quarta-feira, 16 de março de 2022

LIÇÃO 11 – LUCAS-ATOS: O MODELO PENTECOSTAL PARA HOJE


 
 
 


Lc 1.21,22; At 2.1-4
 
 
 
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição, destacaremos à luz da Bíblia, algumas considerações a respeito do médico amado; destacaremos a importância dos livros Lucas-Atos; aprenderemos também o quanto a ação do Espirito santo foi necessária a igreja em Atos dos apóstolos.
 
 
I. QUEM FOI O MÉDICO AMADO?
1. Autoria.
Lucas é o único autor sagrado do NT e das demais Escrituras que não foi judeu. Isso testifica do fato que, em “Cristo, [...] não pode haver grego nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo e em todos” (Cl 3.11). Embora grego, o que se depreende da facilidade com que redigia no melhor coiné (língua grega comum) da época, não foi desprezado de modo algum pela comunidade cristã, a qual, quando Lucas surgiu em cena, já havia aprendido a jamais traçar fronteiras raciais entre os seguidores do Senhor Jesus (TOGNINI, 2020, p. 10). Se Marcos foi o porta-voz de Pedro, pode-se aceitar que Lucas foi o porta-voz de Paulo, de quem foi companheiro e cooperador em muitos momentos da vida. Disso Lucas dá testemunho nas chamadas seções nós de Atos (At 16.10-17; 20.5-15; 21-1-18; 27.1; 28.16). Embora o nome de Lucas não conste, explicitamente nas páginas do evangelho que leva o seu nome, as evidências disponíveis tendem a concordar e confirmar a tradição. Clemente de Alexandria, Tertuliano, Orígenes (pais da igreja) o identificam como autor deste evangelho (EUSÉBIO apud HENDRIKSEN, 2003, p. 24).
 
2. Características de Lucas.
Sobre algumas características de Lucas podemos citar: a) Lucas como escritor: “Como historiador Lucas é um escritor extremamente cuidadoso. Os primeiros quatro versículos proclamam que seu trabalho é o produto de uma investigação esmerada” (BARCLAY, sd, p. 05 – acréscimo nosso). Ao escrever este evangelho ele fala que: 1) o evangelho é um fato não um mito ou uma lenda (Lc 1.1b); 2) diz também que fez uma pesquisa de campo, entrevistando as testemunhas oculares (Lc 2.2a); 3) discorre ainda a história de forma ordenada, não sem nexo (Lc 3.1a); e (4) tinha a finalidade de dar fundamentação histórica a fé cristã (Lc 1.4). Paulo se refere a Lucas como médico amado (Cl 4.14). Sem dúvida, Ele teria sido uma verdadeira ajuda para o apóstolo em suas aflições, algumas das quais eram de caráter físico. O interesse de Lucas por questões médicas é evidente pelo grande destaque que ele dá ao ministério de curas de Jesus (Lc 4.38-40; 5.15-25). b) Lucas como missionário: Lucas, mais do que qualquer outro dos evangelistas, destacou o âmbito universal do convite do evangelho. Ele retratou Jesus como Filho do Homem, rejeitado por Israel, e então oferecido ao mundo. Lucas repetidamente conta relatos de gentios, samaritanos e outros personagens tidos como indignos que encontraram graça aos olhos de Jesus (Lc 7.36-50; 19.1-10; 23.43).
 
