritual pode gerar um culto espiritual e verdadeiro. Por isso, os sacrifícios no culto cristão são espirituais: a) o corpo (Rm 12.1,2); b) o louvor (Hb 13.15); c) a prática do bem (Hb 13.16); e, d) a mútua cooperação (Hb 13.16; Fp 4.18).
 
3. O culto deve ser verdadeiro e reverente.
A Bíblia nos ensina que o verdadeiro culto ao Senhor deve ser verdadeiro (Is 29.13; 1Sm 15.22; Is 1.10-17; Dt 10.12; Ez 33.31; Jo 4.23). Nossa liturgia é simples e pentecostal, conforme o modelo do Novo Testamento: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1Co 14.26). Ela consiste em oração, louvor, leitura bíblica, exposição das Escrituras Sagradas ou testemunho e contribuição financeira, ou seja, ofertas e dízimos. Entendemos que a adoração está incompleta na falta de pelo menos um desses elementos, exceto se as circunstâncias forem desfavoráveis ou contrárias (SOARES (Org.), 2017, p. 145). É preciso ter reverência nos cultos ao Senhor (Êx 19.16-25; 20.18-19; Ec 5.1; Hb 10.19-22; 1Co 14.40 Hb 12.28).
 
4. O culto deve ser espontâneo e alegre (Êx 35.5,21,29; 2Cr 5.12-14).
No NT há espontaneidade para orar e interceder: “Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas” (1Tm 2.8). A espontaneidade chegou a tal ponto que houve necessidade de estabelecer ordem e limites na igreja primitiva (1Co 12.3;14).
 
 
II. O CULTO CRISTÃO E A LITURGICA NA BÍBLIA
Nos diversos atos litúrgicos registrados na Bíblia estão traçados os elementos do culto cristão. Notemos:
 
1. Elementos litúrgicos do Tabernáculo e do Templo.
Fazia parte da liturgia judaica: a) oração (2Cr 7.1); b) sacrifício (1Sm 1.3); c) oferta (Dt 26.10; 1Cr 16.29); d) louvor e cântico (2Cr 7.3); e) a oração antífona do Shema, “ouve Israel”, a confissão de fé dos judeus (Dt 6.4); f) a leitura bíblica (Ne 8.1-8; Lc 4.16,17); e, g) e a exortação (At 13.15) (SOARES (Org.), 2017, p. 145 – grifo nosso). Os sacrifícios, apontavam de forma tipológica a Cristo e se cumpriram nEle, não sendo mais praticados pela Igreja (Hb 9;10).

2. Elementos litúrgicos de Esdras (Ne 8.1-12).
Após a reconstrução do Templo o povo se congregou oferecendo um culto na seguinte ordem: a) proclamação - leitura da Lei de Moisés; b) pregação - interpretação da leitura; c) adoração - tempo para oração e adoração coletiva; e, d) comunhão - compartilhamento de alimentos e festejos.
 
3. Elementos litúrgicos de Jesus (Jo 14-17; Mt 26).
Nos últimos atos de Jesus, ao instituir a Ceia, são claros os elementos litúrgicos: a) pregação (Jo 14-16); b) oração e intercessão (Jo 17); c) instituição dos símbolos do Pão e do vinho; e, d) cântico de hino.
 
4. Elementos litúrgicos no culto da Igreja Primitiva (At 2.42).
Na Igreja Primitiva também havia uma liturgia bem definida: a) ensino da Palavra; b) comunhão através do comer juntos e das coletas (ofertas ou contribuições); c) partir do Pão – Ceia do Senhor; d) orações tanto na vida pessoal como comunitária ou congregacional. O apóstolo Paulo instruiu a igreja a preservar com: hinos, sempre eram cantados os Salmos; exposição da Palavra; manifestação dos dons espirituais - profecia e mensagem em línguas quando houvesse interpretação; e ofertas – denominadas de coletas (1Co 14.26; 1Co 16.1-3).
 
 
III. DISTORÇÕES NO CULTO E NA LITURGIA DA IGREJA
O culto em algumas igrejas, infelizmente, tem se desviado dos padrões bíblicos e históricos, chegando-se a uma situação em que, em nome da liberdade e da espontaneidade, o culto se desvirtuou em muitas igrejas, sendo marcado pela irreverência, superficialidade e preocupação prioritária com as necessidades humanas, e não com a presença e a glória de Deus. Notemos algumas mudanças no culto e liturgia da igreja ao longo da história:
 
1. O culto e liturgia na Igreja primitiva.
O culto da igreja primitiva inspirou-se na liturgia das sinagogas. Nos cultos eram lidas passagens do Pentateuco e dos Profetas, seguindo-se uma exposição do texto. Também eram cantados salmos, especialmente o “Hallel” (Sl 113-118). O culto cristão foi extremamente simples (não simplório), constando de orações, cânticos, leituras do AT e dos livros dos apóstolos. Eram feitas exortações pelo dirigente, ensinamentos das verdades bíblicas, coletas (ofertório) e celebração da Ceia do Senhor (COUTO, 2016, pp. 47,48 – grifo nosso). Até o século III, o culto transcorria com a seguinte ordem litúrgica: a) Leitura da Palavra; b) Cântico de hinos; c) Oração em pé com a participação coletiva; d) celebração da Ceia do Senhor; e, e) Coleta para ajudar viúvas, enfermos, encarcerados (RODRIGUEZ, 1999. p. 43).
 
