sexta-feira, 9 de julho de 2021

LIÇÃO 02 – O REINO DIVIDIDO: JEROBOÃO E ROBOÃO (SUBSÍDIO)






1 Rs 12.1-10,13,14,26-29 
 
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos a monarquia de Israel e as causas da sua divisão. Os dois personagens principais a serem analisados serão os reis Jeroboão e o Roboão que protagonizaram a cisão do reino. Veremos os erros que eles cometeram e, por fim, extrairemos lições que nos previne de cometermos as mesmas falhas.
 
 
I. A MONARQUIA E O REINO DIVIDIDO
Após 120 anos de monarquia, uma grande cisão política e religiosa que ocorreu durante o reinado de Roboão separou a nação de Israel em dois reinos, a saber: o reino do Sul, Judá (duas tribos) e o reino do Norte (dez tribos) (2Cr 10.1-15). Os reis de Judá eram descendentes de Davi, mas os reis de Israel vieram de várias famílias e tribos diferentes. Notemos:
 
1. A dinastia do reino do Norte (Israel).
O reino de Israel teve 19 reis ao longo de 200 anos de dinastia (série de reis ou soberanos de uma mesma família que se sucedem no trono), tendo o cativeiro assírio marcado o seu fim. Todos os 19 reis (Jeroboão I; Nadabe; Baasa; Elá; Zinri; Onri; Acabe; Acazias; Jorão; Jeú; Jeoacaz; Jeoás; Jeroboão II; Zacarias; Salum; Menaém; Pecaías; Peca e Oseias), “fizeram o que pareciam mal aos olhos do Senhor” (1Rs 12.20). Por mais que os profetas exortassem o povo a voltar aos mandamentos de Deus, a liderança permanecia no erro, porque lhe era conveniente. Assim, o reino do Norte deixou de existir quando a Assíria derrubou a monarquia israelita e levou as tribos em cativeiro (2Rs 15.29).
 
2. A dinastia do reino do Sul (Judá).
O reino de Judá, com capital em Jerusalém, foi exercido por 19 descendentes de Davi (Roboão; Abias; Asa; Josafá; Jeorão; Acazias; Joás; Amazias; Uzias; Jotão; Acaz; Ezequias; Manassés; Amom; Josias; Jeoacaz; Jeoaquim; Joaquim e Zedequias), e uma mulher que foi Atalia que quando soube da morte de seu filho Acazias, matou todos os seus netos (menos um, que escapou foi salvo pela sua tia) e tomou o trono de maneira ilegítima. Depois de sete anos, porém, foi deposta e assassinada (2Rs 11.1-20). Um dos momentos áureos do reino de Judá foi a grande reforma promovida pelo rei Ezequias, na qual o culto e o sacrifício a Deus foram restaurados (2Cr 30.26). Infelizmente, apesar das profecias de advertência ao povo, a fim de que abandonassem a idolatria e se voltassem para Deus, Israel continuou vivendo de maneira leviana.
 
 
II. INFORMAÇÕES SOBRE JEROBOÃO
Seu nome na língua hebraica significa: “O povo tornou-se numeroso”. Jeroboão I, filho de Nebate, efrateu, (1Rs 11.26). Jeroboão era ervo de Salomão e foi colocado sobre todo o trabalho forçoso, (1Rs 11.28). O profeta Aías rasgou a capa nova de Jeroboão em 12 pedaços e lhe devolveu 10, profetizando que Deus rasgaria o reino de Salomão, dando-lhe 10 das tribos (1Rs 11.30). Era o primeiro rei sobre Israel (1Rs 12.20). Pôs um bezerro de ouro em Dã e outro em Betel (1Rs 12.29). Devido aos seus pecados, Aías profetizou contra Jeroboão (1Rs 14). Houve guerra contínua entre Jeroboão e Roboão, rei de Judá (1Rs 15.6), reinou 22 anos (1Rs 14.20) sendo sucedido por seu filho, Nadabe (BOYER, 1999, p. 417). Notemos alguns pecados de Jeroboão:
 
