sábado, 25 de novembro de 2023

LIÇÃO 09 – A IGREJA E O SUSTENTO MISSIONÁRIO

 
 
 
 
 
Fp 4.10-20
 
 
 
INTRODUÇÃO
Na lição desta semana aprenderemos com a igreja de Filipo, o significado prático das palavras resignação, altruísmo, amor, sensibilidade e consciência missionária. Esta igreja por seu testemunho, demonstrou ser o modelo de uma igreja que compreendeu a sua missão missionária, não apenas na comunicação do evangelho, mas, sobretudo, na prontidão em prover o sustento necessário do apóstolo Paulo em sua missão, ainda que servindo em outra cidade. Com a igreja de Filipo refletiremos sobre o verdadeiro modelo bíblico de provisão missionária.
 
 
I. INFORMAÇÕES SOBRE A CIDADE DE FILIPOS
Originalmente conhecida como Krenides “As pequenas fontes” devido ao grande número de fontes que havia em seus arredores, Filipos “cidade de Filipe” recebeu o seu nome de Filipe II da Macedônia (o pai de Alexandre, o Grande) em 360 a.C. Atraído pelas minas de ouro que havia no local, Filipe conquistou a região no século IV a.C. No século II a.C., Filipos tornou-se parte da província da Macedônia. Lucas nos mostra à cidade de Filipos como a “...primeira cidade desta parte da Macedônia, e é uma colônia...” (At 16.12), o que nos deixa claro que era cidade de grande importância política. Como colônia romana, Filipos tinha autonomia do governo provincial e os mesmos direitos que tinham as cidades na Itália, incluindo o uso da lei romana, isenção de alguns impostos e cidadania romana para seus habitantes (At 16.21). Os filipenses tinham muito orgulho dos seus privilégios de cidadãos romanos e eram fiéis a Roma, algo que Paulo usou como ilustração em Fp 3.20. As mulheres na província da Macedônia, eram tratadas com respeito. Como se vê na epístola (Fp 4.2-3), elas eram ativas na vida pública.
 
 
II. FILIPENSES: UMA IGREJA MISSIONÁRIA
A igreja filipense foi fundada no ano de 50 ou 51, mais ou menos uma década antes de a epístola ser escrita, durante a segunda viagem missionária de Paulo (At 16.12-40). Paulo e Silas chegaram em Filipos e, aparentemente, não encontraram uma sinagoga judaica. Havia, porém, um lugar de oração à margem do rio, onde algumas mulheres reuniam-se no sábado para orar. Uma dessas mulheres, Lídia, creu na mensagem do evangelho que Paulo pregava. Como resultado da sua gratidão para com Deus e para com os missionários, Lídia abriu sua casa para eles. Pelo ministério de Paulo e Silas, muitos tornaram-se cristãos em Filipos, e uma igreja foi fundada ali (ver At 16).
 
1. Uma igreja que sofria com o seu pastor.
As palavras do apóstolo mostram-nos que suas aflições também eram as da igreja em Filipos: “Todavia fizestes bem em tomar parte na minha aflição” (Fp 4.14). A expressão “tomar parte” no grego sunkoinoneo, que quer dizer “associar-se com”, “compartilhar”, “ser sócio em”, deixa evidente que, os cristãos filipenses sentiam comunhão com Paulo, em uma aflição comum. Sentiam a tensão da situação do apóstolo e fizeram o que estava ao alcance deles, como se eles mesmo estivessem sendo afligidos, pois como Corpo de Cristo, quando um membro sofre, todos sofrem igualmente (I Co 12.26).
 
2. Uma igreja que sustentava o seu pastor.
Paulo com gratidão relembra o apoio que os crentes filipenses lhe concederam, e isto mais de uma vez (Fp 4.15,16). E agora, aprisionado em Roma, observamos que a preocupação dos crentes de Filipos com Paulo, não se resumiu a estar ciente de suas aflições, nem apenas em orar pelo apóstolo, mas principalmente em obras, enviando-lhe uma oferta para sustentar o seu pastor a fim de aliviar o seu sofrimento (Fp 4.18). “Naquela época, as prisões não eram como as de nossos dias. Os presos eram responsáveis por seu próprio sustento dentro das prisões. Aqueles que não tivessem o apoio de familiares e amigos estavam sujeitos a morrer de fome ou por enfermidades, pois os cuidados médicos também não eram fornecidos” (BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, 2009).
 
