quarta-feira, 11 de abril de 2012

LIÇÃO 02 - A VISÃO DO CRISTO GLORIFICADO

                                                     Ap. 1.9-18

INTRODUÇÃO
Durante a sua vida, o apóstolo João contemplou ao Senhor Jesus de diversas maneiras. Ele O viu como homem, às margens do mar da Galileia, quando foi chamado para segui-LO (Jo 4. 21,22); também revestido de glória, quando Ele transfigurou-se (Mt 17.1,2); viu a Jesus como o cordeiro de Deus, quando Ele foi crucificado (Jo 19.26); e da mesma forma a Cristo depois que Ele ressuscitou (Jo 20.19-26); e quando Ele foi e ascendeu ao céu (At 1.9-11). Porém, uma das experiências mais gloriosas de João foi a visão do Cristo Glorificado, registrada no primeiro capítulo do livro do Apocalipse. No entanto, antes de explicar sobre esta maravilhosa experiência do apóstolo João na ilha de Patmos, estudaremos, embora resumidamente, sobre a encarnação, morte, ressurreição e ascensão do Senhor Jesus Cristo.


I - A PESSOA E OBRA DE DE CRISTO
As Escrituras afirmam que Deus criou o homem reto (Ec 7.29), pois, ele foi criado à imagem e semelhança do próprio Deus (Gn 1.26,27). Porém, por causa do pecado (Gn 3.1-24) todos os homens tornaram-se destituídos da glória de Deus (Rm 3.23), marchando para a perdição eterna (Rm 2.5). Por isso, foi necessário que Jesus, o Filho de Deus, se humanizasse para aniquilar o pecado pelo seu próprio sacrifício (Hb 9.28; I Pe 2.24). Vejamos, então como se deu a encarnação, morte, ressurreição e ascensão de Jesus.

1.1. A Encarnação de Cristo. O apóstolo João inicia o evangelho falando acerca da eternidade de Cristo, o Verbo de Deus (Jo 1.1-3). Porém, no versículo 14 ele diz: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós…” o que significa dizer que Cristo, o Deus eterno (Rm 9.5), tornou-se humano (Fp 2.5-9). Foi por meio desse milagre que Deus introduziu no mundo o Primogênito (Hb 1.6); que fez com que Jesus viesse ao mundo em semelhança de carne (Rm 8.3). A encarnação deu a Jesus condições de ser o Mediador entre Deus e os homens (I Tm 2.5) e ser o fiel sumo sacerdote, para expiar os pecados do povo (Hb 2.17).

1.2. A morte de Cristo. Durante Seu ministério, Jesus fez muitos milagres: Ele curou enfermos (Mt 8.16,17; 9.35; At 10.38); ressuscitou mortos (Lc 7.11-16; Jo 11.41-45); acalmou tempestades (Mt 8.24-26); multiplicou pães e peixes (Mt 14.13-20) e operou muitos outros sinais e maravilhas. Porém, uma das maiores e mais importantes obras realizadas por Ele foi a Sua morte na cruz do Calvário. Assim como o cordeiro pascoal no Egito foi degolado em favor dos hebreus (Ex 12.13,23), assim também Cristo, nosso “Cordeiro Pascoal” (I Co 5.7) foi sacrificado por nós (I Pe 3.18). Ele morreu como nosso substituto (Rm 5.6-8; 8.32; Gl 2.20; 3.13; Ef 5.25; I Ts 5.10; I Tm 2.6; Tt 2.14).

1.3. A Ressurreição de Cristo. A ressurreição física e corporal do Senhor Jesus Cristo é o fundamento inabalável do Evangelho e da nossa fé (I Co 15.13-23) e é também o milagre mais significativo das Escrituras, pois dela dependem todas as promessas para os crentes, bem como a esperança da vida eterna (I Co 15). De acordo com as Escrituras, a ressurreição de Cristo é uma Doutrina Fundamental do Cristianismo, pois, como diz o apóstolo Paulo, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e a nossa fé (1 Co 15. 14); os apóstolos são falsas testemunhas (1 Co 15.15); nós permanecemos em nossos pecados (1 Co 15.17); os que dormiram em Cristo estão perdidos (1 Co 15.18); e os cristãos são os mais miseráveis de todos os homens (1 Co 15.19). Por isso, a ressurreição de Cristo é uma doutrina fundamental do Cristianismo (I Co15.4; II Tm 2.8).

