sábado, 10 de agosto de 2019

LIÇÃO 06 – A MORDOMIA DA ADORAÇÃO (SUBSÍDIO)


   


Jo 4.19-26 



INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição do termo adoração e seu conceito bíblico; pontuaremos o que é adoração segundo a Bíblia; veremos alguns elementos da verdadeira adoração; e por fim, elencaremos as características da genuína adoração.


I. DEFINIÇÃO DE ADORAÇÃO
1. Definição do termo.
A palavra portuguesa “adoração, adorar” é derivada do latim: “adoratione, adorare” que significa: “ato de adorar, reverenciar com muito respeito, render culto, reconhecimento outorgado ou devido a alguém, prestar homenagem ou respeito” (TENNEY, pp. 101,102). Uma das palavras usadas no AT relacionada a adoração, é o termo hebraico “shahâ” traduzido por: “prostrar-se, curvar-se ou inclinar-se”, refere-se ao ato de um indivíduo inclinar-se diante de uma autoridade (Gn 18.2,7; 19.1; 37.5,7,8; Êx 34.8; Rt 2.10; 1 Sm 24.8), nesses casos, o ato de inclinar-se é um sinal de respeito e honra e não adoração no sentido de culto. Quando “shahâ” se refere à adoração que é oferecida a Deus, pode indicar um ato individual ou coletivo (Gn 22.5; Jó 1.20; Sl 29.2), e sua tradução literal seria: “beijar a mão ou o chão diante de”. O fato de que esta palavra ocorre mais de 170 vezes na no AT mostra sua importância (VINE, 2002. p. 31). Essa palavra também quer dizer: “veneração elevada que se presta a Deus, reconhecendo-lhe a soberania sobre o universo” (ANDRADE, 2006, p. 33).

2. Conceito bíblico.
Adoração em seu sentido bíblico é a expressão máxima de obediência e reverência ao Senhor. É o ato de reverenciar e obedecer a Deus (VINE, 2002, p. 31). O verbo grego empregado no NT é “proskyneo” e significa: “homenagear e reverenciar”. É o reconhecimento direto a Deus, da sua natureza, atributos, caminhos e reivindicações, quer pela saída do coração em louvores e ações de graças, quer por ações feitas em tal reconhecimento (VINE, 2002, p. 375). No mundo religioso, o termo adoração, é usado para a “devoção reverente, serviço ou honra prestada a Deus, quer pública quer individual” (Gn 24.26; 2 Sm 12.20; Sl 66.4) (DYRNESS, apud JONES, pp. 269,270). A rigor, segundo as Escrituras, o adorador não é, necessariamente, um músico ou cantor, mas um servo do Senhor, que reconhece, ao mesmo tempo, a sua própria pequenez e a grandeza do Todo-poderoso (Jn 1.9; At 16.14).


II. O QUE É ADORAÇÃO SEGUNDO A BÍBLIA
1. Adorar é um ato de rendição a Deus.
Nas línguas bíblicas, o sentido do termo adoração é “chegar-se a Deus de modo reverente, submisso e agradecido, a fim de glorificá-lo”. Adorar é um ato de total rendição, gratidão e exaltação jubilosa a Deus (Sl 95.6; 2 Cr 29.30; Mt 2.11). É o Espírito Santo que habilita o crente a adorar com profundidade e temor a Deus (Jo 4.23,24; Ef 5.18,19; 1 Co 14.15; At 10.46; Fp 3.3).

2. Adorar é um ato de serviço a Deus.
O servir a Deus tem relação direta com o adorá-lo (Mt 4.10; Ap 2.19). O serviço que fazemos para Deus por amor e gratidão é uma forma de adoração. Em 2 Coríntios 9.12, a palavra adoração é traduzida por “serviço”. A oferta apresentada como gratidão a Deus, para o sustento de sua obra, é um ato de adoração (2 Co 9.7-12). O termo também é empregado em Filipenses 2.17,30, descrevendo o “serviço da fé”, isto é, o esforço pessoal empreendido pelo servo de Cristo a favor de sua obra. Portanto, essa palavra tem uma relação direta com o culto que fazemos a Deus, seja no serviço da adoração, contribuição financeira ou realização da obra do Senhor (Mt 4.10; Jo 16.2; Hb 9.9; Ap 2.19).

3. Adorar é um ato de reverência a Deus.
Deus é infinitamente sublime em majestade, poder, santidade, bondade, amor e glória. Por isso, devemos adorá-lo e servi-lo com toda reverência, fervor, zelo, sinceridade e dedicação (Hb 12.28,29). Portanto, adoração e reverência são elementos inseparáveis em nosso culto a Deus. Adorar é também exaltar e reconhecer que Deus é o Senhor, Criador de todas as coisas (Sl 95.3-6). O apóstolo Paulo nos ensinou a louvarmos com cânticos espirituais (Cl 3.16). Louvar a Deus com uma vida que não esteja em acordo com a sua Palavra é o mesmo que oferecer fogo estranho ao Senhor.

