segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

LIÇÃO 02 – A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA

 
 
 
 
 
2Tm 3.14-17; 2Pe 1.19-21
 
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição afirmaremos a doutrina da inspiração da Bíblia, à luz da própria Escritura, da Teologia Cristã e da Declaração de fé das Assembleias de Deus; abordaremos a inspiração verbal e plenária; traçaremos a diferença entre revelação e inspiração e como seu deu o processo de inspiração nos escritores bíblicos; por fim, concluiremos falando sobre os ataques a inspiração da Bíblia pela Teologia Liberal e o que a ortodoxia cristã diz sobre o texto sagrado.
 
 
I. A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA
1. A Bíblia alega ser um livro inspirado.
A Bíblia alega ser um livro de Deus e ter uma mensagem com autoridade divina. Pedro disse que os autores foram impelidos pelo Espírito Santo: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram, inspirados pelo Espírito Santo” (2Pe 1.21). Paulo de igual forma diz que: “Toda a Escritura é divinamente inspirada [...]” (2Tm 3.16). A palavra grega para o termo “inspirada” é “theopneustos”, e significa literalmente “soprada por Deus”. A Bíblia declara ser a Palavra de Deus (Mt 15.6; 1Pe 1.23; Hb 4.12).
 
2. A teologia cristã afirma a inspiração divina da Bíblia.
Segundo Claudionor Corrêa de Andrade: “a inspiração é a ação sobrenatural do Espírito sobre os escritores sagrados, que os levou a produzir de maneira inerrante, infalível, única e sobrenatural, a Palavra de Deus – a Bíblia Sagrada. A inspiração da Bíblia é singular; foi um milagre único - sem antecedente ou sucedâneo. Além da Bíblia, nenhum outro livro foi produzido de igual forma” (2006, p. 231).
 
3. A declaração de fé das Assembleias de Deus assevera a inspiração da Bíblia.
“Cremos, professamos e ensinamos que a Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus, única revelação escrita de Deus dada pelo Espírito Santo, escrita para a humanidade e que o Senhor Jesus Cristo chamou as Escrituras Sagradas de a “Palavra de Deus”; que os livros da Bíblia foram produzidos sob inspiração divina: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil” (2Tm 3.16 – ARA). Isso significa que toda a Escritura foi respirada ou soprada por Deus, o que a distingue de qualquer outra literatura, manifestando, assim, o seu caráter sui generis” (SOARES, 2017, p. 18 - grifo nosso).
 
 
II. INSPIRAÇÃO VERBAL E PLENÁRIA
A Escritura nos assegura ser em sua totalidade produto da inspiração divina. Vejamos a extensão da inspiração:
 
1. Inspiração Verbal.
A expressão “inspiração verbal” significa dizer que todo o registro escriturístico é inspirado pelo Espírito Santo. As próprias Escrituras afirmam ser inspiradas no todo, em partes, em palavras e em cada letra:
  • Inspiração do todo (Mt 5.17; 2Tm 3.16);
  • Inspiração de partes (Jo 12.14-16);
  • Inspiração das palavras (Mt 4.4); e,
  • Inspiração de cada letra (Mt 5.18).
 
2. Inspiração Plenária.
A inspiração da Bíblia não é somente verbal, mas também plena, isto é, ela se estende a todas as partes das palavras e a tudo o que elas ensinam ou implicam. Paulo declarou que: “toda a Escritura é divinamente inspirada (2Tm 3.16)”, e não algumas partes dela; e Pedro declarou que “nenhuma profecia da Escritura” veio da parte de homens, mas todas têm a sua: origem em Deus (2Pe 1.20,21). Embora tanto Paulo como Pedro nos textos acima referidos estejam falando da inspiração do cânon do AT, essa inspiração se estendeu também para o cânon do Novo Testamento, como afirmou Jesus que o Espírito Santo faria os discípulos lembrarem de suas palavras (Jo 14.26). Paulo diz que seus ensinos são palavra do Senhor (1Ts 4). Pedro disse que os ensinos de Paulo eram parte das Escrituras (2Pe 3.15,16). Assim, a frase “Toda Escritura é inspirada por Deus” se refere à Bíblia inteira, aos seus 66 livros. “A inspiração da Bíblia é especial e única, não existindo um livro mais inspirado e outro menos inspirado, tendo todos o mesmo grau de inspiração e autoridade” (SOARES, 2017, p. 15).
 