1. Erigiu ídolos em Israel para manter o povo afastado de Jerusalém.
Jeroboão, do reino do norte, fundou um falso sistema religioso, levando o povo a adorar falsos deuses, (1Rs 12. 27-30; Êx 20.3,4), tendo como modelo o bezerro de ouro feito por Arão (Êx 32.8). Nomeou sacerdotes “que não eram dos filhos de Levi” (1Rs 12.31), e assim pôs no ministério homens que não tinham as qualidades para isso segundo a lei de Deus. A instituição de um falso sistema religioso, por Jeroboão, produziu dois resultados: 1) a maior parte do povo do reino do Norte passou a adorar a Baal, cujo culto incluía a prática imoral da prostituição religiosa. 2) A maior parte do reino de Israel que permaneceu fiel a Deus e à sua lei, teve grandes perdas. (STAMPS, 2007, p. 542).
 
2. Nomeou sacerdotes que não pertenciam à tribo de Levi.
Jeroboão nomeou sacerdotes, homens que não possuíam os requisitos exigidos por Deus, os quais estão registrados em (Nm 3.6-9; 8.5-20). Deus proibiu a nomeação de sacerdotes de outras tribos. A desobediência a tal preceito seria punida com a pena de morte: “Mas a Arão e a seus filhos ordenarás que guardem o seu sacerdócio, e o estranho que se chegar morrerá.” (Nm 3.10). Na Nova Aliança, o sacerdócio levítico já não existe, ainda assim Deus estabeleceu qualificações essenciais definidas aos que aspiram ao ministério (pastores ou dirigentes de igrejas locais). Essas qualificações espirituais e morais foram registradas pelo apóstolo Paulo (1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9).
 
3. Confiou mais em sua própria inteligência do que nas promessas de Deus.
O rei Jeroboão se destacou por ser um varão valente e apto para liderança (1Rs 11.28), isso foi reconhecido por Salomão. No entanto, Jeroboão confiou mais nessas habilidades do que em Deus. Isso ficou evidente na seguinte situação: como manter a lealdade de um povo que constantemente ia a capital de Judá? (1Rs 12.26-27). A solução de Jeroboão foi erigir seu próprio centro de adoração. Confeccionaram dois bezerros de ouro, os quais foram aclamados deuses de Israel. A palavra de Deus nos orienta a não se estribar. “[...] no teu próprio entendimento...” (Pv 3.5-6) antes, confiar os nossos projetos ao Senhor (Sl 56.3; Pv 16.3; Jr 17.7-8).
 
 
III. INFORMAÇÕES SOBRE ROBOÃO
Em hebraico significa: Ele faz o povo aumentar. Roboão era filho de Salomão e Naamá, Amonita (1Rs 14.31). Foi o último rei sobre as doze tribos unidas, continuando a reinar sobre Judá depois da divisão. Sua dura resposta ao povo, resultou na separação das 10 tribos, das de Judá e Benjamim, (1Rs 12). Deus proibiu que ele pelejasse contra as 10 tribos do Norte (1Rs 12.24). Houve guerra entre Roboão e Jeroboão todos os seus dias (1Rs 14.30). Vejamos alguns erros de Roboão:
 
1. Seguiu conselhos insensatos.
O Texto Sagrado diz que Roboão desprezou os conselhos dos anciãos; estes conviveram com Salomão e pediram que Roboão servisse ao povo: “[...] Se hoje fores servo deste povo, e o servires, e responderes-lhe, lhe falares boas palavras, todos os dias serão teus servos” (1R 12.7). Roboão, em vez disso, acatou as recomendações dos jovens que haviam crescido com ele, e falou duras palavras ao povo: “[...] meu pai lhes tornou pesado o jugo; eu o tornarei ainda mais pesado. Meu pai os castigou com simples chicotes; eu os castigarei com chicotes pontiagudos” (1Rs 12.11 - NVI). Por causa de um mau conselho uma nação foi dividida. A Bíblia nos manda ter cuidado com os conselhos dos ímpios (Nm. 31.15-16; Sl.1.1, Pv 13.18,20), pois eles trazem prejuízos diversos.
 
