Êx 25.10-22
INTRODUÇÃO
Nesta lição
estudaremos sobre o mais importante móvel do Tabernáculo, a arca da aliança;
veremos algumas considerações a respeito desse utensílio; notaremos também,
alguns elementos relacionados a arca; e por fim, pontuaremos a sua simbologia à
luz das Escrituras.
I. CONSIDERAÇÕES
GERAIS SOBRE A ARCA DA ALIANÇA
1. O significado do termo.
A Bíblia emprega
para a arca a palavra hebraica: “aron”, que significa: “baú,
caixa, cofre ou arca”. Como podemos compreender pelo significado da
palavra, a arca era destinada a guardar intacto o que é posto dentro dela (Gn
50.26; 2Rs 12.9,10). Há aproximadamente 185 referências à arca no Antigo
Testamento, há mais referências sobre esse móvel do que sobre qualquer outra
peça do santuário. A primeira referência à arca aparece em Êxodo 25.10 e a
última menção a ela no Antigo Testamento se encontra em Jeremias 3.14-16. A
última referência a respeito da arca na Bíblia está em Apocalipse 11.19, onde a
verdadeira “arca da sua aliança” é vista no céu, uma vez que os móveis do
Tabernáculo terrestre, eram figuras do celeste (Hb 9.1,11,23) (CONNER, 2015, p.
30 – acréscimo nosso).
2. Descrição.
Há de se
considerar que a arca da aliança era o objeto mais importante do Tabernáculo.
Ela era também chamada de: “arca do Testemunho” (Êx 25.22), “arca
do SENHOR” (1Sm 4.6), a “arca de Deus” (1Sm 3.3), “arca
do concerto do SENHOR” (Dt 10.8), “a arca sagrada” (2 Cr 35.3). Quanto
ao seu material, assim como outros móveis, a arca era feita de madeira de
acácia (cetim), revestida de ouro puro por dentro e por fora (Êx 37.1,2). Suas
dimensões também são especificadas por Deus a Moisés, tendo ela de comprimento
dois côvados e meio (1,25 metros), de largura um côvado e meio
(75 centímetros), e de altura também um côvado e meio (75
centímetros), formando um recipiente de formato retangular (Êx
25.10,11; 37.1,2).
3. Localização no Tabernáculo.
A arca foi o
primeiro móvel a ser introduzido no Tabernáculo quando ele foi erguido (Êx
40.3). A arca da aliança estava posicionada na parte interna do Tabernáculo
depois do segundo véu, no ambiente denominado de “lugar santíssimo” ou “o santo
dos santos” (Êx 25.10-11; 40.3,21; Hb 9.3,4). “Pendurarás o véu debaixo dos
colchetes e meterás a arca do Testemunho ali dentro do véu; e este véu
vos fará separação entre o santuário e o lugar santíssimo” (Êx 26.33).
4. Como deveria ser transportada.
Além do detalhe
da coroa de ouro que estava ao redor da arca ou seja, uma moldura (Êx 25.11),
havia nos quatro cantos da arca argolas de ouro (Êx 25.12). Por estas argolas,
colocavam-se varais de madeira de acácia que eram revestidas de ouro (Êx 25.13)
e que serviam para carregar a arca (Êx 25.14). As varas, ou bastões, nunca
deveriam ser removidas (Êx 25.15), pois assim se evitava a necessidade de
tocá-la. A arca quando transportada deveria ser coberta com o véu da tenda,
revestida com peles de texugo e um pano azul (Nm 4.4-6), sendo coberta por Arão
e seus filhos (Nm 4.5), e estava a encargo dos levitas filhos de Coate fazerem
o seu transporte (Nm 4.1-3,15; 7.9).