2. O culto e liturgia na Igreja da contemporaneidade.
Infelizmente têm surgido muitas formas estranhas e até exageros nos cultos e liturgias em algumas igrejas em nossos dias: a) regressão espiritual. Uma espécie de “segunda conversão”, algo que a Bíblia condena veementemente (Nm 23.23; Jo 8.32; Gl 3.13; 2Co 5.17); b) dança no espírito. Davi dançou patrioticamente, mas, nunca no Templo, pois o templo é o local de adoração e reverência (2Sm 6.14-16; 1Cr 15.29); no NT não há menção a este comportamento entre os elementos do culto e a manifestação do Espírito; c) entrevista espiritual. Caracterizada por ênfase desordenada na atuação de satanás no mundo e na igreja, com conversações e entrevistas com demônios; d) maldição hereditária. Consiste em pactos ascendentes da família feitos com demônios que trazem maldição. A Bíblia é clara ao mostrar que tal doutrina é herética (Jr 31.29,30; Ez 18.2-4,20; Rm 8.1); e) riso no espírito. Propagado no Brasil, principalmente pelos grupos neopentecostais, onde as pessoas caem rindo no chão, histéricas e dando gargalhadas sem nenhum controle de suas ações; e, g) outras inovações. Introdução de elementos judaicos (judaização) no culto cristão etc.
 
3. Desafios quanto ao culto e a liturgia na atualidade.
Diante do crescimento de outros movimentos denominados pentecostais e neopentecostais, bem como a comunicação global pela internet, a igreja tem vivenciado uma influência de modismos, substituindo, em alguns lugares, os elementos bíblicos que marcam o seu culto e liturgia como: Perda do costume da oração coletiva (Jz 21.2; Jz 2.4; 2 Cr 5.13; At 2.14; 4.24); diminuição de tempo para exposição da Palavra (Cl 3.16); perda da adoração cristocêntrica; perda da adoração ultracircunstancial; ênfase em mensagens de auto-ajuda; hinos, sem adoração, centrada apenas no homem e suas experiências (antropocentrismo); utilização de símbolos judaizantes (estrela de Davi, menorá, talit, kipá, shophar); aplausos substituindo a glorificação espontânea (Rm 15.9; Ap 4.9); e, danças e teatro nos cultos que retiram a centralidade da palavra, transferindo-a à estética.
 
 
IV. OS ELEMENTOS DO GENUÍNO CULTO PENTECOSTAL
Os principais elementos do culto pentecostal são:
 
1. Oração.
Oração é uma prece dirigida pelo homem ao seu Criador, com o objetivo de adorá-Lo e lhe pedir perdão pelas faltas cometidas, agradecer-Lhe pelos favores recebidos, buscar proteção e, acima de tudo, uma comunhão mais íntima com Ele (1Cr 16.11; Sl 105.4; Is 55.6; Am 5.4,6; Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24; Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17).
 
2. Hinos.
Um dos principais elementos do culto é o louvor a Deus. Louvar a Deus significa servi-lo em espírito e em verdade. A música esteve presente no culto de Israel e da Igreja primitiva (Nm 10.1-10; Jz 7.22; Jó 38.7; Ef. 5.19; 1Tm 3.16; At 16.25).
 
3. Leitura Bíblica.
A leitura da Bíblia é indispensável em um culto cristão e deve ser um momento de profunda reverência, onde os verdadeiros adoradores deverão acompanhar a leitura do texto. Encontramos diversos exemplos da leitura das Sagradas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo testamento (Nm 24.7; Dt 31.26; Js 8.34,35; 2Cr 34.14-21; Ne 8.8; 9.3; Lc 4.14-21; At 17.11).
 
4. Contribuição.
As ofertas representam a expressão de gratidão do cultuador (Êx 35.29; 36.3; Lv 7.16; 22.18), bem como os dízimos (Ml 3.10). Devemos dar a Deus parte daquilo que dEle recebemos (Êx 23.15; 2Co 9.7). A contribuição no culto é bíblica e deve ser oferecida tanto pelos ricos como pelos pobres (Mc 12.41-44).
 
5. Pregação.
A pregação é a parte central do culto cristão e sem ela o culto fica sem brilho e objetivo, pois é através dela que a fé é gerada (Rm 10:14-17; Gl 3:2); é a vontade de Deus, que todos se arrependam e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (Ez 18:23; At 17:30; 1Tm 2:4).
 
6. Dons espirituais.
Não se pode pensar em Culto Pentecostal sem a manifestação dos dons espiritais, pois ele é caracterizado não apenas pela verdadeira adoração ao Criador, mas também pelas manifestações espirituais e sobrenaturais do Espírito Santo entre os adoradores (1Co 14.26). Além da adoração “Salmos”, e do ensino “doutrina”, no culto pentecostal a manifestação dos dons é comum. Paulo faz menção a diversos dons, tais como: revelação, língua, interpretação, profecia e outros (1Co 14.26-40).
 
 
CONCLUSÃO
O culto verdadeiramente pentecostal é baseado no que Deus determinou por meio de sua Palavra. De modo que, os cultos que não possuem tais princípios, não fazem parte do verdadeiro pentecostalismo. 
 
 
 
REFERÊNCIAS

Ø  COUTO, Vinicius. Culto Cristão: Origens, desenvolvimento e desafios contemporâneos. 1 ed. SP: Editora Reflexão, 2016.

Ø  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. 1 ed. RJ: OBJETIVA, 2001.

Ø  KESSLER, Nemuel. O culto e suas formas. 1 ed. RJ:CPAD, 2016.

Ø  LUIZ, Gesse. Caminhos e Descaminhos na História da Liturgia Cristã. 1 ed. Curitiba: AD Santos, 2016.

Ø  MARTIN, Ralph P. Adoração na Igreja Primitiva. 2 ed. SP: Vida Nova, 2012.

Ø  SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1 ed. RJ: CPAD, 2017.

 
 

Por Rede Brasil de Comunicação.




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