quinta-feira, 9 de novembro de 2023

LIÇÃO 07 – A RESPONSABILIDADE DA IGREJA COM OS MISSIONÁRIOS

 
 
 


1Co 9.9-14 
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos sobre a Igreja e o cuidado com o sustento do missionário; notaremos sobre o cuidado com a vida e a família dos missionários; analisaremos sobre a igreja e o cuidado com o missionário em sua chegado ao campo missionário; e por fim, falaremos sobre o cuidado com o missionário em seu retorno do campo missionário.
 
 
I. A IGREJA E O CUIDADO COM O SUSTENTO DO MISSIONÁRIO
A Bíblia ensina-nos que os que se dedicam à proclamação da Palavra de Deus, sendo reconhecidos pela Igreja, devem ser sustentados pela mesma (G1 6.6; Rm 15.25-28; 1Tm 5.18; 1Co 9.9-14). O sustento financeiro de missões é uma responsabilidade básica e contínua das igrejas em todo lugar (GABY, 2023, p. 68). Nunca devemos esquecer que: “a Igreja local deve ser cúmplice dos missionários que envia, em todas as áreas, inclusive na financeira” (MELLO, 2014, p. 55). Ela precisa entender que ao comissionar alguém para qualquer tarefa que seja, estará de alguma forma indo junto com ele. Notemos:
 
1. O missionário deve ser sustentado pela igreja.
Embora Paulo renunciasse ao sustento que deveria receber da igreja por “direito” (1Co 9.6). Ele não reprova tal ação, muito pelo contrário, ele ensinou as igrejas por onde passou sobre a responsabilidade de dar sustento aos obreiros que vivem exclusivamente para a obra (1Co 9.6-12). Paulo cita o exemplo do agricultor que é o primeiro que experimenta dos frutos, e do criador de gado que se alimenta do seu leite (1Co 9.7). Na visão paulina não é diferente no âmbito espiritual, pois o sacerdote da antiga aliança que ministrava no altar dele também se alimentava (1Co 9.13; Lc 6.4), e de acordo com a Lei, os dízimos deveriam ser entregues aos sacerdotes e levitas constituídos para o ministério do culto (Nm 18.21-32; Dt 26.12; Ne 10.37; Hb 7.5). Por fim, o apóstolo apoia esta prática sob o ensinamento de Moisés (1Co 9.9; Dt 25.4) e do próprio Senhor Jesus (Mt 10.9,10).
 
2. O missionário necessita do sustento da igreja local.
Ensinando aos coríntios Paulo disse que ninguém deve trabalhar, ou militar, “à sua própria custa” (1Co 9.7). Ao invocar o exemplo do ministério sacerdotal conclui: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (1Co 9.14). Na realidade, desde o AT e através do Novo Testamento, a mensagem é a mesma: “digno é o obreiro do seu salário” (1Tm 5.18). Edison Queiroz, citando uma pesquisa sobre a obra missionária no Brasil, afirma que uma das maiores causas do retorno antecipado de missionários é a “falta de sustento financeiro” (QUEIROZ, 1998, p. 145). Segundo o autor, a igreja local precisa ter em mente que a obra missionária deveria ocupar o primeiro lugar na lista de prioridades da igreja (1Co 8.1-7). Jesus ensinou que: “aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho” (Lc 10.7; 1Tm 5.18) e Paulo reforçou esta verdade (1Co 9.14).
 
 
II. A IGREJA E O CUIDADO COM A VIDA E A FAMÍLIA DO MISSIONÁRIO
Em seu livro “Igreja Missionária, Igreja Cuidadora” Sérgio de Mello afirma que: “é preciso compreender que a palavra ‘cuidado’ precisa fazer parte do vocabulário missiológico de nossas comunidades e prática em nossa missiologia” (MELLO, 2014, p. 21). Notemos então, alguns aspectos dos cuidados da Igreja com os missionários:
 
