sábado, 19 de março de 2022

LIÇÃO 12 – AS EPÍSTOLAS INSTRUEM E FORMAM OS CRISTÃOS



 
 
 
1 Co 1.1-3; 1Pe 1.1,2; 2Jo 1.1-3
 
 
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a função das epístolas na formação dos cristãos. Primeiramente veremos uma definição da palavra epístola, em seguida demostraremos sua importância e como estão organizadas. E por fim, elencaremos as principais instruções e recursos apresentados nas cartas do Novo Testamento para formar o caráter cristão.
 
 
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA EPÍSTOLA
1. Definição.
No grego, epistole”, (carta, despacho), sempre indica alguma espécie de comunicação escrita. E também indica a palavra portuguesa (epístola), que já é uma forma de missiva mais formal que uma simples carta. Uma epístola teria uma maior qualidade literária que uma carta, além de conter uma mensagem mais importante, que faz contraste com o caráter informal e, algumas vezes, superficial, de uma simples carta. A raiz verbal dessa palavra grega é epistello”, que significa: enviar a, enviar uma carta, expedir uma ordem ou comando, anunciar. O vocábulo também pode significar, naturalmente: escrever uma carta. Todavia, o termo grego epistole” não contém nenhuma distinção entre uma epístola formal e uma carta informal, conforme se dá no português (CHAMPLIN, 2004, vol 2, p. 406). 


II. IMPORTÂNCIA E A ESTRUTURA DAS EPÍSTOLAS
1. A importância das epístolas.
As epístolas como forma de correspondência não foram criadas pelo cristianismo; já existiam bem antes. Mesmo assim, os cristãos deram para ela uma utilização muito grande. Foi o veículo usado pelos apóstolos para comunicação entre eles e as igrejas do primeiro século. Podemos verificar isso em textos como o escrito por Paulo: “E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses; e a que veio de Laodiceia, lede-a vós também” (Cl 4.16). Esse meio de comunicação era tão importante e urgente que o apóstolo dos gentios responsabilizava diante de Deus os portadores da carta: Pelo Senhor vos conjuro que esta epístola seja lida a todos os santos irmão” (1Ts 5.27). Isso, porque as epístolas continham os ensinos apostólicos (2Ts 2.15). E para garantir a originalidade do documento, o apóstolo Paulo ainda colocava um sinal distintivo: “Saudação da minha própria mão, de mim, Paulo, que é o sinal em todas as epístolas; assim escrevo” (2Ts 3.17).
 
2. Estrutura das epístolas.
Em geral, as epístolas do NT seguem a forma padrão das cartas antigas, como pode ser visto pelo estudo da extensa correspondência em papiros que foi preservada. A ordem epistolar usual era: nome do escritor e destinatários, saudação, oração ou desejo de bem-estar dos leitores, corpo da carta e saudações finais (WICLIFFE, 2006, p. 653). Vemos esse modelo sendo usado por Paulo nas cartas por ele escritas (Rm 1.1; 1Co 1.1,2; Gl 1.1; Ef 1.1,2).
 
 
III. DIVISÃO DAS EPÍSTOLAS DO NOVO TESTAMENTO
Existem 21 epístolas no Novo Testamento, que vão desde Romanos até a epístola de Judas. Em decorrência da diversidade delas, a melhor forma de agrupá-la é por autor. Treze são de autoria de Paulo, uma de Tiago, duas de Pedro e três do apóstolo João e uma de Judas; além desta, existe uma carta anônima: a epístola aos hebreus.
 