1.4. A Ascensão de Cristo. Durante o Seu ministério, o Senhor Jesus falou diversas vezes sobre a sua ascensão, e que se assentaria à direita de Deus (Mc 14.62; Jo 6.62; 7.33; 13.33; 14.28; 16.5; 17.11). E, quarenta dias após a Sua ressurreição (At 1.3), à vista de seus discípulos (Mc 16.19; Lc 24.51), Ele subiu aos céus numa nuvem (Lc 24.51) e foi recebido em cima (At 1.3) como o Rei da glória (Sl 24.7-10). Ao retornar ao céu, Ele foi coroado de honra e de glória (Hb 2.7) e foi exaltado soberanamente (Fp 2.9), e encontra-se à destra do Pai a interceder por nós (Rm 8.34; Hb 7.25).


II - A VISÃO DO CRISTO GLORIFICADO
A palavra para Glória no grego é “Doxa” que é aplicada para descrever a natureza de Deus em sua automanifestação, ou seja, o que Ele essencialmente é e faz (Jo 17.5,24; Ef 1.6,12,14; Hb 1.3; Rm 6.4; Cl 1.11; 1Pe 1.17; 5.1; Ap 21.11). Já a palavra grega “Doxazõ” significa magnificar, engrandecer, atribuir honra, exaltar. (Mt 5.16; 9.8; 15.31; Rm 15.6,9; Gl 1.24; 1Pe 4.16). A visão do Cristo glorificado ocorreu quando João estava exilado na ilha de Patmos, por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo (Ap 1.9). João diz que foi arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouviu uma voz, como de trombeta, que lhe disse que escrevesse em num livro o que visse, e enviasse às sete igrejas da Ásia. Quando João virou-se para ver quem lhe falava, ele viu sete castiçais de ouro, e, no meio dos sete castiçais, um ser semelhante ao Filho do Homem (Ap 1.10-13). Vejamos, então a descrição joanina do Cristo glorificado e seu significado:

2.1 Ele estava vestido até aos pés de uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro (Ap 1.13). A veste comprida de Cristo era uma vestimenta usada exclusivamente pelos sacerdotes e juízes no desempenho de duas funções. Isto aponta para a dupla função do Filho de Deus, como juiz e sacerdote (2 Tm 4.8; Hb 3.1). O cinto de ouro cingido a altura do peito era também usado pelo sacerdote quando este ministrava no santuário (Ex 28.8,27; 39.5,20).

2.2. Sua cabeça e cabelos eram brancos como a lã e como a neve (Ap 1.14). Certamente a cor dos cabelos de Cristo não significa velhice, pois ele morreu aos 33 anos de idade, e depois ressuscitou em um corpo glorioso e incorruptível, que não envelhece. Assim, a cor branca dos seus cabelos aponta para a sua divindade, santidade e eternidade (Dn 7.9).

2.3. Seus olhos eram como chamas de fogo (Ap 1.14). Os olhos como chamas de fogo fala da onisciência de Cristo, que tudo vê, conhece e perscruta. Diante dEle todas as coisas são nuas e patentes (Hb 4.13). Por isso, nas sete cartas às Igrejas da Ásia, Ele disse: “Eu sei as tuas obras” (Ap 2.2,9,13,19; 3.1,8,15).

2.4. Seus pés eram como latão reluzente, como se tivesse sido refinado numa fornalha (Ap 1.15). Na simbologia profética, os pés como latão reluzente tem dois sentidos. 1º) Fala do sofrimento de Cristo, pois Ele passou pela fornalha do sofrimento, e foi provado no fogo do juízo de Deus, sofrendo até a morte em lugar do pecador (Lc 22.44; Hb 5.7); 2º) Fala do seu poder para julgar. Ele mesmo disse: “É-me dado todo o poder no céu e na terra…” (Mt 28.18); e, o apóstolo Paulo disse: “Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés” (1 Co 15.25).