II. ELEMENTOS
PERTENCENTES A ARCA DA ALIANÇA
1. Propiciatório.
Para cobertura
da arca foi fabricado o que é chamado de: “propiciatório”, tradução de “kaporeth”
que quer dizer: “lugar de expiação, de reconciliação ou seja, o lugar onde Deus se
mostrava propício ao homem”. Sendo feito de ouro puro, e medindo dois
côvados e meio de comprimento (1,25 metros) e de largura
um côvado e meio (0,75 centímetros) (Êx 25.17). O propiciatório provia
tanto uma tampa para a arca como também era o lugar onde o sangue do sacrifício
anual era aspergido. Ali era o lugar onde, por meio de sangue, os pecados de
Israel eram cobertos, ou seja, expiados (Lv 16.2,13-15). Nos extremos opostos
do propiciatório, dois querubins foram moldados de ouro batido (sólido),
constituindo uma só peça com a tampa, sendo que as suas asas estendidas deviam
cobrir a tampa da arca e as suas faces deviam estar voltadas para o
propiciatório (Êx 25.18-20). Entretanto, devemos lembrar que sob nenhuma
hipótese os querubins eram adorados ou venerados, ali estavam como os guardiões
simbólicos do recinto sagrado, algo relacionado a sua função à luz da
Bíblia (Gn 3.24; Ez 28.14).
2. As tábuas da lei.
O Senhor
orientou a Moisés que dentro da arca deveria estar o “testemunho” do hebraico “eduth”
(Êx 25.16,21; 40.20; Dt 10.5), o que devemos entender que eram as duas tábuas
da lei (Êx 24.12). Os povos antigos depositavam seus ídolos em caixas que
consideravam sagradas, mas Israel guardara na arca a Palavra do Senhor. Essa
lei era o testemunho da santidade de Deus e contra o pecado (Dt 31.25). Por
essa razão veio a ser conhecida como arca da aliança por causa da presença das
duas tábuas da lei, ali guardadas (Êx 25,22; 26,34; 30.6,26; Nm 4.4; 7.89; Js
4.16) (CHAMPLIN, p. 417). Como as tábuas da Lei representavam a vontade de Deus
para com o povo de Israel; assim sendo, as duas tábuas da Lei apontam para
aquEle que foi o único a cumprir perfeitamente a lei do Pai, isto é, a vontade
do Pai (Jo 5.30; 6.38; 8.29). Por essa causa, toda a condenação que havia
anteriormente na Lei foi lançada sobre Jesus Cristo (Jo 5.22). Toda a Lei foi perfeita e completamente
cumprida Nele: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar,
mas cumprir” (Mt 5.17); como Paulo afirma: “Porque o fim da lei é Cristo
para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). Só Ele poderia cumprir a Lei,
pois ela estava em seu coração (Sl 40.7,8).
3. Um vaso de ouro com maná.
Não menos
importante nos é dito que, na arca continha também um vaso com maná dentro dele
(Êx 16.33,34). Quando foi feito o Tabernáculo, a natureza desse vaso onde se
armazenava o maná não foi revelado. Mas na epístola aos hebreus, o autor
sagrado faz esta grande revelação de uma urna de ouro (Hb 9.4). Literalmente,
maná era o pão vindo do céu que serviu de alimento para o povo de Israel, no
deserto, por 40 anos (Êx 16.35). O termo maná em hebraico é “man”,
significa: “o que é isso?”, recebeu esse nome por causa da reação das
pessoas quando o viram pela primeira vez, tinha um gosto característico de
azeite (Nm 11.7-9), e caía do céu durante a noite como o orvalho (Êx 16.4; Sl
78.23-25). Era branco, de formato arredondado e doce como mel para o paladar
(Êx 16.31). Espiritualmente o maná simboliza a natureza, o caráter e a provisão
do Senhor Jesus Cristo como o pão da vida: Como Ele próprio afirmou: “Na
verdade, na verdade vos digo que Moisés não vos deu o pão do céu, mas meu
Pai vos dá o verdadeiro pão do céu […] Eu sou o pão da vida; aquele
que vem a mim não terá fome […]” (Jo 6.32,35), o pão vivo que desceu do
céu: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer desse pão,
viverá para sempre [...]” (Jo 6.51).