1. As epístolas paulinas.
Provavelmente foram os primeiros escritos do Novo Testamento. Pela ordem cronológica, o primeiro livro do Novo Testamento é 1 Tessalonicenses, escrito em 52 d.C.; a segunda epístola a Timóteo foi escrita em 67 d.C., pouco antes do martírio do apóstolo Paulo em Roma. Esses livros foram também os primeiros a serem aceitos como canônicos. Pedro chama os escritos do apóstolo Paulo de “Escrituras”, título aplicado somente à Palavra inspirada por Deus. (2Pe 3.15,16). As cartas paulinas, em número de 13, podem ser agrupadas pelo assunto principal. Notemos:
 
Epístolas escatológicas. 1 e 2 Tessalonicenses, recebe esse nome devido a ênfase na doutrina das últimas coisas. O apóstolo fala sobre o arrebatamento da Igreja (1Ts 4.17) esclarece que após esse evento, o Anticristo se manifestará ao mundo (2Ts 2.2,38), além disso, recomenda que os cristãos se consolem com a vinda de Senhor (1Ts 4.18).  
Epístolas soteriológicas. Pelo forte conteúdo na doutrina da salvação as cartas aos Romanos, 1 e 2 Coríntios e Gálatas recebe esse nome. Nelas o apóstolo fala da Justificação pela fé (Rm 1.17), assevera que as obras da lei não salvam (Gl 2.15) e ressalta a importância da morte e ressurreição de Cristo (1Co 15.3-4).
Epístola da prisão. O apóstolo dos gentios encontrava-se preso em Roma, mas tinha liberdade para ensinar. Durante o período de dois anos de reclusão, o apóstolo escreveu as importantíssimas epístolas aos Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon (SHEDD, 2005, p. 11)
Epístolas pastorais. Essas cartas (1 e 2 Timóteo, Tito) recebe essa nomenclatura porque o conteúdo principal delas são dirigidos aos líderes das igrejas. Podemos encontrar nelas as recomendações e os requisitos para o obreiro servir na obra de Deus, com dedicação e amor.
 
2. Epístolas gerais. As epístolas de: Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro; 1, 2 e 3 João e Judas foram agrupadas e chamadas de universais, em virtude dessas serem dirigidas a um público mais amplo, e não a uma igreja ou pessoa em particular.
 
 
IV. AS EPÍSTOLAS INSTRUEM SOBRE AS DOUTRINAS APOSTÓLICAS
1. Instruem sobre a doutrina da salvação.
A obra salvífica realizada por Cristo é tema basilar em todas as epístolas, aliás, é o tema central das Escrituras Sagradas. Os apóstolos enfatizaram a universalidade do pecado, pois “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Devido a essa condição, a humanidade necessita de um Salvador. E a única solução para restaurar a comunhão pedida em decorrência da queda do homem no Éden é o sacrifício de Cristo na cruz do calvário (Rm 3.25; 2Co 5.19; Ef 2.13; Cl 1.20; Hb 9.28; 1Jo 2.2; 4.10). Essa oferta de Cristo, como um cordeiro imaculado, alcança todo homem; por isso, os apóstolos registraram nas epístolas que a salvação é ofertada a todos indistintamente: “...o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2.4). Outros textos confirmam essa assertiva (Rm 5.18, 1Tm 2.4,6, Tt 2.11, Hb 2.9; 2Pe 3.9). Encontramos nas epístolas um tratado completo sobre a eficácia e suficiência da obra do nosso Senhor Jesus para a humanidade.
 
2. Instruem sobre a doutrina da santificação.
O apóstolo dos gentios escrevendo aos Tessalonicenses afirma: “...Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação…” (1Ts 4.3). Essa doutrina é tratada nas epístolas de maneira vital e urgente (Rm 13.13,14; Ef 4.17-24; Fp 4.8,9; Cl 3.5-10; 1Ts 4.3). No processo da santificação progressiva o homem não é de todo passivo como na regeneração, antes, os cristãos recebem a ordem de mortificar os desejos da carne (Rm 8.13), nesse texto, Paulo indica que é pelo Espírito Santo que fazemos isso, porém, diz que a atitude é nossa (Cl 3.5). A responsabilidade do crente quanto à santificação, é destacada pelo escritor aos Hebreus (Hb 12.14a), ao usar o termo “segui”, do grego dioko, que significa: “perseguir, pressionar, correr após, esforçar-se por”, (CHAMPLIN, 2002, p. 647). Sobretudo, a necessidade de uma vida santa é vista ao afirmar que: “[…] sem a santificação ninguém verá ao Senhor” (Hb 12.14b), ficando claro que os que se moldam às paixões da carne e do mundo, tornam-se reprováveis diante de Deus, não podendo estar em sua presença (Sl 15.1-5; 24.1-3; Mt 5.8; Gl 5.19-21; Ap 21.8; 22.14,15).
 