3. Propósito do autor e destinatário.
Parece que muitas pessoas haviam escrito a respeito de Jesus e sua vida admirável, talvez de maneiras incompletas e contraditórias; e Lucas desejava suprir uma narrativa em ordem e digna de confiança para Teófilo (cujo nome significa literalmente “que ama a Deus”) (Lc 1.1-4). “Essa designação, que pode ser um apelido ou um pseudônimo, é acompanhada por um tratamento formal “excelentíssimo” possivelmente significando que “Teófilo” fosse um renomado dignitário romano, talvez um dos que haviam se voltado para Cristo “da casa de César” (Fp 4.22)” (MACARTHUR, 2011, p. 6). O fato de Lucas ter dado o mesmo título a Teófilo que deu depois a Félix (At 23.26; 24.3) e Festo (At 26.25), indica que Teófilo era uma personagem de posição e influência. “É possível também que Teófilo não fosse o único destinatário porque Lucas pode ter tido o interesse de suprir um evangelho em ordem e completo para leitores não judeus. E Lucas também desejava apresentar um Salvador universal, um grande e compassivo médico, mestre e profeta, que viera aliviar os sofrimentos humanos e salvar as almas dos homens” (CHAMPLIN, 2004, vol. 3, pp. 909,910 – acréscimo nosso).
 
 
II. A TEOLOGIA DE LUCAS-ATOS
1. A atuação do Espirito Santo no evangelho segundo Lucas.
Ele atua como precursor de Jesus (Lc 1.15). Ele atua na concepção de Jesus (Lc 1.35). Atua também em Isabel e Zacarias (Lc 1.41-42, 67). Ele desce sobre Jesus no batismo (Lc 3.22). Ele guia Jesus até o deserto para ser tentado pelo Diabo (Lc 4.1). Ele capacita Jesus em Seu ministério (Lc 4.14; 5.17). Ele é o dom de Deus aos Seus filhos (Lc 11.13). Ele é exultado por Jesus quando os 70 voltam contando o sucesso da missão (Lc 10.21). Ele é o objeto da profecia bíblica (Is 61.1-2; Lc 4.16-21). Ele é quem concede poder às pessoas (Lc 24.49).
 
2. A atuação do Espirito Santo no livro de Atos.
Atos 2.17-21 fala do derramamento do Espírito Santo como cumprimento da promessa de Deus sobre os últimos dias. Os versículos 38-40 apresentam o ponto em que o perdão dos pecados e o Espírito estão disponíveis para os que respondem ao chamado de Deus. Atos 3.22-26 indica que Jesus, como Moisés, é o Profeta prometido, a quem se deve prestar atenção (Dt 18.15). Atos 13.22,23 retrata Jesus como o Salvador prometido, o descendente de Davi. Atos 23.4-8 relata o julgamento de Paulo por causa de sua esperança na promessa de ressurreição. Atos 26.22,23 argumentam que os profetas e Moisés testificam de Cristo e das missões subsequentes de nosso Salvador.
 
 
III. O BATISMO NO ESPÍIRTO SANTO NO LIVRO DE ATOS DOS APÓSTOLOS
1. Foi o cumprimento da promessa.
Profetizado por Joel (Jl 2.28,32a); Isaías (Is 44.3); João Batista (Mt 3.11) e Jesus (At 1.4,5). Também chamado de batismo no Espírito Santo, conforme João Batista, “É um revestimento e derramamento do poder do Alto, com a evidência física inicial de línguas estranhas, conforme o Espírito Santo concede pela instrumentalidade do Senhor Jesus, para o ingresso do crente numa vida de mais profunda adoração e eficiente serviço para Deus (Lc 24.49; At 1:8; 10.46; 1Co 14. 15,26)” (GILBERTO, 2006, p. 57).
 
2. O que significa glossolalia.
Do grego “glóssa” que significa: “língua”; e da expressão “laló” apontando para “falar”. É o falar em outras línguas, é um sinal da parte de Deus para evidenciar o Batismo com o Espírito Santo (At 2.4; 10.45-46; 19.6). Esse padrão bíblico continua o mesmo para os dias atuais. Por sua vez a expressão “glossolalia” é um fenômeno ligado a atuação do Espírito Santo, em que o crente se expressa em uma língua por ele desconhecida (At 2.4; 1Co 14.14-15) e tida por ele como de origem divina. Essas falas são geralmente caracterizadas pela repetição da cadeia sonora, sem um significado sistemático e, ainda, com raras unidades linguísticas previsíveis. O evangelista, historiador e médico Lucas nos conta que quando os 120 discípulos de Cristo reunido no cenáculo, dentre eles os apóstolos e Maria, mãe de Jesus, juntamente com os irmãos do Senhor (At 1.13,14), começaram a falar em outras línguas após a efusão do Espírito, as pessoas em volta, que assistiam à cena, ficaram surpresas e perplexas (At 2.12), com a maioria pensando que aqueles judeus no cenáculo estavam alcoolizados, bêbados (At 2.13,15).
 