4. A vara que floresceu.
Esse elemento
dentro da arca, relembrava um dos eventos mais importantes dos quarenta anos de
peregrinação de Israel pelo deserto. A vara de Arão floresceu para vindicar a
autoridade que recebera de Deus para ser o sumo sacerdote (Nm 17.8) e para
servir de contínua afirmação da instituição ordenada por Deus, em contra
distinção às pretensões espirituais espúrias (Nm 17.10). Assim como o fato da
vara de Arão ter brotado atestava que ele era o escolhido de Deus, ou o ungido
de Deus e sumo sacerdote designado por Deus em Israel, a ressurreição de Jesus
Cristo dentre os mortos atesta seu sacerdócio eterno, segundo a ordem de
Melquisedeque (Hb 7.24,25; 5.1-14; Jo 11.25; 14-1-6; Rm 1.1-4). Jesus nosso grande
sumo sacerdote, o único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5,6) ressurgiu
dos mortos (1 Co 15.4).
III. A SIMBOLOGIA
DA ARCA DA ALIANÇA
1. A presença de Deus.
Com toda a
certeza a arca aponta tipologicamente para a presença de Deus com o seu povo: “E ali
virei a ti e falarei contigo de cima do propiciatório, do meio
dos dois querubins (que estão sobre a arca do Testemunho), tudo o que eu te
ordenar para os filhos de Israel” (Êx 25.22), de modo que ela era
considerada como um trono de Deus (1 Sm 4.4; 2 Sm 6.2; Jr 3.16). A arca era um símbolo visível da
presença de Deus como lugar de encontro no mais íntimo santuário, onde o Senhor
revelava Sua vontade aos seus servos (Êx 30.36; Lv 16.2; Js 7.6). Assim sendo,
servia como símbolo da presença divina orientadora entre o seu povo (Nm
10.33-35; Js 3.3-14).
2. A dupla natureza de Cristo.
A arca era feita
de madeira de cetim revestida de ouro por dentro e por fora. Ela tipificava a
Cristo e suas duas naturezas: “a divina e a humana”. Por ser feita
de madeira de acácia, boa parte dos expositores bíblicos, veem nisso a
humanidade de Cristo tipificada. A madeira usada era de uma espécie vegetal
típica do deserto, é um tipo apropriado de Cristo em Sua humanidade, como raiz
que brota de uma terra seca (Is 53.2). Em meio aos desertos desta vida, de
corrupção e maldade, Ele permaneceu incorruptível, puro e irrepreensível em sua
natureza e caráter (Sl 16.10; Lc 1.35; 1 Pe 1.23; 1 Jo 3.5) (CHAMPLIN, 2001, p.
417). Ao ser revestida de ouro se indica um símbolo da deidade de Cristo, o
aspecto mais preciso e esplêndido de Sua pessoa (Fp 2.5,6; Cl 1.15,19; 2.9; Hb
1.1-4).
3. A reconciliação do homem com Deus.
Uma vez por ano,
no dia da expiação, o sangue de um animal era aspergido sobre o propiciatório
de ouro (Lv 16.14). Isso significava que a justa sentença da lei havia sido
executada, transformando o assento do julgamento em um assento de misericórdia
(Hb 9.11-15). A tampa da arca era um trono de misericórdia, pois a palavra propiciatório significa: “onde Deus nos é propício, nos é favorável”.
Isso também denotava que o homem havia sido reconciliado com Deus. Portanto, o
propiciatório, era uma figura de Cristo crucificado, o ponto de
encontro entre Deus e o homem. Sendo assim, a obra de Cristo foi a nossa
propiciação por meio da qual a justiça de Deus foi satisfeita para sempre (1 Jo
4.10). Como afirma o apóstolo João: “Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e
não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1
Jo 2.2).
CONCLUSÃO
Considerados em
seu conjunto, a Arca e o Propiciatório constituem uma admirável figura do
Senhor Jesus Cristo em sua adorável pessoa e em sua perfeita obra.
REFERÊNCIAS
Ø ALMEIDA,
Abraão de. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD, 2009.
Ø CHAMPLIN,
R. N. Comentário versículo por versículo. HAGNOS, 2001.
Ø CONNER,
Kevin J. Os segredos do Tabernáculo de Moisés. (Trad. Célia Chazanas).
ATOS, 2004.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1995.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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