Rm 6.1-11
INTRODUÇÃO
Nesta lição
aprenderemos sobre uma das principais ordenanças deixadas pelo Senhor Jesus à
sua Igreja, a saber: o batismo em águas; veremos o seu conceito bíblico e a sua
finalidade para a vida cristã; e por fim, confrontaremos à luz das Escrituras
as falsas concepções existentes sobre esta ordenança.
I.
DEFINIÇÃO DA PALAVRA ORDENANÇA
1. Definição.
Segundo Houaiss (2001,
p.2077), ordenança quer dizer: “ato ou efeito de ordenar, de organizar,
de dar arrumação a; ordenação, organização; ordem, lei ou decisão que provém de
autoridade”. Podemos definir ordenança como um rito externo ordenado
por Cristo para ser administrado na Igreja, como um sinal visível da verdade
salvadora da fé cristã (THIESSEN, p .303). Ordenança pode ser ainda entendido
como: “um rito simbólico que põe em destaques as verdades centrais da fé
cristã, e que é obrigação universal e pessoal” (THIESSEN apud STRONG, p.
303).
II.
DEFINIÇÃO E SIGNIFICADO DO BATISMO EM ÁGUAS
1. Definição do
termo batismo.
A expressão
batismo do grego: “baptisma” é usado para designar tanto o
batismo de João (At 1.5; 11.16; 19.4) como o batismo cristão (Mt 28.19). Tal
termo advém do verbo: “baptizo” que quer dizer: “imergir,
mergulhar, imersão”; usado primariamente entre os gregos significando o
ato de tingir roupa ou a ação de tirar água imergindo uma vasilha em outra
(VINE, p. 430).
2. O significado
do batismo em águas.
Na declaração de
Fé das Assembleias de Deus, sobre o batismo em águas encontramos: “Cremos,
professamos e ensinamos que o batismo em águas é uma ordenança de Cristo para
sua Igreja, dada por ordem específica do Senhor Jesus (Mt 28.19).
Reconhecemos esse ato como testemunho público da experiência anterior, o novo
nascimento, mediante a qual o crente participa espiritualmente da morte e da
ressurreição de Cristo” (Cl 2.12) (SOARES, 20107, p.127). Quando o
crente é imerso no batismo e seu corpo coberto pela água, simboliza que ele
morreu para a vida velha de pecados, e quando é levantado, está ressurgindo
para uma nova vida em Cristo (Rm 6.3-6). O cristão está testemunhando que
recebeu pela fé a Jesus como Senhor e Salvador de sua vida e se arrependeu de
seus pecados (At 2.38). Por isso batismo em água inclui o compromisso
permanente de virar as costas ao mundo e a tudo quanto é mau, e viver uma nova
vida no Espírito (Cl 2.6-8,12). O batismo em águas significa que a pessoa pertence
agora a Cristo e compartilha de sua vida, do seu Espírito e de sua filiação com
Deus (Rm 8.14-17).
3. Jesus e batismo
em águas.
Se o batismo era
uma confissão pública de arrependimento de pecados, e o Senhor Jesus não tinha
pecados para confessar, é de se deduzir que Ele não precisava se batizar. Eis
aí a razão pela qual João quis se recusar (Jo 1.14). Por qual razão, então,
Jesus se submeteu ao batismo? Vejamos:
A) Para cumprir
toda a justiça:
Como Jesus viera
sob a Lei (Gl 4.4), teria de dar exemplo de plena obediência à Lei diante da
nação israelita. Por esta razão Ele foi circuncidado (Lc 2.21); foi apresentado
no Templo e consagrado ao Senhor (Lc 2.22,23); aos doze anos, foi à Jerusalém,
para participar da Páscoa (Lc 2.41,42), e também se submeteu ao batismo (Mt 3.13-17;
Mc 1.9-11; Lc 3.21,22; Jo 1.32-34).
B) Para se
identificar com os pecadores:
Embora Jesus não
precisasse do arrependimento de pecado (1Pe 2.24), foi batizado como nosso
representante, assim também como nosso representante seria crucificado. Vejamos
o que a Bíblia nos diz: “E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado,
também o foi Jesus” (Lc 3.21). “Aquele que não conheceu pecado ele
o fez pecado por nós; para que fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co
5.21).
C) Para confirmar
e anunciar seu ministério:
Assim como o
batismo representa o fim de uma velha para uma nova vida, o batismo de Jesus
também representa o fim de uma vida normal, de um simples carpinteiro (Mt
13.55; Mc 6.3), para tornar-se um homem público, e dar início ao seu
ministério, com uma missão específica, sob o poder do Espírito Santo (Mt 4.23;
9.35). Isto porque não há registro algum que Ele tivesse pregado ou curado
antes desse período. Até então, Ele estava em Nazaré esperando a hora que o Pai
determinara para início do Seu ministério.
D) Para endossar a
autoridade de João:
Ao ser batizado
por João, Jesus queria endossar, também pelo exemplo, ser o Ministério de João
proveniente do Céu (Mt 21.25). Jesus estava demonstrando que reconhecia a
autoridade e missão de João Batista.
III. A IGREJA E A ORDENANÇA DO
BATISMO EM ÁGUAS
Jesus deixou claro
que seus discípulos deveriam além de ensinar, deveriam também batizar (Mt
28.19; 26.29), como ensina a Bíblia Sagrada. Vejamos:
1. O batismo como
uma ordenança.