3. Uma igreja que conhecia profundamente a graça da contribuição para o sustento missionário.
Embora Paulo abrisse mão do sustento que deveria receber da igreja por “direito” em Corinto (1Co 9.6), Ele lembra, a esta igreja, que outras igrejas lhe sustentaram para que ele pudesse abrir mão do sustento naquela cidade (2Co 11.8,9) reafirmando a doutrina da responsabilidade da igreja em prover o sustento dos obreiros que vivem exclusivamente para a obra (1Co 9.6-12; Gl 6.6; 1 Tm 5.18). Paulo cita o exemplo do agricultor que é o primeiro que experimenta dos frutos, e do criador de gado que se alimenta do seu leite (I Co 9.7). Na visão paulina não é diferente no âmbito espiritual, pois o sacerdote da antiga aliança que ministrava no altar dele também se alimentava (I Co 9.13; Lc 6.4), e de acordo com a Lei, os dízimos deveriam ser entregues aos sacerdotes e levitas constituídos para o ministério do culto (Nm 18.21-32). Por fim, o apóstolo apoia esta prática sob o ensinamento de Moisés (1Co 9.9; Dt 25.4) e também do próprio Senhor Jesus (I Co 9.14; Mt 10.9,10). A igreja filipense compreendia a importância da manutenção do sustento missionário, como uma oportunidade de adoração, serviço e amor para com o seu pastor (Fp 4.15-18).
 
4. Uma igreja consciente de seu papel missionário no reino.
A igreja em Filipos era dotada de uma profunda consciência no que dizia respeito ao sustento dos obreiros. Quando o evangelho começou a avançar na Macedônia e adjacências, foram esses crentes que proveram as necessidades do apóstolo Paulo (Fp 4.15); depois, quando estava em Tessalônica, por duas vezes foi ajudado pelos filipenses (Fp 4.16). Quando escreveu a epístola, Paulo agradeceu novamente por mais uma ajuda a ele enviada (Fp 4.10). Muito diferente da consciência dos filipenses, era a dos crentes de Corinto. Alguns deles chegavam a duvidar do apostolado de Paulo e se esqueciam de que fora ele quem fundara aquela igreja (1Co 9.1). Paulo teve ainda que justificar o direito que ele tinha como apóstolo, de ser sustentado pela igreja (1Co 9.2-10), como já acima citado.
 
 
III. A OFERTA DA IGREJA DE FILIPOS PARA PAULO
Já vimos que, embora o apóstolo Paulo tivesse o direito de receber sustento das igrejas que fundava, ele não exigia, mas quando estas lhe ofertavam voluntariamente, ele também não recusava, porque via essa contribuição sob uma ótica espiritual “Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta” (Fp 4.17). Como podemos ver, Paulo não queria deixar a impressão de que cobiçava a ajuda financeira deles “Não que procure dádivas”. Ele não cobiçava o dinheiro de quem quer que fosse (At 20.33). Mas, o que realmente desejava era o que seria lançado no crédito celestial dos cristãos filipenses por sua generosidade procuro o fruto que cresça para a vossa conta”. Na concepção paulina, os filipenses estavam, de fato, armazenando para si mesmos tesouros no céu (Mt 6.20), pois as ofertas que eles deram para Paulo estavam acumulando dividendos para crédito espiritual deles (Pv 11.24,25; Lc 6.38; 2Co 9.6).
 
1. “Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância” (Fp 4.18a).
Os termos “bastante”, “abundância” e “cheio” usados pelo apóstolo neste versículo nos mostram que a oferta enviada pelos cristãos filipenses foi generosa e o suficiente para suprir as suas necessidades por um bom tempo. Isto nos conduz a lição de como devemos contribuir na obra de Deus “E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará” (2Co 9.6).
 