2. Casou-se com mulheres estrangeiras.
Roboão, em desobediência a Deus, casou-se com várias mulheres: “[...] ele tinha tomado dezoito mulheres, e sessenta concubinas; e gerou vinte e oito filhos, e sessenta filhas” (2Cr 11:21). Essa atitude era expressamente contrária ao que Deus determinara: “[...] Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração não se desvie” (Dt 17.17). O padrão bíblico de casamento é o mesmo, seja para o rei ou para toda a humanidade. Ele deve ser heterossexual e monogâmico (Gn 2.24; Mt 19.4; Hb 13.4). O que passar disso é pecado.
 
3. Abandonou a lei de Deus.
Logo após a divisão da nação em dois reinos, Roboão teve o seu reinado confirmado e fortalecido. Foi nesse momento que o rei abandonou a Lei do Senhor, e todo o povo seguiu o seu mau exemplo (1Cr 12.1). Como consequência desse desvio, Deus permitiu que Sisaque, rei do Egito, subisse contra Judá (1Cr. 12.2). Todo ato de repulsa a lei de Deus leva a consequências graves tais como: rejeição (1Sm 15. 23) e morte (Êx 33.12). No entanto, a obediência à palavra de Deus produz bênçãos (Dt 5.29; 11.13; 1Sm 15.21); além disso, os que obedecem a Deus tem o Espírito Santo (At 5.32) e tem suas orações respondidas (1Jo 3.22).
 
 
IV. LIÇÕES DA DIVISÃO DO REINO ENTRE JEROBOÃO E ROBOÃO
Existem inúmeras explicações sobre a divisão, mas todas convergem para o fato dela ter ocorrido como um castigo divino sobre a “casa de Davi”, consequência da apostasia de Salomão. O fator do ciúme tribal tinha suas raízes na conquista (Josué 22), e desde essa época ele se manifestava de forma intermitente (Jz 8.1; 2 Sm 20.1). Os pesados impostos podem ter representado uma justificada insatisfação (12.9) [...]. Todas essas causas, porém, eram secundárias e elas se tornaram o meio através do qual o castigo divino tornou-se realidade (BEACON, vol. 2, 2005, p. 314). Sendo assim, podemos extrair duas lições:
 
1. A idolatria conduz a perdição.
A idolatria é um pecado terminantemente proibido pelo Senhor (Êx 20.5,23; 34.14; Dt 5.8-10; 1 Co 10.14; Gl 5.20; Cl 3.5; 1Pe 4.3; 1Jo 5.21). Tudo aquilo que colocamos no lugar de Deus em nosso coração torna-se um ídolo (pessoas, objetos). Deus não partilha sua adoração com ninguém (Is 40.18; 46.5; Atos 17.29). Se não houver arrependimento sincero e um desejo de volta-se para Deus, o destino será vida separada do Senhor, pois aos idólatras está reservada a condenação eterna (1Co 6.9-10). “Porque bem sabeis isto: que nenhum [...] idólatra, tem herança no Reino de Cristo e de Deus” (Ef 5.5).
 
2. O prejuízo causado pelos conselhos dos ímpios.
Devemos escolher de quem tomar conselho. O exemplo de Roboão é bastante pedagógico. Se buscamos conselhos que queremos ouvir, já estamos num caminho perigoso: “O caminho do tolo é reto aos seus olhos, mas o que dá ouvidos ao conselho é sábio” (Pv 12.15). O salmista ora a Deus para que o proteja de conselhos ruins, dos mal-intencionados: “Esconde-me do secreto conselho dos maus e do tumulto dos que praticam a iniquidade” (Sl 64.2). Há uma advertência contra os que tomam conselho dos ímpios (Sl 1.1): “Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” (POMMERENING, 2021, p. 32, grifo nosso).
 
 
CONCLUSÃO
A divisão do reino de Israel nos deixou algumas lições: a idolatria é um pecado abominável a Deus com sérias consequências e os conselhos dos ímpios trazem graves problemas quando são aceitos.
 
 

REFERÊNCIAS
Ø  BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. Brasil: Editora Vida, 1991.
Ø  MULDER, O. Chester, et all. Comentário Bíblico Beacon. CPAD, 2005.
Ø  POMMERENING, Claiton Ivan. O Plano de Deus para Israel em meio à Infidelidade da Nação. CPAD, 2021.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. 2010.
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.


 

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