4. Adorar é um ato de experiência interior.
E sendo Deus infinito, há muitas maneiras de adorá-lo (Sl 95.6,7). A adoração a Deus, no qual vivemos, nos movemos e existimos, é, acima de tudo, uma atitude interior do ser humano, imagem e semelhança do Criador (At 17.28). Faz parte da estrutura espiritual de quem crê, teme, ama e serve ao Eterno, a necessidade interior de adorá-lo (Ef 1.6,12,14). A experiência pessoal na adoração é algo que flui do coração grato (Ne 12.43).


III. ELEMENTOS DA ADORAÇÃO
1. A oração é um elemento da adoração.
A oração é um princípio de adoração e comunhão constante com o Senhor que necessitamos para sermos vitoriosos e mantermos seguros que Ele nos escuta sempre (Sl 3.4; 30.8; 120.1; Jn 2.2; Mt 6.6; 1Jo 5.14). O crente deve estar confiante que Deus se importa com ele e sente profundamente as suas aflições (Sl 34.18; Is 57.15). A Bíblia nos exorta a adorarmos a Deus apresentando nossas queixas e ansiedades através da oração a fim de repousarmos nEle (Sl 4.1; 18.6; Fp 4.6; 1Pd 5.7).

2. O louvor é um elemento da adoração.
O verbo louvar deriva-se de “laudare” em latim, que é uma declinação do verbo “laudo”. Segundo o dicionário, laudo é um parecer ou documento descrevendo uma decisão. Quando louvamos alguém estamos dando um parecer de que aquele alguém merece ser elogiado. Nosso Criador espera que reconheçamos a grandeza dos seus feitos e entreguemos a Ele o nosso laudo de louvor (Êx 15.11; Lv 22.29). No Evangelho de Lucas encontramos importantes cânticos como: a) O cântico de Maria “magnificat” (Lc 1.46-55); b) O cântico de Zacaria “benedictus” (Lc 1.68-79); c) O cântico dos anjos “Glória in excelsis Deo” (Lc 2.13,14); e, d) O cântico de Simeão “nunc dimittis” (Lc 2.29-32). O louvor é a expressão, a verbalização, a exteriorização, do que pensamos e sentimos acerca do Senhor (Sl 108.1). O louvor não se limita ao cântico, mas abarca tudo o que há em nós (Sl 103.1,2; 149.1) (WIERSBE 2010, pp. 226-227).

3. A confissão de pecados é um elemento da adoração.
A Igreja tem um papel relevante no que diz respeito à obra redentora de Jesus. A Igreja não salva, mas é através dela que a salvação é difundida e recebida através da confissão de pecados e arrependimento sincero. O crente, que foi salvo da condenação do pecado, deve aqui viver em santidade prática, liberto do poder do pecado, e vencedor por Cristo, mediante a fé (Hb 11.17-39). 3.4 A pregação da Palavra é um elemento da adoração. Em toda a Bíblia e principalmente no livro dos Salmos encontramos belos hinos de adoração a Deus (Êx 15.1-19; Is 6.3; 12.1-6; Sl 23; 91; 139; Rm 11.33-36; Fp 2.6-11; 1Tm 3.16; Ap 4.8; 5.9,10). Na adoração e ministração da Palavra de Deus, a ignomínia do pecado é revelada e a necessidade de salvação é demonstrada (Sl 51.10-12,17; 32.5-7). O homem sob o poder do pecado não é capaz de avaliar o perigo eterno que aguarda aquele que é escravo do pecado. Mas, uma vez remido e salvo do pecado, o crente deseja adorar ao Senhor que o salvou (Sl 32.1,2; 34.15-22).


IV. CARACTERÍSTICAS DA VERDADEIRA ADORAÇÃO
1. A verdadeira adoração é teocêntrica.
O verdadeiro louvor não pode ser antropocêntrico (homem no centro), mas teocêntrico (Deus no centro). Como a Bíblia nos ensina a verdadeira adoração é teocêntrica (2Cr 20.3,4,18,19,21; Mt 4.10), pois ela prioriza Deus e não as nossas necessidades (Jó 1.20-22; Mt 15.25). De acordo com o AT, a adoração tem uma característica marcante que é a prostração reverente diante do Senhor (Gn 24.26; Êx 12.27; 34.8,9; 2 Cr 20.18; 29.29; Ne 8.6; Jó 1.20: Sl 95.6). Essa mesma característica distintiva, a prostração referente, é reafirmada no NT (Mt 2.11; At 10.45; 1Co 14.25; Ap 1.17). Até no céu a marca da verdadeira adoração permanece (Ap 4.10; 5.14; 7.11; 19.4). Deus convida-nos a adorá-lo, reconhecê-lo como único Senhor (Sl 29.2; 150.6; Is 55.6). Logo, a adoração concentra-se em Deus e não no homem ou qualquer outro ser (Is 42.8; Mt 4.10; Ap 19.10; 22.9).