3. Teoria cessacionista.
O verbo “cessar” significa literalmente: “fazer parar, dar fim, interromper” (HOUAISS, 2001, p. 682). Portanto a teoria “cessacionista” é a cosmovisão de alguns grupos cristãos defendem que os chamados dons do Espirito Santo apesar de terem sido de fundamental utilidade e importância nos primórdios da igreja, cessaram sua atividade ainda no período da igreja primitiva. A Bíblia não apoia este tipo de interpretação.
 
 
IV. AS DIVERSAS CAPACITAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DO CRENTE
Espírito Santo capacita os cristãos de diferentes formas nos variados aspectos da obra de Deus. Verificamos isso de forma nítida nas páginas do NT principalmente no livro de Atos dos Apóstolos. Vejamos:
 
1. Capacitação na pregação.
O Espírito Santo torna apto o crente que se predispõe a proclamar o evangelho de Jesus Cristo, concedendo-lhe unção e ciência da Palavra. Ao lermos a Bíblia, peçamos a companhia do Espírito de Deus, que é o intérprete por excelência das Escrituras Sagradas. Ele nos esclarecerá o real sentido das passagens bíblicas e nos impulsionará a pregarmos com ousadia aquilo que Dele aprendemos (At 4.29-31; cf. Lc 12.11,12). Tão logo foi revestido de poder, o Apóstolo Pedro pregou com grande ousadia, conquistando quase três mil almas para Cristo (At 2.14-41. Posteriormente pregou novamente, ganhando dessa vez mais duas mil almas (At 3.12-26; 4.4). A unção do Espírito foi algo tão intenso na pregação do diácono Estêvão, e ele o fazia com tanta sabedoria, que os seus opositores não conseguiam resistir-lhe ou refutá-lo (At 6.9,10). É uma das mais belas pregações de toda a Bíblia (At 6.8-15; 7.1-60). Ele fez uma síntese da história de Israel e demonstrou, com base no Antigo Testamento, que Jesus era o Cristo.
 
2. Capacitação mediante a operação de sinais e maravilhas.
O Espírito Santo prestou sua cooperação com os discípulos através de milagres e maravilhas. Ao lermos sobre os primórdios da Igreja, percebemos quão importante foram as intervenções sobrenaturais para a expansão do Reino: a) Através da cura de um coxo de nascença, (At 3.6-26); b) Pela revelação do Espírito, Pedro conheceu que Ananias e Safira fizerem um acordo, dando-lhes uma irreversível sentença (At 5.1-11); e, c) O Espírito cooperava com Estêvão com milagres e maravilhas (At 6.8-10).
 
 
CONCLUSÃO
Aprendemos hoje através dos livros Lucas-Atos que o Espírito Santo continua atuando de forma poderosa na igreja, Ele quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-11), manifesta os dons espirituais e ministeriais no seio da Igreja (Ef 4.11; 1Co 12.6-11), e capacita das mais variadas formas os cristãos a desempenharem a obra de Deus.
  
  
REFERÊNCIAS
Ø  TOGNINI, Enéas. Janelas para o Novo Testamento. HAGNOS.
Ø  CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø  HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento. CULTURA CRISTÃ.
Ø  MACARTHUR, John. Lucas: Jesus – o Salvador do Mundo. CULTURA CRISTÃ.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
Ø  GILBERTO, Antônio. Verdades Pentecostais. CPAD.
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.

 

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