1. É a Igreja que: identifica, capacita, envia e cuida dos missionários.
A consciência de responsabilidade da igreja para com o missionário é clara no NT (At 14.25-28; 16.1-8). Esse missionário é um ser humano como qualquer outro membro da igreja e por isso é carente de cuidados e atenção, como afirma Bárbara Burns na obra “Perspectivas do Cuidado Missionário”, asseverando que: “o envolvimento dos responsáveis pelo envio de missionários ao campo, precisa ser de forma prática e concreta para que seja garantido sempre o bem-estar dos mesmos” (BURNS, 2011, p. 18). Nesse processo, a Igreja tem a incumbência de cuidar de seus missionários e de sua família por meio de preparo adequado antes, e através das devidas assistências durante e após toda a sua vivência missionária: “Assim como líderes de igreja não são produzidos por um instituto bíblico ou seminário, missionários não são produzidos por uma agência missionária ou centro de treinamento. Eles são produzidos primeiro por suas igrejas locais, que treinam e discipulam, reconhecem seu chamado e os testam como indivíduos e como futuros líderes e missionários. [...] uma vez no campo, os missionários precisam receber a supervisão apropriada de seu trabalho, e precisam ser pastoreados pelo pastor de sua igreja local [...]” (GIRÓN, 1998, pp. 39-40). Temos os exemplos de Paulo, Timóteo, Epafrodito, Tíquico e Barnabé – que tanto foram enviados, quanto devidamente assistidos pela igreja primitiva” (At 16.4; 2Co 11.8,9; Fp 4.10-14).

2. A igreja precisa cuidar do bem-estar dos missionários.
Podemos ver a preocupação e o cuidado constante da igreja com o missionário (Fp 1.3-11). Em Antioquia também havia uma igreja com consciência missionária (At 11.19-26). Apesar de parecer uma tarefa simples, é um trabalho que se mostra cheio de percalços devido às várias faces das dificuldades que o missionário e sua família podem enfrentar, principalmente em uma cultura diferente, como adaptações com a língua, alimentação, doenças, questões teológicas, entre outras: “todas as dificuldades enfrentadas pelos missionários, são também responsabilidade da sua igreja como enviadora” (QUEIROZ, 1998, pp. 144-145). Os benefícios alcançam a todos sem exceção, sejam os próprios missionários transculturais ou mesmo filhos e familiares, o que implica em um processo contínuo do início até o final da vida do missionário (At 17.14,15). “O cuidado missionário é um investimento contínuo de recursos pelas igrejas e focaliza-se em cada um que está nas missões e faz assim durante todo o curso do ciclo vital do missionário, ou seja, do recrutamento até a aposentadoria” (O’DONNELL, 2004, p.17). Outro aspecto igualmente importante em se tratando do papel da igreja em relação ao cuidado com seu missionário é desenvolvido por Dr. João Marcos Cardoso, psicólogo e membro do Cuidado Integral do Missionário (CIM) e da Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB), que defende que: “O missionário vai para o seu campo transcultural e à igreja cabe o papel de cuidar da vida desse ser humano” (SOUZA, 2011, p. 38).
 
 
III. A IGREJA E O CUIDADO COM O MISSIONÁRIO EM SUA CHEGADA AO CAMPO MISSIONÁRIO
“O Espírito Santo e missão são termos inseparáveis, porque a Igreja é a comunidade das pessoas nascidas de novo pelo Espírito Santo, ela é a comunidade missionária” (SILVA, 2002, p. 11). Atos 13.1-4 é uma passagem crucial para compreender o papel da igreja local em missões. Deus é o agente supremo no envio de missionários (At 13.2,4). O Espírito de Deus é o agente definitivo em chamar missionários e a Igreja local é o agente mediador no envio de missionários (At 13.3). Saulo e Barnabé foram separados pela igreja em Antioquia e isso trouxe aquela igreja responsabilidades quanto a vida destes missionários.
 
1. A chegada do missionário e sua família ao campo de trabalho é sempre um misto de sentimentos por parte de todos os envolvidos no processo.
Cada mudança tem suas particularidades e histórias que podem ser incentivos positivos ou negativos de acordo com cada experiência em particular e, segundo Mello, “qualquer alteração de nossa rotina ou da agenda em nossa vida pode gerar conflitos, dificuldades, dúvidas, ansiedades e, com certeza exigirá adaptação” (MELLO, 2014, p. 65). Grande parte dos possíveis problemas que os missionários vão enfrentar na sua caminhada, estão concentrados nessa fase de envio, início e adaptação no campo. “Se não forem devidamente acompanhados e instruídos em todas as etapas iniciais dessa caminhada, os missionários podem ter diversos problemas, colocando em risco todo o projeto” (SOUZA, 2011, p. 33). Mesmo apesar de ter se preparado com estudos adequados (teológico e missiológico), às vezes até com treinamento a respeito, as diferenças culturais em sua essência, só serão devidamente descobertas a partir da convivência diária, isso é o que considera: “quando essas diferenças tocam em nossa pele ou batem à nossa porta, revestem-se de significado diferente e assumem um peso que jamais poderíamos imaginar. O missionário precisa ter uma fonte de refúgio para tais impactos” (MELLO, 2014, p. 68).
 