Os discípulos
saíram e pregaram por toda a parte, batizando em cumprimento à ordem recebida
(Mc 16.16,20; At 2.41; 8.12; 10.47). Uma ordem dada pelo Senhor é realmente
para ser cumprida (SI 119.4), pois a desobediência significa rejeição do
conselho de Deus (Lc 7.29,30; Jo 14.21,23). Batizavam-se pessoas que se haviam
arrependido (At 2.38), pessoas que de bom grado recebiam a Palavra (At 2.41;
8.12), os que criam em Jesus (Mc 16.16; At 8.12,37; 18.8: 16.33,34), pessoas
que já eram discípulos (At 19.1-6). Observamos, assim, que não existe na Bíblia
nenhum exemplo de batismo de crianças recém-nascidas (BERGSTÉN, 2016,
p. 242).
A) O batismo por
imersão.
Os candidatos eram
imersos totalmente nas águas: “Desceram ambos à água, tanto Filipe como o
eunuco, e o batizou” (At 8.38). Sobre o batismo de Jesus, a Palavra
afirma que Ele, depois do seu batismo: “saiu logo da água” (Mt
3.16). Era costume realizarem os batismos em Enom: “porque havia ali
muitas águas” (Jo 3.23).
B) O batismo e a
forma trinitária.
O batismo era
sempre ministrado após a experiência da salvação, nunca antes. Ninguém era
batizado para ser salvo, mas porque já era salvo. Essa ordem de Jesus jamais
foi revogada, portanto, ninguém tem o direito de desprezá-la (Mt 5.18,19). O
batismo bíblico é: “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt
28.19). Assim, torna-se impossível afirmar, pelo que se lê em Atos 2.38; 8.16;
10.48 e 19.5, que os apóstolos batizavam apenas em nome de Jesus. Essas
passagens significam apenas que os discípulos batizavam autorizados por Jesus (BERGSTÉN,
2016, p. 243).
IV. FALSAS CONCEPÇÕES SOBRE O
BATISMO EM ÁGUAS
1. O batismo em
águas é condição para salvação.
Um dos grandes
erros no que diz respeito a finalidade do batismo em águas, é afirmar que ele
uma condição para a salvação. Os que defendem esse conceito, se reportam ao
texto da grande comissão registrado pelo Evangelista Marcos, quando menciona a
seguinte expressão: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo [...]” (Mc
16.15,16). Certamente, Jesus não está dizendo que o batismo é necessário para a
salvação, mas a pessoa que é salva deve ser batizada. É a rejeição de Cristo
que traz a condenação eterna. Jesus foi claro, quando disse: “Por isso,
quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o
Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo
3.36). Aquele que crê deve ser batizado e introduzido na comunhão da igreja. A
fé, porém, precede ao batismo. O batismo não faz o cristão, mas demonstra-o.
Uma pessoa pode ser salva sem o batismo, como o foi o ladrão que se arrependeu
na cruz, mas jamais alguém pode ser salvo sem crer em Jesus (Rm 10.9-13; Ef
2.8). É a descrença e não a ausência do batismo a razão da condenação:
“[...] mas quem não crer será condenado” (Mc 16.16). Nós somos
batizados porque já somos salvos e não para sermos salvos!
2. Crianças devem
ser submetidas ao batismo em águas.
Aqueles que
argumentam em prol do batismo infantil dizem ser o batismo o substituto da circuncisão,
que era feita quando os meninos israelitas tinham oito dias de idade.
Entretanto, quando o Novo Testamento aborda a questão, não diz: “Pois nem a
circuncisão é cousa alguma, nem a incircuncisão, mas o que vale é o batismo em
águas”, e sim, “o ser nova criatura” (Gl 6.15). Quando, mediante a
fé e arrependimento, estamos em Cristo, então somos novas criaturas (2Co 5.17).
Os infantes são incapazes de arrependimento, fé ou testemunho público da
salvação recebida. De fato, eles não têm consciência do pecado dos quais possam
se arrepender. Isso significa que as crianças que morrem antes da idade da
responsabilidade são salvas através da redenção por Cristo: “Mas Jesus,
chamando-as para si, disse: Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais,
porque dos tais é o Reino de Deus” (Lc 18.16). Esses fatos, portanto,
não deixam margem para o batismo infantil!
3. Não há
necessidade de ser batizado em águas.
Um outro erro
comum, é imaginar que pelo fato de ser a fé em Cristo o meio para a salvação,
dizem alguns: “não preciso ser batizado nas águas”. O que se constitui uma má
compressão sobre esta ordenança bíblica. O batismo por imersão é ordenado nas
Escrituras. Todos quantos se arrependem e creem em Cristo como Salvador e
Senhor, devem ser batizados. Assim fazendo, estarão declarando ao mundo que
morreram com Cristo e foram ressuscitados com Ele para andar em novidade de
vida (Mt 28.19; Mc 16.16; At 10.47,48; Rm 6.4).
CONCLUSÃO
Ser batizado nas
águas é uma das experiências mais marcantes para a vida cristã; embora não seja
uma condição para a salvação, todo aquele que é salvo naturalmente tem o desejo
de obedecer a tal ordenança.
REFERÊNCIAS
Ø BERGSTÉN,
E. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø SILVA,
Esequias Soares da (Org.). Declaração
de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
Ø GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática vol. 2, CPAD.
Ø MENZIES,
William,W. HORTON, Stanley M. Doutrinas
Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa Fé. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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