2. “Cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado” (Fp 4.18b).
Como podemos ver, o obreiro Epafrodito obteve êxito em sua missão, levando para o apóstolo a provisão enviada pelos cristãos filipenses. Mesmo tendo adoecido, ou no percurso da ida a Roma ou na chegada, esse nobre cooperador fez todo o possível por Paulo, demonstrando assim o que os próprios filipenses desejavam fazer (Fp 2.26-30).
 
3. “Como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus” (Fp 4.18c).
Ao contrário do que pensavam alguns, que Paulo não desfrutava do direito de ser sustentado pela igreja por orgulho, ele demonstra em suas palavras o quanto se sentiu feliz com a provisão enviada pelos cristãos de Filipos, recebendo essa oferta como um sacrifício espiritual que agradou a Deus “sacrifício agradável e aprazível a Deus”. Paulo chega a comparar essa contribuição a oferta que era oferecida no AT, que não era uma oferta pelo pecado, mas sim uma oferta de paz em caráter de ação de graças (Lv 7.12-15). Esta nobre atitude dos filipenses deve ser reproduzida por todos aqueles que abraçam a fé em Cristo (Rm 12.1; 1Pe 2.5).
 
 
IV. CONTRIBUIÇÃO MISSIONÁRIA: UMA GRAÇA ABENÇOADORA
Pelas palavras do apóstolo em (Fp 4.10-20), percebemos que não foi a oferta em si enviada pela igreja de Filipos que chamou a sua atenção, mas as nobres virtudes que impulsionaram esta comunidade cristã a tomar esta atitude. Aqueles crentes filipenses, na concepção paulina, haviam demonstrado a regra da preocupação fraternal, a lei do amor, o princípio que rege a família de Deus (Rm 12.10; 1Pe 1.22). A missiva enviada aos filipenses é também uma “carta de agradecimento” em retribuição ao gesto daqueles cristãos.
 
1. “O meu Deus, segundo as suas riquezas” (Fp 4.19a).
Para Paulo competia agradecer a generosidade dos cristãos filipenses o que ele fez de forma destacável (Fp 4.14-18). No entanto, o apóstolo estava por causa da prisão e de suas condições, impedido de recompensá-los por seu feito, mas o Senhor de Paulo poderia pagá-los “segundo as suas riquezas”. Por certo, aquela comunidade cristã de Filipos ofertara ao apóstolo o que pudera, pois também tinham limitações. Paulo, sabedor disto, lhes diz que Deus não tem estas limitações, porque é dono de tudo (1Cr 29.14; Sl 24.1).
 
2. “Suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (Fp 4.19b).
O apóstolo garante aos crentes filipenses a atitude deles em seu benefício seria recompensada por Deus, que iria supri-los nas suas necessidades. A expressão suprir, no grego é “epichoregeõ” que quer dizer “fornecer completamente, prover abundantemente”. Esta provisão “em glória” indica tanto um salário PRESENTE “de maneira gloriosa”, quanto ESCATOLOGICAMENTE, “no glorioso século futuro”, no Tribunal de Cristo, que ocorrerá logo após o arrebatamento da Igreja, onde cada crente receberá suas recompensas e galardões segundo o seu envolvimento, trabalho e esforço na proclamação do Evangelho e na expansão do Reino de Deus (1Co 3.11-15; 2Co 5.10).
 
 
CONCLUSÃO
Concluímos que os dízimos e ofertas constituem-se no método divino de provisão e sustento dos missionários que são enviados, pela igreja local, às missões transculturais. É da igreja a responsabilidade da contribuição e suporte àqueles que se ofertando a Deus como sacrifício, renunciam a sua zona de conforto a fim de atender o chamado divino. Portanto, como igreja de Cristo, precisamos continuar Orando, Fazendo e Contribuindo por missões, a fim de cumprirmos com a Grande Comissão.
   
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Ø  CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø  CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
Ø  GOHEEN, Michael W. A igreja missional na Bíblia, luz para as nações. VIDA NOVA.
Ø  MACARTHUR. Bíblia de Estudo. SBB.
Ø  Dockery. David S. Manual Bíblico Vida Nova. VIDA NOVA.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  

 
Por Rede Brasil de Comunicação.
 



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