III. DIFERENÇA ENTRE REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO
A Bíblia é toda inspirada, mas não é toda revelada. Alguns escritores transmitiram por escrito o que receberam diretamente de Deus (Êx 34.27; Ap 1.11); outros, como Lucas, por exemplo, transmitiu relatos que coletou com as testemunhas oculares (Lc 1.1-4). Isto significa dizer que: “revelação é a comunicação de verdade que não pode ser de outro modo descoberta; inspiração está relacionada ao registro da verdade” (THIESSEN, 1986, p. 65). Assim a revelação pode ser entendida como uma ação vertical e a inspiração, uma questão horizontal “(ERICKSSON, sd, p. 68).
 
 
IV. COMO SE DEU A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA NOS ESCRITORES
Apesar de a Bíblia alegar ser a Palavra de Deus, ela também é as palavras de seres humanos (2Pe 1.21). A nossa declaração de fé assevera que: “Deus soprou nos escritores sagrados, os quais viveram numa região e numa época da história e cuja cultura influenciou na composição do texto. Esses homens não foram usados automaticamente; eles foram instrumentos usados por Deus, cada um com sua própria personalidade e talento”. Segundo Soares (2017, p. 10), “a inspiração verbal não eliminou a individualidade de cada autor humano. Qualquer leitor da Bíblia consegue ver sem muito esforço a diferença de linguagem e de estilo em cada livro. Essa diversidade se revela ao comparar um profeta com outro profeta do Antigo Testamento, ou um apóstolo com outro apóstolo do Novo Testamento. Quem ler os profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oseias, Amós ou os apóstolos Pedro, João e Paulo pode observar com clareza meridiana a peculiaridade na estrutura de raciocínio de cada um deles, no seu grau de instrução, no seu convívio, no seu gênio e contexto sociopolítico e religioso. Assim, a Bíblia revela o aspecto natural da individualidade e o aspecto sobrenatural da inspiração”.
 
 
V. OS ATAQUES A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA
Durante a história da igreja, sempre surgiram aqueles que quiseram colocar em dúvida a inspiração da Bíblia. No século dezoito, por exemplo, surgiu a Teologia Liberal ou Liberalismo Teológico que segundo Andrade (2006, pp. 253,254) foi um “movimento iniciado no século XIX na Europa e nos Estados Unidos, que tinha como objetivo extirpar da Bíblia todo elemento sobrenatural, submetendo as Escrituras ao crivo da crítica científica e humanista. O principal instrumento do liberalismo teológico não é a revelação: é a especulação”. Sobre a Bíblia o liberalismo também chamado de neo-ortodoxia prega que:
 
1. A Bíblia contém a Palavra de Deus.
De acordo com o pensamento liberal Jesus é a Palavra de Deus e a Bíblia é simplesmente a interpretação do homem das ações da Palavra. Assim, a Bíblia não é inspirada por Deus, mas apenas contém e, sendo um documento puramente humano, várias partes dela podem não ser literalmente verdadeiras.
 
2. A Bíblia torna-se a Palavra de Deus.
Para a neo-ortodoxia a Bíblia não é a Palavra de Deus, somente Cristo o é. Dizem que a Bíblia deve ser respeitada, pois as Escrituras Sagradas podem se tornar a Palavra de Deus a partir do momento, que Cristo fale conosco por seu intermédio. Logo ela não é a Palavra de Deus no sentido objetivo, mas subjetivo.
 
 
VI. A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS
Para a ortodoxia, a Bíblia é a Palavra de Deus (2Tm 3.16; 2Pe 1.21). No entanto, ela foi escrita por autores humanos, em idiomas humanos, com estilos literários humanos. Diante disto precisamos evitar dois extremos: a) por um lado, a negação ou diminuição das suas características divinas pela afirmação dos seus traços humanos; e, b) por outro lado, a afirmação exagerada de suas propriedades divinas pela negação ou diminuição dos seus elementos humanos. Tanto Jesus quanto os apóstolos afirmaram que a Bíblia é a Palavra de Deus.


CONCLUSÃO
A Bíblia é a inspirada Palavra de Deus. Sua origem é divina, ou seja, veio na vertical, mas sua transmissão se deu por canais humanos, na horizontal. Apesar de todos os ataques que tentam descredibilizar, temos evidências sobradas de sua inspiração verbal e plenária, confirmada por Jesus e pelos apóstolos. 
 
 
 
 REFERÊNCIAS
ü  ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário Teológico. CPAD.
ü  CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
ü  ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. VIDA NOVA.
ü  GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética: respostas aos críticos da fé cristã. VIDA.
ü  GEISLER, Norman. Teologia Sistemática, vol. 01. CPAD.
ü  SILVA, Esequias Soares da (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
ü  SILVA, Esequias Soares da. A razão da nossa fé: Assim cremos, assim vivemos. CPAD.
ü  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
ü  THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. EBR.
 

Por Rede Brasil de Comunicação.
 
 

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