2.5. Sua voz era como a voz de muitas águas (Ap 1.15). Isso fala do poder irresistível de Sua Palavra e de Sua autoridade. A voz de Cristo é poderosa, infalível e determinante. Isto fica bem claro nas cartas às igrejas de Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia, onde Cristo demonstra a Sua autoridade para elogiar, exortar, repreender, advertir; bem como em fazer promessas aos vencedores, e ninguém pode questionar ou contestar (Ap 2.1-3.22).

2.6. Na Sua mão havia sete estrelas (Ap 1.16). As sete estrelas na mão direita do Senhor são os “sete anjos”, ou seja, os pastores das sete igrejas da Ásia Menor (Ap 1.20). Isso mostra o seu cuidado com a liderança da Igreja. Estar nas mãos de Cristo significa estar guardado e protegido (Jo 10:28).

2.7. Da Sua boca saía uma espada de dois fios (Ap 1.16). A espada de dois fios representa a Palavra de juízo que sai de Sua boca. A espada é a única arma de guerra usada pelo Cristo conquistador, conforme (Ap 19.5). No livro do Apocalipse, Cristo não é apresentado como réu, como nos Evangelhos, e sim, como juiz (Ap 14.7; 15.4; 18.10; 19.2).

2.8. Seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece (Ap 1.16). A visão de João agora não é mais de um Cristo servo, perseguido, preso, esbofeteado, com o rosto cuspido; mas, do Cristo cheio de glória. Observe que as igrejas são castiçais; seus ministros são estrelas (Ap 1.20); mas o brilho do rosto de Cristo é como o sol, que supera o brilho dos candeeiros e das estrelas. Quando João viu a Cristo glorificado, caiu a seus pés como morto (Ap 1.17). Mas, o Senhor Jesus tinha uma palavra de ânimo para ele: “Não temas; Eu sou o Primeiro e o Último” (Ap 1.17). Com estas palavras, o Senhor Jesus não apenas lembrou a João que Ele estava vivo, mas também estava com ele em meio ao sofrimento. E não apenas isto. João ainda tinha uma missão a realizar antes de sua morte: “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer” (Ap 1.19). João o apóstolo da revelação do final dos tempos, contemplou o Cristo Eterno (Ap. 1.17), Ressuscitado (Ap. 1.18-a) e Triunfante (Ap. 1.18-b) e o revelou as sete igrejas da Ásia. E hoje, a igreja de Cristo também é advertida, instruída e confortada com esta belíssima mensagem do Senhor!


CONCLUSÃO
Após a Sua ressurreição, o Senhor Jesus disse acerca do apóstolo João: “… eu quero que ele fique até que eu venha” (Jo 21.22). Muitos cristãos chegaram a pensar que João não morreria. No entanto, esta promessa do Senhor Jesus dizia respeito, exatamente, a Sua aparição a João na ilha de Patmos. Segundo os historiadores, esta gloriosa experiência ocorreu por volta do ano 90-96 d.C., quando os demais apóstolos já haviam morrido. No entanto, a promessa de Jesus à João estava firme: “… eu quero que ele fique até que eu venha”. E, naquela ilha, exilado e solitário, o Senhor Jesus apareceu a ele para lhe dar uma das mais gloriosas experiências de sua vida. Esta experiência foi registrada nas páginas da Bíblia, não apenas para que saibamos o que João viu, mas também, para alimentar a nossa esperança de um dia também ver o Cristo ressurreto.


                                                                                         Por Rede Brasil de Comunicação


REFERÊNCIAS
  • BÍBLIA de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.
  • ANDRADE, Claudionor de. Os Sete castiçais de ouro. CPAD.
  • BERGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
  • LOPES, Hernandes Dias. Estudos no livro de Apocalipse. Hagnos.
  • SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse, versículo por versículo. CPAD.
  • VINE, W. E. Dicionário. Vine: o significado exegético e expositivo das palavras do AT e NT. CPAD.



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