3. Instruem sobre o arrebatamento da Igreja.
Um dos assuntos recorrentes nas epístolas é sobre a vinda do Senhor; as cartas recomendam a preparação da Igreja enquanto noiva do cordeiro para o encontro com o Senhor. O apóstolo Paulo fez menção desse evento na missiva aos coríntios: “num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformado” (1Co 15.52). Escrevendo aos Tessalonicenses (1Ts 4.13-18), o apóstolo apresenta a sequência do arrebatamento: ) O Senhor descerá do céu; ) Os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; e ) Os salvos que estiverem vivos serão arrebatados. Portanto, o Arrebatamento da Igreja é o momento glorioso em que Jesus levará a Sua Igreja para junto de Si. Este ensino, da vinda iminente de Jesus Cristo, é relatado em várias passagens nas epístolas do Novo Testamento (1Co 1.7; 16.22, Fp 3.20; 4.5, 1Ts 1.10; 4.15-18; 5. 6; 1Tm 6.14; Tt 2.13; Hb 9.28; Tg 5.7-9; 1Pe 1.13; Jd 21).

V. AS EPÍSTOLAS AUXILIAM NA FORMAÇÃO DO CARÁTER CRISTÃO

1. As epístolas ressaltam o caráter cristão.
Esse tipo de caráter é implantado no crente por ocasião da regeneração. Este termo se origina da expressão grega “paliggenesia”, que significa: “novo nascimento, renovação, recriação” (Jo 3.5; 2Co 5.17; Tt 3.5). É por meio do novo nascimento que a imagem de Deus é restaurada no homem, o Espírito Santo passa a residir nele, produzindo as virtudes de Cristo, a medida que este se deixa conduzir pelo Espírito (Gl 5.22).
 
2. As epístolas ressaltam o Espírito Santo na formação do caráter cristão.
O Espírito de Deus ocupa-se da tarefa de nossa transformação espiritual, desde o convencimento do pecado (Jo 16.8), a regeneração (Jo 3.5; Tt 3.5), e a santificação (2Ts 2.13; 1Pd 1.2). O Espírito Santo é mencionado algumas vezes no AT como “Espírito” (Gn 1.2; Êx 31.3; 104.30; Is 44.3; 37.14); em outras passagens como Espírito Santo (Is 63.10,11; Sl 51.11). Já no NT, onde se dá especificamente a dispensação do Espírito, Ele é mais citado como “Espírito Santo”, o que destaca seu principal ministério na igreja: santificar o crente. Essa distinção de ofício do Espírito Santo no Antigo e NT é claramente percebida em 2Corintios 3.7,8. Segundo Champlin (2004, p. 649): “O Espírito Santo trabalha no caráter básico de todos nós, porém, o nosso próprio desenvolvimento, apressa ou retarda essa atuação do Espírito”.

3. As epístolas ressaltam a Palavra de Deus na formação do caráter cristão.
A Palavra de Deus tem a função de santificar o homem (Sl 119.9; Jo 15.3; 17.17). Paulo disse a Timóteo que: “toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm 3.16). Os símbolos da Palavra também aludem a sua capacidade de moldar o caráter humano, tais como: a) o fogo que derrete o ferro (Jr 23.29a); b) o martelo que esmiúça a pedra (Jr 23.29b); e, c) a tesoura que poda os ramos frutíferos (Jo 15.2).
 
 
CONCLUSÃO
As epístolas no período do Novo Testamento assumiram papel vital na disseminação dos ensinos apostólicos. Foi por meio delas que a Palavra de Deus com a mensagem de salvação alcançou vários povos. Além disso, os ensinos contidos nelas são usados para a formação do caráter cristão.
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  SHEDD, Russell. BÍBLIA SHEDD. VIDA NOVA.
Ø  CHAMPLIN, NORMAN. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
Ø  PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. CPAD.  

 

Por Rede Brasil de Comunicação.


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