2. A verdadeira adoração é cristocêntrica.
A adoração ao Pai está centrada na pessoa bendita de Jesus Cristo. Nesse sentido, não é o ritualismo ou o simbolismo que pauta a adoração, mas a pessoa de Jesus. Ele é o centro. Ele é o tudo. Ele é o nosso Salvador. O louvor para o cristão só terá um verdadeiro sentido se este for endereçado a Cristo, não existe outro que tenha esta preeminência. O louvor cristocêntrico é aquele que reconhece em Cristo Jesus o centro da adoração. O Senhor Jesus revelou ao apóstolo João que o conteúdo da adoração deve ser cristocêntrico (Ap 4.8,11; 5.9,12-14; 7.12; 19.1). Em Filipenses 3.17 o apóstolo “Paulo trata agora de motivações; seja em ação, seja por palavras, tudo precisa ser feito em nome de Cristo, com atitude”. Quando Cristo é o centro de nossa adoração o louvor é utilizado para expressar exatamente isto. A Igreja primitiva aprendeu logo cedo a exaltá-lo, e usar o momento de louvor no culto para evidenciar a soberania de Cristo (BRUCE, 2010, p. 2026).

3. A verdadeira adoração é ultracircunstancial.
A verdadeira adoração vem do coração, não é só um ato exterior. A adoração ao Senhor deve brotar de um coração pronto e agradecido (Sl 57.7) que não adora apenas nos momentos de abundância e felicidade, mas também nas horas de escassez e tristeza (At 16.25; Fp. 4.12,13; Hb 3.17). A adoração genuína é ultracircunstancial (2Cr 20.2,12,15; Hc 3.17,18); ou seja, não se limita às circunstâncias favoráveis. A adoração ultracircunstancial é um estado de consciência onde se reconhece simultaneamente a grandiosidade de Deus e a efemeridade da condição humana (Jo 4.23). É a busca insaciável por mais da pessoa de Deus, sem nenhum interesse alheio a esse fim. Não é fácil esquecer-se das lutas e dificuldades que enfrentamos no nosso dia a dia, em que muitas delas são embates tenebrosos contra o inimigo. Porém, crente que confia e obedece ao Senhor aproveita estes momentos difíceis para adorar ao Senhor em gratidão pelos grandes livramentos alcançados (Sl 18.3).

4. A verdadeira adoração é desinteressada.
A verdadeira adoração deve partir do nosso desejo de fazer tudo para que Deus seja glorificado (Sl 103.1-2). Uma das verdades mais impressionantes que encontramos na Bíblia é que Deus procura os verdadeiros adoradores (Jo 4.23), pois, existem aqueles que o adoram desinteressadamente, na maioria das vezes estão em busca de algo de Deus e não em busca da presença de Deus. Muitos cantam, mas não louvam nem adoram ao Senhor (Am 5.23; Is 29.13). Adoração não deve ser mecanizada, ela deve ser do mais íntimo do coração. Adoração que não é sincera não é adoração. só ritual sem valor (Jo 4.23). A adoração se inicia no coração. É o amor a Deus expressado em louvor e agradecimento. Adoração não é um sentimento sem expressão ou uma formalidade vazia (Is 29.13; Mc 7.6,7).


CONCLUSÃO
Na mordomia da adoração precisamos saber que Deus não vê apenas o gesto exterior como expressão de louvor, mas também a motivação do coração (1 Sm 16.7). Com base no Antigo e no Novo Testamento, a adoração é a veneração elevada que se presta ao Deus único e Criador.




REFERÊNCIAS
Ø  CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. SP: HAGNOS. 2002.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD. 1997.
Ø  JONES, Landon. O Deus de Israel. Na teologia do Antigo Testamento. SP: HAGNOS. 2018.
Ø  VINE, W. E.; UNGER, Merril F.; WHITE JR., William. Dicionário Vine. RJ: CPAD, 2007.
Ø  JEREMIAH, D. O desejo do meu coração. RJ: CPAD, 2006.
Ø  WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. vol. 5. SP: GEOGRÁFICA, 2010.
Ø  BRUCE, F.F. Comentário Bíblico NVI. SP: VIDA, 2010.



Por Rede Brasil de Comunicação.




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