 
IV. A IGREJA E O CUIDADO COM O MISSIONÁRIO EM SEU RETORNO DO CAMPO MISSIONÁRIO
1. O cuidado emocional com o missionário e sua família no retorno do campo.
Lucas fala sobre a recepção alegre e honrada da igreja para com os missionários (At 20.1-6), e Paulo comenta a importância de a igreja local comunicar a necessidade dos missionários (Rm 12.13). O retorno do missionário e sua família de um campo transcultural pode acontecer por vários motivos como por exemplo, férias, período de descanso, treinamento e até mesmo por conflitos ou não adaptação às questões culturais. “Todo esforço no sentido de minimizar os impactos decorrentes desse retorno é válido, pois se o missionário quando saiu para o campo teve problemas com o choque cultural, o oposto também tende a ser uma realidade com a qual ele e sua família terão que lidar, é o chamado choque reverso” (PRADO, 2000, p. 90). Essa etapa na vida dos missionários requer muita atenção e cuidado, pois é exatamente nesse período que ocorrem os maiores transtornos psicológicos para aqueles que estão de volta à sua antiga cultura (Fp 1.3-5). Algumas atitudes podem trazer resultados realmente relevantes, como os assinalados por Neal Pirolo em seu livro “A Missão de Enviar Hoje”: “Apanha-los no aeroporto como sinal de boas-vindas; ter um lugar já preparado para eles ficarem; ter um meio de transporte imediato para eles; fornecer refeições nos primeiros dias; levá-los para fazer compras; lembrar de seus filhos” (PIROLO, 2012, pp. 198-200). “Se há algo tão importante para a saúde emocional do missionário, quanto seu relacionamento com Deus, é um grupo de amigos e familiares que se importem com ele e sua família” (MELLO, 2014, p. 93). A igreja sempre cuidou dos seus missionários (2Co 8.1-7).
 
2. O cuidado da saúde do missionário e sua família no retorno do campo.
A saúde é seguramente um aspecto de fundamental importância para o desenvolvimento de um trabalho relevante por parte dos missionários. Paulo testificou do grande cuidado da igreja da Galácia para com ele neste momento de enfermidade (Gl 4.12-15). É importante ressaltar que a saúde não se restringe à área física, mas mental e social também. Fábio Ikedo no livro “Perspectivas do Cuidado Missionário” cita uma definição da Organização Mundial da Saúde de 1948 em que “saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença. […], inclui o bem-estar em aspectos que vão além da saúde física” (IKEDO, 2011, p. 105). A Bíblia relata a longa caminhada de Lucas, o médico, com Paulo em suas viagens missionárias (At 14.19-22). “Esse episódio é uma prova do cuidado da Igreja de Listra para com Paulo, enviando Lucas” (MELLO, 2014, p. 36).
 
 
CONCLUSÃO
Nesta lição fomos estimulados a conhecer as necessidades dos missionários. Podemos fazer muita diferença na vida deles e de suas respectivas famílias. Se o nosso coração estiver em missões, nossos joelhos estarão dobrados, nosso testemunho alcançará pessoas e nossas finanças investirão no que é eterno (Mt 6.19-21). Por isso, Deus deseja que seu povo se comprometa e assuma a responsabilidade com os missionários que servem no campo.
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  GIRÓN, Rodolfo Rudy. Um modelo integrado de missões.
Ø  In TAYLOR, William D. (org). Valioso Demais Para que se Perca. Londrina: Descoberta.
Ø  IKEDO, Fábio. Saúde Física do Missionário: Prevenção e Cuidado. Betel Publicações.
Ø  MELLO, S. S. Victalino de. Igreja missionária, Igreja cuidadora: ajudando na tarefa de cuidar integralmente dos comissionados. Recife: Ed. Do Autor.
Ø  O’DONNELL, Kelly. Cuidado Integral do Missionário. Londrina: Descoberta.
Ø  PIROLO, Neal. A missão de enviar hoje. Curitiba: Editora Jocum Brasil.
Ø  PRADO, Oswaldo. Do Chamado ao Campo. São Paulo: Sepal.
Ø  SOUZA, Joed Venturini de. Antes do Ide: O que você precisa saber antes de ir para o campo missionário. Rio de Janeiro: JUERP.
Ø  SILVA, Eder Jose de Melo. O espiritualismo e a missão da igreja. Londrina: Descoberta.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.

 


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